Primeiro Capítulo de “Paraíso Tropical” (5 de março de 2007)

 

“Eu vou tirar esse sujeito do meu caminho de uma vez por todas, custe o que custar”

Há quem diga que “Paraíso Tropical” não foi um fenômeno de novela – e isso até que é uma verdade. A trama de Gilberto Braga em parceria com Ricardo Linhares, para o horário nobre da Globo, em 2007, pode não ter sido um estouro, mas também está longe de ser lembrada como um fiasco, e pode, sim, ser considerada uma novela de sucesso, mesmo não obtendo uma grande repercussão para a época. E eu estou muito feliz que a trama está de volta, porque de todas as novelas de Gilberto Braga que eu já acompanhei na vida, “Paraíso Tropical” é uma das minhas favoritas. E é claro que eu vou acompanhá-la mais uma vez, até porque a trama tem um dos casais de antagonistas mais queridos da nossa teledramaturgia: Bebel e Olavo, dois grandes personagens que roubaram a cena e que são lembrados com muita “CATIGURIA” até hoje.

Trazendo críticas sociais relevantes, uma grande marca de Gilberto Braga em suas novelas – Brasil, mostra tua cara –, “Paraiso Tropical” tem um início bem letárgico – e isso é um fato que fez o público não sentir tanto interesse assim pela história logo de cara. Mas com as maravilhosas manobras de Gilberto Braga e Ricardo Linhares, a novela reverteu o jogo e conquistou a atenção dos telespectadores em seu segundo mês de exibição, ganhando agilidade a partir do momento em que a protagonista Paula encontra sua gêmea má, Taís. Dali em diante, temos uma novela com grandes momentos que permanecem vivos em minha memória, junto ao texto incrível de Gilberto Braga e Ricardo Linhares. Sem dúvidas, é um novelão, sim. E eu estou pronto para reviver cada um desses momentos.

O capítulo de estreia começa numa vibe bem gostosinha, com uma cena na praia de Copacabana, principal cenário da novela, onde vários personagens se cruzam e circulam pelas areias enquanto aproveitam um belo dia de sol e mar – e tudo isso ao som de “Cabide”, da cantora e atriz Mart'nália. Adoro essa música! Ela é uma delicinha. À noite, vemos Jader agenciando garotas de programa no calçadão de Copacabana, e ele fatura com elas. Depois, temos a divertida Dona Iracema, a nova síndica do Copamar e defensora da moral e dos bons costumes, denunciando uma festinha no apartamento de Dolores. Então, a polícia faz uma batida e acaba com a festa, levando Dolores presa por cafetinagem. E as duas trocam ofensas hilárias em meio ao furdunço que se faz na frente do prédio pela presença da polícia.

Já no luxuoso Hotel Duvivier, do Grupo Cavalcanti, Olavo aproveita a ausência de Daniel para convencer o tio Antenor a fazer uma demissão em massa dos funcionários mais antigos. E o Duvivier está um caos com os burburinhos sobre as demissões, gerando medo entre os funcionários porque muitos não terão como se sustentar a família sem emprego. Logo, o objetivo de Olavo é demitir o quanto puder para terceirizar os serviços e fazer o Grupo Cavalcanti sair lucrando com o grande corte de funcionários. Em meio a tudo isso, conhecemos Marion Novaes, promoter falida, fútil, gananciosa e mãe de Olavo. E ela está praticamente se humilhando para que Olavo lhe consiga um convite para a grande festa de empresário do ano que será dada a Antenor Cavalcanti, já que essa é uma maravilhosa oportunidade de ela se aproximar de Ana Luísa, esposa de Antenor, e de conseguir reerguer sua carreira de promoter.

Mas Olavo está pouco se importando com as ambições de Marion, e ele não está disposto a mover um dedo para ajudar a mãe.

Quando Daniel chega de uma viagem a trabalho na Tailândia, ele vai contra as decisões de Olavo e tenta convencer Antenor de que demissões precipitadas podem prejudicar o padrão de atendimento e manchar a imagem do Grupo Cavalcanti. Assim, ele propõe que todos os funcionários experientes continuem trabalhando até que toda a transição para a terceirização seja concluída como se deve, reacomodando e reaproveitando os trabalhadores em outros setores. Então, já sabemos que a rivalidade entre Daniel e Olavo será ferrenha. De um lado temos Daniel Bastos, o protagonista que veio de baixo, que se preocupa com o próximo e protege os oprimidos. Do lado oposto, o vilão Olavo Novaes, que não medirá esforços para tirar o mocinho da novela de seu caminho, porque morre de inveja da competência de Daniel e do favoritismo que o tio Antenor tem pelo “filho do caseiro”, praticamente criado como seu filho com Ana Luísa depois que eles perderam o único filho num acidente.

E essa será uma rivalidade boa de acompanhar.

Após contornar a situação envolvendo as demissões, Daniel enfrenta um protesto contra a nova campanha do Duvivier, onde mulheres de biquíni nas fotos de divulgação geram revolta porque as carolas acreditam que tudo isso está contribuindo para o turismo sexual no Brasil. Então, Daniel tenta acalmar os ânimos e coloca em questão que não há nada de mais nas fotos sensuais da campanha que ele mesmo aprovou – e realmente não há. Contudo, com todo o problema, Antenor fica furioso, dá o maior sermão em Daniel e ordena que a campanha seja reformulada, porque não quer seu império com uma imagem negativa. Em meio a tudo isso, Olavo paga Marion para roubar as fotos da viagem de Daniel à Tailândia, fotos em que ele aparece sendo recepcionado por garotas e que, manipuladas, podem comprometer a reputação de seu maior rival no Grupo Cavalcanti.

Logo, Marion faz o servicinho sujo em troca de algumas notinhas de 50 reais e, com isso, Olavo entrega uma das fotos à Marisa, uma jornalista sensacionalista e sem ética que sempre foi a fim de Daniel, mas que ele nunca deu a mínima. E nas mãos de Marisa, a foto terá um rumo nada positivo: uma matéria que prejudicará Daniel. Enquanto isso, vemos Antenor inventar uma desculpa para não ter que passar um tempo com a esposa, a ingênua e fiel Ana Luísa, e, assim, se encontrar com a amante, Fabiana, advogada do Grupo Cavalcanti com quem ele mantém um caso extraconjugal há tempos. Dois dias depois, Antenor dá ordens para que Daniel vá a Marapuã, na Bahia, a fim de que ele finalize as negociações da compra do Hotel Ponta do Coral, e Olavo tem inveja da relação de confiança do tio com seu rival.

Em Marapuã, somos levados ao bordel da Amélia, e é neste momento que conhecemos a icônica Bebel. E a apresentação da grande personagem de Camila Pitanga não poderia ser melhor: sensualizando no pole dance, seduzindo homens e faturando. Ela sabe que é a melhor – Bebel, a verdadeira protagonista de “Paraíso Tropical”. Concordam? Em seguida, Osvaldo, o dono do Ponta do Coral, conta para Amélia que está negociando seu hotel, e isso significa que o bordel poderá ser fechado porque a casa onde funciona faz parte das dependências do resort. Com isso, Amélia se desespera, pois Osvaldo não cumpriu com a promessa de passar a casa para o nome dela… e ela se preocupa com o futuro de suas meninas, que não terão para onde ir. Então, após discutir com Osvaldo, Amélia passa mal e desmaia, e, com a notícia de que sua mãe está doente, Paula vem de Pedra Bonita para cuidar dela.

Assim, depois de chamar a atenção de Amélia, por não cuidar da saúde, Paula tenta convencê-la a abandonar o bordel e ir morar com ela em Pedra Bonita, mas Amélia está decidida a ficar e lutar por seu negócio e suas meninas. Quando Elisa, uma adolescente passando necessidade, chega no bordel em busca de emprego, Paula e Amélia percebem que ela e menor de idade. E mãe e filha entram em atrito quando Amélia diz que bordel não é trabalho para menor de idade e Paula afirma que prostituição não é trabalho para mulher nenhuma. Então, Amélia se sente ofendida, repreende a filha e questiona se Paula está julgando seu trabalho de cafetina, até porque, segundo ela, muitas meninas saíram do bordel e conseguiram ter uma vida melhor. Mas Paula discorda, já que foram poucas as mulheres que saíram dali para se casar e formar uma família. É uma situação complicada.

No entanto, Paula faz um discurso errado, como se todas as prostitutas tivessem escolhido viver na prostituição, e que, se batalhassem um pouco mais, não precisariam se prostituir – e nós sabemos que não é bem assim. Seguindo no capítulo, quando Paula descobre que Elisa caiu na lábia de Valdir, um dos maiores cafetões da região, ela e Valderez vão atrás da garota, na intenção de salvá-la de ser explorada. E Paula se mete no acordo que o cafetão faz com Elisa, porque Valdir pode até dar comida e dinheiro, mas também dará droga e bebida, e há pouco tempo uma garota morreu por conta disso. Assim, ela consegue convencer Elisa a não trabalhar como prostituta e ajuda a nova amiga a arranjar um emprego. E dessa vez ela acerta em sua atitude, porque não adianta fazer discurso de que prostituição não é profissão para mulher nenhuma se você não pode oferecer nada melhor em troca

Discurso não enche barriga de ninguém.

Ao chegar em Marapuã, Daniel é visto por Bebel e ela logo se interessa por ele. Assim, quando Amélia fica sabendo que o responsável pela compra do Ponta do Coral está na cidade, Bebel reconhece Daniel de uma revista e mostra para ela uma matéria onde há uma foto dele com garotas na Tailândia, a matéria que Marisa manipulou usando a foto que Olavo lhe deu e que coloca Daniel como alguém que faz turismo sexual às escondidas, já que ele havia afirmado ser contra a prática. Então, querendo acabar com o bordel nas dependências do Ponta do Coral, assim que o hotel for vendido, Amélia acha Daniel um falso moralista e Bebel bota pilha para que ela vá falar com ele, com a certeza de que aceitará o mesmo acordo que ela mantinha com Osvaldo: deixar o bordel funcionando em troca de ter suas meninas. E Bebel deixa claro que será ela quem fará as honras da casa a Daniel – “Adoro um loro!”. Te entendemos, Bebel. (rs)

Fábio Assunção estava realmente muito lindo nessa novela.

Contudo, nada sai como o planejado quando Amélia tenta negociar com Daniel, prometendo suas meninas em troca de ele não fechar seu bordel. No entanto, obviamente, ele não aceita acordo nenhum, e esclarece que é inadmissível uma casa de prostituição das dependências do hotel e que cafetinagem é crime. Logo, Amélia enfrenta Daniel e jura que ninguém irá tirá-la de sua casa. E ela joga na cara dele a matéria na revista e faz acusações sobre ele ser um “moralistazinho hipócrita”, ameaçando dizer a todos quem ele é e recusando entregar a casa. E é nesse momento, em meio ao escândalo que Amélia dá, que Daniel se dá conta de que ele é o protagonista de uma matéria mentirosa e sensacionalista sobre turismo sexual, enquanto Paula tenta acalmar os ânimos da mãe quando vê que ela está armando o maior barraco do lado de fora do Ponta do Coral.

Consequentemente, Antenor fica uma fera ao saber sobre a matéria e discute com Daniel porque essa exposição deixará o Grupo Cavalcanti em maus lençóis. E Olavo adora ver o circo pegando fogo com sua ideia de entregar à Marisa uma foto de seu rival com duas mulheres na Tailândia, até porque sujar a imagem do “filho do caseiro” só irá beneficiá-lo dentro do Grupo, tirando Daniel do caminho para que ele possa crescer e conquistar o favoritismo do tio Antenor. Além disso, através de Daniel, Antenor descobre sobre o prostibulo nas dependências do hotel que está negociando e ordena que seja fechado, imediatamente. Diante de uma situação complexa, para amenizar o estresse, Daniel decide praticar Windsurf com o tempo fechando e uma ameaça de tempestade a caminho – gente, como assim? Ninguém para impedir que um turista arrisque sua vida? Só em novela mesmo. (rs)

Depois de dar uma bronca em Bebel e Valderez, por incentivarem Amélia a ter uma conversa com o executivo que está negociando a compra do Ponta do Coral, porque a mãe está com problemas de saúde, Paula vai levar Elisa, de lancha, até Pedra Bonita, a cidade onde ela conseguiu um emprego para a amiga – sabendo como fica o mar em dia de tempestade, isso não seria uma imprudência? Enfim! Precisávamos de uma tempestade em alto mar para o desenrolar da história. Enquanto isso, Amélia comenta com Valderez sobre não poder morrer antes de contar algo muito importante para Paula, um segredo que ela sempre escondeu, mas que ainda lhe falta coragem para revelar. Na volta de Pedra Bonita, Paula enfrenta a tempestade e Daniel sofre um acidente enquanto pratica Windsurf. E ele desmaia e quase se afoga. Sem ninguém por perto, ele corre o risco de morrer.

Por sorte do destino, ele recupera os sentidos, Paula o vê pedindo ajuda e consegue tirá-lo da água. Eita que sorte! (hahahahaha)

No Rio de Janeiro, Olavo se encontra com Jader para dar uma ordem ao cafetão: viajar para Marapuã a fim de vigiar cada passo de Daniel e, na primeira oportunidade, ajudá-lo a dar um golpe definitivo no rival – “Eu vou tirar esse sujeito do meu caminho de uma vez por todas, custe o que custar”. Quando Paula chega com Daniel em uma ilha, ainda debaixo de uma tempestade, ele, cansado e ferido, volta a desmaiar. Então, temos aquele momento em que ela repara no rosto dele e aquele instante em que a mocinha se encanta pela beleza do mocinho – típico de qualquer novela. (rs) Assim, chegamos ao fim do primeiro capítulo… e já aguardando as cenas do próximo. Em minha opinião, é um bom início de novela. E com parceria ou sem parceria na criação de suas novelas, Gilberto Braga sempre nos entregou boas estreias. E eu adoro “Paraíso Tropical”.

Para mais postagens de Paraíso Tropical, clique aqui

Comentários