Último Capítulo de “Sansão e Dalila” (02 de fevereiro de 2011)
“ATENDA
A MINHA SÚPLICA… E ME DÊ FORÇAS, PELA ÚLTIMA VEZ”
No
penúltimo capítulo da minissérie, Dalila descobriu o segredo da força de Sansão
e já estava decidida a traí-lo em troca de muita riqueza. Mas será que ela é
tão vilã assim como a sociedade patriarcal e a religião sempre pintaram
a personagem ao longo do tempo? Sabemos muito pouco de Dalila na bíblia, tudo o
que temos a respeito dela é praticamente que ela foi a mulher que seduziu e
manipulou Sansão para descobrir como ele possuía uma força tão incomum. Porém,
vamos refletir sobre alguns pontos: Dalila era uma filisteia, seu povo era
inimigo dos hebreus, logo, naturalmente, ela também poderia enxergar da mesma
forma, não? Então, por que ela não aceitaria ajudar os filisteus a derrotarem
um homem que estava dando o maior trabalho para eles, ainda mais recebendo muito
por isso? Quem, num contexto como esse, não seria capaz de fazer o mesmo?
Depois,
Dalila era mulher, numa época em que mulheres filisteias também estavam
inseridas num contexto patriarcal. Portanto, a única maneira de se dar bem era
garantindo uma independência através de muita riqueza, chance que ela teve
quando recebeu 1100 peças de prata de cada líder filisteu para seduzir, manipular
e descobrir o segredo da força de Sansão. Logo, pode ser que não haja certo ou
errado nessa história de traição. Dalila precisava pensar nela, em seu futuro
como mulher num mundo dominado por homens. São muitas camadas, muitas reflexões.
Ela poderia ter traído Sansão por lealdade ao seu povo, interesse próprio ou
até mesmo por uma questão de sobrevivência… ou tudo isso junto. O fato é que
ela foi esperta e inteligente, e aproveitou a oportunidade que os líderes de
seu povo lhe proporcionaram.
Eu
adoro essa minissérie justamente porque Gustavo Reiz, o autor, não pinta Dalila
como uma vilã manipuladora, ele criou um filler maravilhoso para a
personagem e humanizando Dalila. Na história de Reiz, Dalila também nutre um certo
sentimento por Sansão, mas isso é algo que não podemos saber com exatidão. Não
temos esse relato na bíblia, por exemplo, e nem em outro lugar que comprove. Logo,
não sabemos se ela foi apaixonada pelo guerreiro hebreu ou não. Nesse último
capítulo, após ter descoberto o segredo de Sansão, Dalila ajuda os soldados
filisteus a cortarem os cabelos do guerreiro enquanto ele dorme. Então, em
seguida, ela acorda ele, dizendo que os filisteus estão vindo. Assim,
Sansão desperta despreocupado, afinal de contas, ele já havia vencido os
soldados algumas vezes, mas desta vez seria diferente.
Sansão
se dá conta de que seus cabelos foram cortados e os soldados conseguem capturá-lo
após ele tentar lutar e fracassar. Ele já não tem mais forças. Percebendo que
Dalila tem a ver com tudo aquilo, ele se decepciona com sua paixão, e ela demonstra
lamentar por ter agido de maneira traidora. Sansão tinha uma aliança com Deus através
do voto de nazireu. Ele era escolhido e separado por Deus desde o ventre de sua
mão como parte de um plano do Altíssimo para libertar o povo de Israel dos
filisteus, e o voto consistia em não cortar seus cabelos, além de não consumir algo
derivado da uva e tocar em cadáveres. Porém, agora, esse voto e essa aliança
estavam quebrados. Dalila o havia traído, mas Sansão traiu primeiro quando
desobedeceu a Deus ao confiar seu segredo a uma mulher do povo inimigo.
Capturado
pelos filisteus, Sansão é humilhado por Inárus, que zomba e debocha de sua fé no
Deus do invisível e ainda fura seus olhos como punição por todas as afrontas
contra os filisteus. Assim, cego, ele é levado para a prisão em Gaza, para
viver como escravo, sendo açoitado, constantemente humilhado e tendo que
trabalhar no moinho. Inárus é cruel e monstruoso… se bem que, em épocas de
guerras, não havia como ser diferente com alguém do povo inimigo, e é assim que
o guerreiro hebreu passa o resto de seus dias. Dentro do palácio, Dalila é ovacionada
por ter ajudado os filisteus na captura de Sansão. Ela recebe o seu tesouro
pelo que fez, está rica e independente, mas não sente que isso seja uma vitória
e nem está feliz por ter conquistado sua independência às custas de uma traição.
Por
outro lado, Inárus, os demais líderes e o povo filisteu estão em festa pela
derrota do guerreiro hebreu, e, com isso, o príncipe de Gaza quer que Sansão
seja apagado da história para que nenhum de seus feitos seja lembrado, e, para
isso, ele pretende matar Sansão e todos os hebreus atacando as tribos. E quando
Inárus decide fazer uma festa para cultuar o deus Dagon, tendo Sansão como
atração principal, Sansão é tratado como ninguém e mais uma vez ridicularizado.
Ele até assusta os filisteus quando tenta romper as correntes que o prendem,
mas é zombado por todos por não conseguir. Sua vida não vale nada e os
filisteus não têm piedade dele. Porém, algo inesperado está para acontecer, e
um último pedido ao Deus do invisível colocará um fim a toda essa humilhação que
ele está sofrendo e a toda zombaria ao próprio Deus dos hebreus.
Enquanto
isso, em outras tramas, os hebreus sepultam o corpo de Zilá, lamentando a morte
da mãe de Sansão, uma mulher virtuosa, boa e temente a Deus. Jidafe, Jana e
Gadi estão próximos, ou é o que parece. E eu gostaria que Jidafe e Jana tivessem
se apaixonado e formado uma família com o órfão Gadi, teria sido bem legal. Héber
e Samara se casam, e ela logo fica grávida, não querendo ir embora da tribo quando
todos estão se preparando para partir por medo de um ataque filisteu… e é
exatamente isso que acontece. Samara tem um parto difícil enquanto a tribo é
atacada e os hebreus lutam contra os soldados filisteus, mas, felizmente, ela
consegue dar à luz e a tribo vence a luta, e o Jidafe é um destaque nessa
vitória.
No
palácio de Gaza, Myra e Yunet deixam de lado a rivalidade por Aron/Nora e
decidem ir embora com ele para longe dos conflitos entre filisteus e hebreus,
vivendo uma nova vida como um trisal apaixonado.
No
final do capítulo, Sansão tem consciência de que errou ao se deixar levar pela beleza
de uma mulher e revelar seu segredo. Ele pede perdão a Deus por ter quebrado
seu voto, e depois de conseguir ajuda para ser levado até duas colunas que
sustentam o palácio, ele tem um último pedido a Deus: que lhe dê forças uma última
vez, para morrer levando também os filisteus. Ele implora e Deus lhe concede.
Assim, acorrentado às colunas, ele as empurra com toda a força e as estruturas
do palácio começam a rachar enquanto os filisteus entram em pânico. Então, em
meio a um caos, o palácio desaba e todos morrem… Sansão, Inárus, Taís,
Dalila…todos. É o fim. Depois, os hebreus sepultam Sansão, o grande guerreiro
hebreu deles, o juiz da tribo de Dã, aquele em quem eles tanto depositaram sua confiança
em muitos momentos.
A
cena final é com Gadi e o Anjo Mensageiro, depois que a tribo sepulta Sansão e
Gadi está triste com a morte de seu líder. Então, triste, ele acha que os heróis
não deveriam morrer, mas o Anjo Mensageiro lhe fala sobre como os heróis
vieram para nos ensinar. Assim, quando o pequeno Gadi questiona se um
dia todos conhecerão a história de Sansão, o Anjo confirma que sim. “Sansão
e Dalila” é uma minissérie maravilhosa, que vai além de apenas relatos
bíblicos, trazendo mais humanidade para a história de personagens já conhecidos
de muitos. É uma trama envolvente e capaz de desenvolver bem uma história tão
breve e concisa na bíblia. É claro que estamos falando da criação de mais ficção
para que a trama não ficasse murcha ao se concentrar somente nos relatos
bíblicos, e Gustavo Reiz e sua equipe foram competentes na criação de tal
ficção.
É
uma minissérie que vale muito a pena assistir, você sendo religioso ou não. Uma
história que discute tentação, fraqueza humana, traição, erros, poder,
responsabilidades, arrependimento e redenção, entre outros temas. Eu adoro essa
obra.
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