Primeiras impressões de “Mar do Sertão”
“Eu voltei por justiça”
Eu sei que
estou um pouquinho atrasado para estar escrevendo um texto de primeiras impressões
de “Mar do Sertão”, mas eu quis
escrevê-lo mesmo assim (rs). Eu assisti apenas o primeiro mês da novela, por
isso, minhas opiniões aqui serão referentes aos capítulos destas quatro primeiras
semanas da trama. E não me julguem se desde o comecinho vocês já encontraram
alguns defeitos na história, porque até aqui eu amei tudo o que vi. É claro que
sempre tem algo que desgostamos, e eu irei comentar sobre isso ao longo do
texto. Mas que novela não tem defeitos, não é mesmo? Como diz Gloria Perez: “Pobre
de quem não sabe voar” (hahahahahaha). Eu passo um certo paninho mesmo (rs),
afinal de contas, nós adoramos ou não adoramos um clichezinho? Eu amo!
“Mar do Sertão” tem bons personagens, uma
trilha sonora muito delicinha e um diferencial no fim de cada capítulo: os repentistas
Juzé e Lukete, que interpretam Totonho e Palmito e que anunciam as cenas do próximo
capítulo de uma maneira divertida e alegre. Incrível! Sem falar que ouvir o
vocabulário nordestino é uma maravilha, porque isso faz com que eu me sinta
mais próximo do meu Nordeste (S2). Por isso, e por tantas outras coisas
positivas, a novela de Mário Teixeira me agradou desde seu primeiro capítulo.
Reforçando o
que já comentei em outros textos que já escrevi sobre a novela, tenho gostado
bastante do universo de Canta Pedra e seus habitantes, assim como gosto do
texto de Mário Teixeira, do visual da novela e do fato de terem escalado vários nordestino para compor o elenco da trama. Também sigo
elogiando os protagonistas da história, continuo achando que Isadora Cruz está
muito bem no papel de mocinha e que Sergio Guizé está dando conta do recado,
assim como Renato Góes, embora eu já esteja sentindo falta daquela atuação mais
para o lado cômico que o ator deu ao seu vilão na primeira semana de novela.
Acredito que um vilão com uma veia cômica dá muito certo. E voltando à Isadora
Cruz, diferente de algumas opiniões que tenho visto por aí, não me incomoda o
fato de sua protagonista ser militante e sempre estar buscando por justiça.
Candoca é
uma típica mocinha das seis: bondosa, justa e amável, com aquele toque de
modernidade e empoderamento, o que eu acho bem legal para as tramas atuais. O problema
seria se ela militasse o tempo todo, o que acredito não ser o caso, porque, a
meu ver, isso não acontece em toda cena da personagem.
Continuando
a falar de Candoca, a pobre já comeu o pão que o diabo amassou. Neste início
de novela, Candoca “perdeu” o noivo, a mãe e quase ficou sem um teto para morar,
e ainda por cima estava grávida de Zé Paulino, situações que ela conseguiu
superar com o apoio das amigas e de Tertulinho. É pouco ou quer mais? É ou não
é uma típica mocinha das seis? (hahahahaha) E era óbvio que Tertulinho não
deixaria de estar ao seu lado em cada um desses momentos, sempre pronto para
ampará-la, consolá-la e demonstrar o seu amor em cada oportunidade que tinha,
um amor que Candoca resistiu por um certo temo porque ainda estava vivendo o
luto de Zé Paulino e não estava preparada para se abrir para um novo amor. E a pobi sofreu bastante.
Tivemos um primeiro
mês de muito romance, vilanias e momentos divertidos que ficaram por conta de
Timbó e o prefeito Sabá Bodó, além de uma boa reviravolta. Não é segredo para
ninguém que toda a trama de “Mar do
Sertão” é bem clichê. Mário Teixeira nunca prometeu outra coisa a não ser o
que já estamos acostumados a ver, nenhuma trama com uma premissa diferentona
como fez em “O Temo Não Para”, por
exemplo. E embora seja uma novela
cheia de clichês, é um clichê que eu estou adorando acompanhar e curtir, e, até
aqui, estou gostando bastante o que estou vendo. É uma trama leve, agradável e
com vários personagens carismáticos. Na trama central, o protagonista Zé Paulino é dado como
morto ao sofrer um acidente que, convenhamos, não tinha muito o que Tertulinho
fazer para salvá-lo, ou era o rival ou era ele. Na verdade, era mais o
Tertulinho mesmo, porque se ele fosse ajudar, os dois acabariam mortos, não?
Dez anos se
passam, e Zé Paulino retorna rico e poderoso (eu adoro um retorno triunfal), um
novo homem em busca de executar algum tipo de justiça/vingança contra os
Tertúlio, como, por exemplo, acabar com o domínio do Coronel Tertúlio na região.
E é claro que essa vingança irá atingir Tertulinho, afinal de contas, ele se casou
com Candoca, a mulher que Zé Paulino sempre amou. Um casamento que ele viu
acontecer e não fez nada para impedir. Isso faz algum sentido? Acho que não.
Sei lá, será que fui eu que não entendi muito bem as motivações para essa
vingança, ou realmente o roteiro deixou a desejar no quesito explicação sobre
isso? Acontece que essa é a história central da novela… então, novamente
parafraseando Gloria Perez, “Pobre de quem não sabe voar”. (hahahahaha)
O retorno de
Zé Paulino acaba movimentando Canta Pedra, e virando a vida de Candoca de
cabeça para baixo. E ele ainda acha um absurdo que ela tenha refeito sua vida com
Tertulinho enquanto ele esteve ausente por dez anos, como se ela não tivesse o
direito de recomeçar. Se situa, meu querido, você foi dado como morto – E lá
vem o machismo (aff!)
Então,
Candoca tem que lidar com seus sentimentos por Zé Paulino e com o fato de que
nunca amou Tertulinho, até porque ela se casou por gratidão por conta de todo o apoio
que ele sempre lhe deu. Gente, como e que alguém me faz uma coisa dessas? Candoca
se casou com Tertulinho somente por gratidão, ou tinha carência envolvida nisso
também? Acho que sim. Me parece que isso não combina com a personalidade empoderada
que a personagem demonstrou desde o comecinho da novela. Combina ou não
combina? Não combina. Mas novela que segue, e vamos passar um pano aqui porque
o Tertulinho tem a cara do Renato Góes (hahahahaha). O fato é que ela também teve
que lidar com toda a questão de ter que contar a verdade para Manduca sobre seu
verdadeiro pai estar vivo. E eu não culpo o Tertulinho por não ter gostando
disso, porque pai é quem cria, e ele foi um bom pai para o Manduca. Disso não
podemos reclamar.
Sobre o
vilão de Renato Góes, até agora, a grande vilania de Tertulinho foi tentar
matar Zé Paulino quando descobre que, na verdade, seu grande rival não morreu
no acidente. Então, no hospital, ele desliga os aparelhos de Zé Paulino, mas
seu plano fracassa, obviamente. Agora, eu quero saber que rumo Mário Teixeira
dará ao personagem, se Tertulinho será um grande vilão clássico ou um personagem
mais voltado para uma personalidade ambígua e com possibilidades de redenção, o
que poderá nos fazer torcer para que ele termine com Candoca. A meu ver, o
vilão tem o carisma necessário para que o público possa vir a querer um final
feliz para ele e a mocinha da trama. Falando bem seriamente, eu acredito no
amor que ele sente por Candoca, e não podemos negar que Tertulinho também mudou
muito por ela, ele se tornou uma pessoa melhor. Isso é fato.
Mas a volta
de Zé Paulino já tornou a vida dele um inferno, e ele já está com indícios de
que cometerá algumas boas vilanias.
É continuar
acompanhando para ver o que Tertulinho aprontará, e se eu vou continuar
gostando dele ou amando detestá-lo como um vilão clássico (rs). Mas a questão e
que o personagem tem um certo lado divertido: Tertulinho começou a novela nos
divertindo com algumas cenas hilárias, cenas em que ele conta mentiras para favorecê-lo,
anda seminu e a cavalo por Canta Pedra e também há aquela cena do primeiro capítulo,
em que ele se esconde na máquina de lavar roupa do hotel para fugir do noivo
enfurecido de Xaviera. Então, eu meio que não sei se quero vê-lo fazendo
maldades pesadas, deixemos isso para Deodora, que até aqui não fez nenhuma
vilania relevante. Aliás, acho que ela não fez nada além de influenciar
Tertulinho a se livrar de Adamastor. Vamos agir mais, Deodora (rs).
Falando um pouco
sobre romance, eu estou apaixonado por Maruan e Labibe (S2). Neste primeiro mês
de novela, eles nem se beijaram, mas eu já vejo potencial para os dois se
tornarem aquele casalzão que irá roubar a cena. Tomara. O príncipe das Arábias
acabou se perdendo pela região de Canta Pedra, e depois de ser ajudado pelo
Timbó, Maruan e Labibe se veem e se apaixonam à primeira vista… e a cena e bem
fofinha, clichê, mas fofinha. Achei bonitinho Labibe preocupada com ele e
levando uma marmita para que ele se alimentasse bem. E enquanto todos pensam
que ele é um mendigo, com seu vasto conhecimento e entendimento para coisas
domésticas, Maruan encanta Latifa e é contratado pela mãe de Labibe como copeiro
da família. Agora, ele está debaixo do mesmo teto que sua “amada”.
Porém, para a
família de Labibe, e para quase toda Canta Pedra, ele é Mohamed, o nome que ele
adotou para não levantar suspeitas de que é um príncipe riquíssimo, e tudo porque
escutou Labibe dizendo à Lorena que está
cansada dos casamentos arranjados com gente rica que seu pai sempre tenta lhe
arrumar, e ela quer um amor verdadeiro, “não importa se é médico, mendigo
ou garrafeiro”. Ai, Labibe, você fala isso porque nunca foi pobre (hahahahaha).
E provavelmente nunca será (rs). Estamos diante de um romance clássico, puro,
bem novela das seis mesmo. E já sabemos que as coisas vão se complicar quando
Labibe descobrir a verdade sobre Mohamed/Maruan. Mas, por enquanto, eu só quero
ver esse romance florescer. É um casal que nem se beijou, mas que já tem muita
química incrível.
Outra personagem
que vem se destacando, em minha humilde opinião, é a Xaviera. Estou amando essa
personagem da Giovana Cordeiro. Divertida e engraçada, Xaviera não esconde que
é ambiciosa e que quer se dar bem na vida, mesmo que para isso ela tenha que
usar alguns métodos questionáveis, como fez com Tertulinho quando o chantageou,
ameaçando contar para sua família como era a vida de farra que ele levava na capital
com o dinheiro que o Coronel Tertúlio lhe dava, porque santo ele nunca foi.
Quando ela consegue arrancar uma boa grana de Tertulinho (afinal, que mal há
nisso? Tertulinho merecia essa chantagem), ele consegue se livrar dela. E
quando entramos na segunda fase da novela, lá estava ela, tentando fazer seu pé-de-meia quando reencontra Zé Paulino e
começa a dar mole pra ele. Danada!
Bem, na
verdade, podia tanto ser Zé Paulino quanto Maruan, o príncipe das Arábias.
E eu me
divirto demais com a Xaviera! Quando ela vê fotos de Maruan e Zé Paulino, agora
José Mendes, com pessoas importantes, como, por exemplo, o Papa (hahahahaha),
ela fica interessadíssima em conhecer mais sobre os dois e tenta a sorte com Zé
Paulino, mas isso não dá em nada. Com certeza, algumas atitudes da Xaviera para
se dar bem na vida são bastante compreensíveis, porque ela já sofreu muito e
teve uma infância horrível: nunca conheceu o pai, a mãe morreu quando ela tinha
dois anos e ainda foi criada por uma bruxa
que a maltratava e a explorava. E depois, que mal há em fazer alguns homens
de trouxa? Muitos deles merecem isso mesmo, já que adoram usar as mulheres. Vai
lá e arrasa, Xaviera (hahahahaha). Então, quando ela atende uma ligação de José
Mendes, pedindo que ela vá até Canta Pedra, ela não hesita e vai.
Mas no
caminho seu carro estraga e ela acaba encontrando Manduca, perdido depois de
fugir de casa por escutar uma conversa entre Candoca e Tertulinho, quando eles
discutem sobre Zé Paulino estar vivo e sobre o direito que o garoto tem de
saber a verdade sobre o pai. E é a Xaviera quem acaba cuidando de Manduca e
passando os maiores perrengues por conta disso, como caminhar exaustivamente
debaixo de um sol escaldante, quebrar o salto e pisar num espinho que ela pensa
que é um escorpião, e é o Manduca quem a ajuda com isso, um fofo. Depois, ela
ainda leva aquele banho de lavagem da Tereza, porque a mulher de Timbó pensa
que Xaviera está maltratando o menino (hahahaha).
Quando,
finalmente, Candoca, Zé Paulino e Tertulinho conseguem chegar até o paradeiro
de Manduca, na casa dos Timbó, eles são gratos à Xaviera por ter cuidado do menino,
e ela aproveita para passar um sermão nos três, porque Manduca “está se
sentindo traído porque eles não conversaram com ele para contar toda a
verdade”, além de estar “todo aperreado e com o coração cheio de mágoa”. Dale,
Xaviera! E os três realmente estavam errados. Depois, ela ainda revela que
Tertulinho a enganou com falsas promessas, e eu adoro que Candoca fica do lado
dela e contra Tertulinho, porque em outros tempos essa situação seria retratada
como mais uma rivalidade entre mulheres por causa de homem, mesmo ele sendo o
errado.
E o que
falar dos alívios cômicos desta novela, hein? Três personagens têm me arrancado
boas gargalhadas, e é claro que eu estou falando da Cira, Sabá Bodó e Timbó.
Todos eles me divertem muito. Adoro a Cira anunciando suas fofocas através de
seu vlog de “notícias”, aliás, foi
através do vlog dela que toda Canta
Pedra soube que Zé Paulino estava vivo. Já Welder Rodrigues está literalmente
uma comédia como o prefeito Sabá Bodó. Tudo bem que a atuação do humorista é
praticamente a mesma em tudo o que eu já vi dele, mas verdade seja dita, ao
menos para mim, Sabá Bodó é muito engraçado. Eu olho para a cara do personagem
e já estou caindo na gargalhada (hahahahaha). Eu adorei a cena em que Jessilaine
e Nivalda o visitam na prisão e ele apresenta a elas um plano de fuga desenhado
na cueca (kkkkkkkkk), sem falar na cena em que ele se esconde atrás do sofá e
faz manha porque não quer voltar para a prisão após uma saída concedida.
Hilário!
Já Timbó é
um capítulo à parte. O personagem é tão querido por mim, mas tão querido, que
ele eu o acho simplesmente um máximo! Timbó é, sim, um pouco estereotipado, bem
como tantos outros personagens cômicos do Nordeste que já foram retratados em
nossa dramaturgia, mas Enrique Diaz o faz com tanta dedicação, delicadeza e carisma,
que eu até esqueço essa estereótipos e curto bastante as façanhas do personagem. Como não rir de Timbó fingindo perder a
visão só para não carregar a cruz numa procissão, ou então como não se
emocionar e se divertir com ele quando reencontra Zé Paulino, se eterno
“amiguinho”. Se deixe levar e se divirta com Timbó, te garanto que vale muito a
pena, ainda mais agora que ele está com a ideia de botar a mão em Cajuína, o cachorro de Latifa, porque viu o animal obrar um anel (hahahahaha), o anel que
ela recusou de Zahym após uma discussão e que o cachorro acabou comendo.
Isso é tão “O Auto da Compadecida”, né?
(hahahahaha)
Agora, é
seguir acompanhando “Mar do Sertão”
para ver o que mais a novela nos reserva, e eu espero que coisas boas. No
geral, acredito que tivemos um início de novela bastante entusiasmante, pelo
para mim, que estava animado com a estreia da novela por se passar no Sertão
Nordestino. Espero continuar encantado por essa trama tanto quanto fiquei nesse
primeiro mês de exibição. Até mais!
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