Totalmente Demais – Homofobia!
“EU ACHEI QUE O MUNDO TODO ERA SEGURO PARA PESSOAS QUE NEM EU”
Em
apenas dois capítulos, “Totalmente Demais”
transmitiu uma importante mensagem na luta contra a homofobia. Parte do núcleo
cômico da novela, Max é um dos personagens mais queridos da trama… e um dos
meus favoritos, também. ICÔNICO, divertido, sincerão e alto-astral, o
personagem nos conquistou com seu carisma. Mas uma das coisas que eu mais
elogio no roteiro, quando o assunto é o Max, é a forma como o personagem gay é representado. A trama não reforça
estereótipos há muito incluídos em personagens homossexuais em determinadas
novelas, porque a história do Max não é definida por sua sexualidade: ele é independente,
um excelente profissional e uma pessoa que se valoriza. Ele não é um bibelô de
madame e muito menos alguém que se apaixona por heterossexuais e, por isso,
aceita ofensas e humilhações dos mesmos – sim, eu estou falando do Crô, de “Fina Estampa”. E eu nem preciso falar
do desserviço prestado à comunidade LGBT através deste personagem, porque esse
e outros temas abordados de forma inadequada na obra de Aguinaldo Silva já
foram bastante discutidos neste ano…
E
o Marco Pigossi continua com toda a razão.
Estamos
tão acostumados a ver o Max em momentos cômicos, hilários e divertidíssimos, que
quando nos deparamos com a cena de homofobia que o personagem sofre ficamos
abalados… ao menos eu fiquei, e muito. Mas o momento é importante para a discussão
desse crime que é a homofobia, e do quanto a ignorância e a intolerância levam
pessoas a cometerem atrocidades apenas por não aceitarem a orientação sexual do
outro. ATÉ QUANDO SEREMOS PALCO DE TODA ESSA VIOLÊNCIA? O Max estava feliz por
ter encontrado um “Ursão” na Kurt para
curtir a noite. E quando os dois saem da boate, enquanto ele quer andar de mãos
dadas como um casal, o Ursão prefere não se expor… então, eles são surpreendidos
por um grupo de pitboys que jogam uma
pedra neles, os chamam de “casal de bichinhas" e acham que "essa raça merece ir
para o inferno”. Mas o Max não se deixa intimidar, e ele os enfrenta querendo
respeito. E é aí que infelizmente as coisas não terminam nada bem para ele.
Depois
que o Ursão foge, Max é covardemente espancado pelo grupo de homofóbicos,
porque eles acham que os “boiolas precisam aprender uma lição”… E ISSO É
REVOLTANTE. Impossível não chorar com essa cena. E uma série de questionamentos
me veio à cabeça: por que o ser humano tem tanta dificuldade de aceitar a
diferença? Que tipo de ser humano é esse que se acha no direito de exterminar o próximo só por que ele não
tem a mesma orientação sexual que a sua? Por que incomoda tanto a forma de amar
do próximo? Definitivamente, até quando? Antes que algo pior aconteça, o Rafa
ajuda o Max a se livrar daquela situação de agressão gratuita. E o Rafa é um
querido com ele, o levando para o seu apartamento, cuidando dele e sugerindo
que o Max denuncie seus agressores. Porém, o Max prefere não fazer a denúncia,
porque ele acha que isso não vai dar em nada. E a novela nos fez refletir sobre
outro ponto importante: a falta de segurança e apoio pelos quais os gays passam quando sofrem homofobia.
A
frustração do Max é de cortar o coração, e seu grito de revolta me atingiu em
cheio. E é triste vê-lo sem esperança – “Eu achei que o mundo todo era seguro
para pessoas que nem eu”. E ele lembra, com tudo o que acabou de lhe acontecer,
que no mundo há muita “intolerância e preconceito… muito ódio”. Tenho certeza
que muitos gays, e outras pessoas com
uma mente aberta, se colocaram no
lugar do personagem, porque essas são situações comuns… infelizmente. A revolta
do Max é a minha revolta, a frustração dele é a minha, e todos os seus
sentimentos são os meus. Afinal de contas, qual gay nunca sofreu homofobia ao menos uma vez na vida? Quando a Lu é avisada pelo Rafa sobre a atrocidade que o Max sofreu, ela chega
desesperada no apartamento do fotógrafo para ver seu melhor amigo. E eu também
chorei com esse momento, porque a Lu chora com o Max, e acha um absurdo o que
fizeram com ele – na verdade, eu chorei com o Max em cada momento de dor, frustração,
revolta e indignação por não aceitarem sua forma de amar – “Eu tenho o direito
de ser feliz também”. Claro que tem, Max.
A
Lu consegue convencê-lo a prestar queixa, porque homofobia é crime e ele é um
amigo muito amado… e eles não vão deixar isso passar em branco. O Max também
aceita a ideia do Jamaica de colocar a história nas redes sociais para provar
que ainda existem muitos “babacas” preconceituosos pelo mundo. Definitivamente,
isso não pode mais ficar impune. Depois que o Arthur descobre o que aconteceu
com o Max, há uma cena emocionante dos dois, com ele demonstrando apoio e
carinho ao amigo, porque o próprio Max sabe que pode contar com ele – “Você
sabe que eu vou estar sempre do seu lado, não sabe?”. E o abraço caloroso do
Arthur, junto com todo o amor da galera da agência, é um alento para o Max… e
para mim também, porque me fez pensar que não estamos sozinhos contra a
homofobia, e que ainda há esperanças de um mundo melhor. O Max chega à conclusão
de que “a melhor forma de derrotar os ignorantes é ser quem ele é: feliz,
alegre e totalmente de bem com a vida”.
A
novela foi bem clara em sua mensagem: homofobia é crime, e isso precisa de um
basta. Porque cada ser humano tem o direito de viver da maneira que for e é
inadmissível que ainda tenha pessoas tão ignorantes a ponto de cometer absurdos
contra um ser humano apenas porque ela ama alguém do mesmo sexo. E apesar de
todas as dificuldades para vencer a homofobia, a luta continua, e ainda há esperança.
Não temos que esconder quem somos, porque temos o direito de sê-lo.
Mas uma pergunta ainda se perpetua sem resposta: quantos mais precisarão se
sacrificar para que haja uma evolução no respeito à diversidade?
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