Primeiro capítulo de “Mar do Sertão” (22 de Agosto de 2022)

 

“Meu Deus do céu, é uma miragem, é? É uma sereia!”

Uma protagonista carismática e empoderada? Isso me lembra outra protagonista de Mário Teixeira – Oi, Marocas! Tudo bom? (rs) A nova novela das seis estreou com a leveza e o carisma que o horário pede, e eu achei esse primeiro capítulo uma graça: mais uma vez o meu Nordeste e o meu Sertão serão retratados na dramaturgia, o que me fez relembrar grandes produções de sucesso que tinham esse cenário como pano de fundo, como foi o caso de “O Auto da Compadecida”, “Lisbela e o Prisioneiro” e “Cordel Encantado”, e eu acredito que a novela terá um pouquinho da vibe de cada uma dessas produções. Eu sei que quase sempre o Nordeste é retratado da mesma maneira: uma região de muita seca, pobreza, dificuldades e muitas outras coisas que fazem com que grande parte do país pense que a região é só negatividade.

Por outro lado, a novela de Mário Teixeira se chama “Mar do Sertão”, logo, é o Sertão Nordestino que será retratado. E isso é bom, porque mais uma vez teremos a oportunidade de ver a luta de um povo para driblar as dificuldades que é viver nessa região do Brasil, sempre com o característico bom humor dos nordestinos e sua criatividade para sobreviver. Eu amo a minha terra! E eu penso que assistir “Mar do Sertão” será uma maneira de estar um pouquinho mais perto dela, já que no momento eu me encontro longe do meu amado NORDESTE.

Mas quem é nordestino sabe bem que o nosso Nordeste, nosso Sertão e nossa Caatinga é muito mais do que qualquer impressão negativa. Nós também temos nossas maravilhas, com certeza. E espero que Mário Teixeira consiga retratar a região com o devido respeito que ela merece, mostrando as belezas de uma região de mil encantos e a garra de um povo arretado que não foge da luta, assim como também espero que o autor chame a atenção para os descasos que o Nordeste sofre e para as melhorias que ele precisa. É claro que estamos no comecinho de toda essa trama e ainda não dá para saber se “Mar do Sertão” será um grande sucesso ou não, embora eu acredite que a novela tem tudo para dar certo. O visual está incrível, e o texto de Mário Teixeira é muito bom.

Por outro lado, uma coisa me faz temer pela novela: o fato de que Mário Teixeira faça com “Mar do Sertão” o mesmo que fez com “O Tempo Não Para”, esgotando todo o carisma e história da trama em apenas dois meses e fazendo com que o restante da novela não fosse tão interessante e inovador como deu a atender desde sua proposta inicial. É bem verdade que não tem nada de tão inovador assim na nova novela das seis, “Mar do Sertão” tem bastante do mesmo que já estamos acostumados a ver. Mas os clichês, quando bem utilizados, podem funcionar muito bem e fazer da novela uma obra memorável.

Neste primeiro capítulo, entramos de vez no universo de Canta Pedra e seus habitantes, conhecendo os novos protagonistas do horário das seis e demais personagens que nos acompanharão por meses. Eu curti bastante essa estreia, o visual nordestino está incrível e a interpretação dos atores me conquistou. Logo de cara eu já amei a primeira cena, com Candoca, a bela professorinha da cidade, cavalgando rumo a um encontro com Zé Paulino à beira do rio – Isadora Cruz está muito linda como a arretada protagonista. E além de linda e dona de um sotaque fofíssimo, a atriz é muito talentosa. Obviamente, Isadora Cruz já tem um fator contando a seu favor: a atriz é nordestina. Logo, interpretar uma jovem do Sertão não está tão longe da sua realidade assim.

Mas voltando ao capítulo, e à cena inicial, Candoca e Zé Paulino brincam que são dois desconhecidos que estão se vendo pela primeira vez. E enquanto ele brinca ser um homem que pode representar uma ameaça para uma moça que está se refrescando à beira do rio, ela, por sua vez, demonstra o quanto sabe se defender sozinha. Então, ela dá aquele beijaço no vaqueiro. E eu gosto quando ele, em outra cena, apoia Candoca em seus estudos para ser médica, algo que ela planeja fazer longe de Canta Pedra. E me agrada a ideia de que, ao que tudo indica, não teremos um protagonista nordestino com traços machistas, como muitas vezes são retratados alguns personagens masculinos do Nordeste. Zé Paulino ama Candoca e também quer vê-la realizada na profissão que ela escolheu.

Num momento bem hilário do capítulo, a vilã de Debora Bloch, Deodora, nos é apresentada com um certo tom de comédia, numa cena de café da manhã onde ela tira várias selfies para postar nas redes sociais a fim de ganhar likes – Será que teremos uma megera engraçada? Gosto de vilãs nesse estilo, como era o caso da Chayene de “Cheias de Charme”. E Débora Bloch tem o talento para cair nas graças do público com uma vilã do tipo. E lógico que Deodora está bem longe de ser uma Chayene, mas eu vou amar se a personagem tiver qualquer pitadinha de comedia. Na capital, bancado pelo pai, o grande Coronel Tertúlio, Tertulinho vive uma vida de farra e extravagâncias, além de um caso com Xaviera, uma mulher comprometida.

Mas nem tudo é farra e boa vida, porque quando o noivo de Xaviera flagra os dois, Tertulinho precisa dar no pé… e temos uma sequência de fuga muito legal de assistir, com ele fugindo de um noivo enfurecido pelos mais diversos lugares do hotel onde estavam. E a fuga só tem fim quando Tertulinho consegue despistá-lo ao se enfiar numa máquina de lavar roupa na lavanderia do hotel: detalhe, a máquina estava em funcionamento – um jeito bem prático de tomar banho, não? (hahahahahahaha) De volta a Canta Pedra, Rosinha, a pequena filha de Francisco e Tereza Timbó, pede ajuda à professora Candoca para que ela ajude Ivete, a cabra da família que está com dificuldades de parir seu cabritinho.

“A Ivete, professora, ela pra parir” “E quem danada é Ivete, Rosinha?”

Então, Candoca tenta ajudar a cabra dos Timbó, porque eles acreditam que ela é a pessoa ideal para isso, já que estudou para ser doutora. “Doutora de gente. E eu nem comecei ainda” (rs). Mas para impedir que a pobre da Ivete seja sacrificada, porque seu filhote está atravessado, Candoca consegue fazer o parto sem que a cabra precise ser sacrificada, e é uma cena emocionante. Logo, tudo dá certo no final – o cabritinho de Ivete é uma fofura! Gente, eu não acredito que eu chorei na cena de uma cabra parindo… mas chorei (rs). Outro momento que legal do capítulo é a cena em que Candoca experimenta seu vestido de noiva. Adorei a sintonia dela com as amigas, brincando de cerimônia de casamento, jogando pipoca como se fosse arroz e dando para Candoca um caju como se fosse o buquê da noiva. Mas o casamento da mocinha com o vaqueiro já começa a enfrentar alguns empecilhos.

Primeiro, o Coronel Tertúlio inventa de querer que Zé Paulino, seu homem de maior confiança, vá viajar a trabalho para entregar uma encomenda na data de seu casamento, e ele não tem coragem de contar para a noiva arretada que terá que se ausentar próximo ao dia em que deveria estar em Canta Pedra para se casar. Então, ele pede ajuda ao padre para que dê a notícia à Candoca, porque já enfrentou tudo quanto é coisa difícil nessa vida, mas não tem coragem de dar essa notícia para a noiva… afinal de contas, Candoca é arretada, não é mesmo? Mas o padre devolve a responsabilidade para Zé Paulino, até porque a noiva é dele e é ele quem tem que contar sobre a tarefa que o Coronel Tertúlio lhe deu no dia da cerimônia.

Depois, Candoca descobre que o prefeito Sabá Bodó (que nome é esse? Kkkkkkk) quer inaugurar a Pedra Fundamental do Açude de Canta Pedra no mesmo dia em que está marcada a data de seu casamento com Zé Paulino. E ela vai tirar satisfações com o prefeito, lhe dando uma aula sobre os impactos ambientais que um açude sem planejamento pode causar – afinal de contas, ela é uma professorinha, não é mesmo? – e ainda joga na cara dele suas falcatruas por trás desse projeto, além de todas as coisas erradas que ele já fez como político. Assim, após discutir com o prefeito, Candoca vai parar no xilindró por “desacato a autoridade”, depois que Sabá Bodó, com medo da professorinha, manda chamar a lei. Porém, isso é algo que não dura muito tempo, porque o delegado Floro se borra de medo de Zé Paulino e acaba liberando Candoca.

Quanto ao açude, essa é uma promessa antiga de Sabá Bodó, que agora ele resolveu tirar do papel para conseguir se reeleger. Para isso, como o Coronel Tertúlio é praticamente dono de todas terras da região, ele decide que vai desapropriar as terras de Francisco Timbó. E tivemos uma cena hilária de Timbó botando o oficial de justiça pra correr na base do trabuco. Sensacional. Eu gosto muito da atuação de Enrique Díaz. Timbó é um personagem que já te conquista de cara por ter jeito de durão, mas em casa quem manda é a mulher… e ele diz “sim, senhora” para tudo o que ela fala (amei).

O capítulo chega ao fim na cena em que Candoca decide tomar banho no açude da fazenda do Coronel Tertúlio, a fazenda Palmeiral. De volta a Canta Pedra, e às terras do pai, Tertulinho vê Candoca nadando e se encanta com tanta formosura – “Meu Deus do céu, é uma miragem, é? É uma sereia!”. Agora, ele decide que quer essa mulher para ele. Bem, acho que posso dizer que “Mar do Sertão” teve um bom capítulo de estreia. Gostei bastante do visual, caracterização dos personagens, figurino (algo que eu sempre prezo muita em uma obra televisiva), do fato de que grande parte do elenco é nordestino, o que dá mais veracidade à história, além de ter curtido as atuações. Acredito que “Mar do Sertão” tem potencial para ser uma boa novela… é esperar para ver. E eu, como nordestino, pretendo continuar assistindo.

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