"Tributo" – Manoel Carlos (14 de março de 2024)

 

Qual é a primeira coisa que vem em sua mente quando o assunto é Manoel Carlos?

Em 2023, em virtude da morte da atriz Léa Garcia, para homenageá-la e também homenagear grandes nomes da televisão brasileira, o Globoplay lançou a série documental “Tributo”, e eu adoro esses documentários que visitam o passado e a trajetória de personalidades que já contribuíram tanto para a nossa TV. No dia 14 de março de 2024 foi a vez da série lançar sua homenagem a Manoel Carlos, um dos nossos maiores autores de telenovelas e o escritor responsável por inúmeros sucessos da nossa teledramaturgia – um “Tributo” também em comemoração aos 91 anos do autor. Foi um episódio maravilhoso, porque revisitar a carreira de Manoel Carlos é revisitar momentos marcantes para o autor e para o público brasileiro, que tanto embarcou em suas novelas e recebeu a emoções das tramas do novelista.

Falar dos trabalhos de Manoel Carlos, mais especificamente de suas novelas, é lembrar de novelas com tramas sensíveis, comoventes e emocionantes, é relembrar grandes personagens femininas – as inesquecíveis Helenas criadas pelo autor –, o Leblon, bairro carioca sempre tão carinhosamente retratado pelo dramaturgo, Bossa Nova, muito merchandising social e, claro, os dramas da burguesia carioca (rs) – convenhamos, o Maneco é um grande autor, mas ele nunca teve a mão para escrever sobre pobreza (hahahahahaha), e isso chega a ser cômico, porque escrever sobre gente rica é o que, de fato, ele sabe fazer com maestria (rs). Além de fazer um tour pela vida do Maneco, contando um pouco sobra a intimidade do autor, o episódio também contou com um grupo de noveleiros que discutiram as obras de Manoel Carlos e o impacto delas na sociedade brasileira.

E eu adoraria ter participado daquela roda de conversa.

Tivemos grandes atores e atrizes comentando sobre suas personagens polêmicas nas novelas de Manoel Carlos, em tramas que mexeram com o país e que fizeram o público refletir sobre tantos temas sensíveis – são personagens e tramas ainda tão vivos em nossa memória, não é mesmo? Manoel Carlos sempre retratou tudo com muita intensidade. Não quero aqui dizer que suas novelas são perfeitas, porque não são, basta lembrar de algumas como “Viver a Vida” e “Em Família”, por exemplo, entre outros erros do autor em suas obras mais antigas… porém, por outro lado, várias histórias do Maneco contagiaram o público e fizeram com que os telespectadores enxergassem uma verdade naquilo que estava sendo exibido, tramas que, naturalmente, eram um retrato da sociedade naquele momento.

Como não se emocionar com Camila raspando a cabeça em “Laços de Família”? Como não sentir o impacto do tiroteio no Leblon, em “Mulheres Apaixonadas”, bem como as surras que a personagem Raquel levava do ex-marido na mesma novela? Como não se revoltar com a crueldade de Dóris contra seus avós, também em “Mulheres Apaixonadas”? E o que dizer da protagonista Helena trocando os bebês em “Por Amor”? E como não se emocionar com a superação da personagem Luciana, em “Viver a Vida”? Essas são apenas algumas das inúmeras tramas emocionantes que o Maneco nos entregou. E mencionando aqui a personagem de Alinne Moraes, é impossível não dizer o quanto este papel da atriz roubou o protagonismo da Helena de Taís Araújo em “Viver a Vida”, a primeira e única Helena negra do Maneco, uma experiência que não deu certo e que o público rejeitou.

“Viver a Vida” é uma novela com inúmeros problemas, e eu achei sensato o documentário mostrar que nem tudo na carreira do autor foi maravilhoso, e que nem sempre ele acertou – afinal de contas, errar é humano. No geral é um tributo muito gostosinho de se assistir. Eu amei saber mais sobre Manoel Carlos, revisitar suas novelas, personagens e tramas tão inesquecíveis para mim noveleiro, que sempre curti as novelas do Maneco – exceto “Em Família”, ali não deu pra engolir mesmo (rs). E se você é um noveleiro como eu, e não assistiu o “Tributo” a Manoel Carlos, te convido a assistir e curtir esse episódio bem nostálgico sobre a carreira do autor e entender um pouco mais sobre como ele se tornou um dos maiores da nossa teledramaturgia. A trajetória do autor merece destaque, e suas novelas merecem aquela visitinha saudosa.

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