Chocolate com Pimenta – O romance de Celina e Guilherme

“SENSÍVEL DEMAIS, EU SOU UM ALGUÉM QUE CHORA POR QUALQUER LEMBRANÇA DE NÓS DOIS”

Celina e Guilherme formam o casal mais apaixonado e melodramático de “Chocolate com Pimenta”, aquele típico casal que sofre a novela inteira para somente no final alcançar a felicidade. Eles são dois personagens com muito tempo de tela para nos mostrar todos os clichês possíveis que podem sofrer por amor, com direto a renúncias por circunstâncias da vida, resignações, muitas artimanhas dos vilões, tentativas frustradas de ficarem juntos e por aí vai. Não dá para negar, Celina e Guilherme formam o clássico casal pra lá de romântico de novela das seis de Walcyr Carrasco, que, se fosse hoje em dia, poderia sofrer um certo hate da galera por conta de seu drama excessivo, não que exagerar na dramaticidade seja propriamente um erro, mas é que acompanhar isso por mais de 200 capítulos é um tanto cansativo, convenhamos.

Porém, mesmo com toda essa situação melodramática, eu gosto dos dois, e não há como enxergar outra saída que não um final feliz para eles.

No início da novela, Celina e Guilherme já são apaixonados um pelo outro, mas ambos enfrentam a desaprovação de Reginaldo porque ele acredita que Guilherme não é um bom partido para ela. Depois, com seu vício no jogo, ele acaba apostando Celina e perdendo a própria filha para o Conde Klaus. Então, mesmo sendo ilegal, Celina é obrigada a ter que se casar com o “velho lambão” para que o banqueiro não execute a dívida e para que sua família não vá parar na rua da amargura. Contando com a ajuda de sua melhor amiga, a protagonista Ana Francisca, ela tenta se livrar do Conde depois que Aninha se prontifica em pagar a dívida. Mas as coisas se complicam quando antigas dívidas de Reginaldo com o banqueiro ressurgem e Ana Francisca não consegue pagá-las por ser um valor maior que a própria fábrica de chocolates. Conde Klaus foi esperto.

Assim, Celina continua condenada a se casar com o velho enquanto Reginaldo e Graça parecem não se importar com o fato de ela ser sacrificada ao jogar em cima dela o quanto será a salvadora da família, para que o pai não vá para a cadeia e, assim, não terminem na ruína. E o pior é que Celina é tão ingênua que se coloca como responsável por salvar o pai e a irmã e não aceita fugir com Guilherme quando ele propõe isso a ela por algumas vezes. Depois, quando finalmente decide fugir com o amor de sua vida, ela finge aceitar se casar com o Conde enquanto a fuga não acontece, a fim de ganhar tempo. Excessivamente mesquinho, pão-duro, avarento, mão de vaca e sovina, os presentes do Conde para Celina são os piores que uma noiva pode receber: cravos de defunto, linguiças, caixa com linhas e agulhas, para que ela costure suas meias furadas, repolho, porque é “melhor que flores”, afinal de contas, “podem comer” e por aí vai (hahahaha).

Infelizmente, a fuga não dá certo, já que Conde Klaus e a polícia conseguem impedir Celina e Guilherme de escaparem e ele acaba preso por a ter “raptado”. Então, Reginaldo quer voltar atrás em seu trato com o banqueiro por não querer viver com o remorso de sacrificar a felicidade de sua filha, afinal de contas, ele prefere ser preso a ver Celina infeliz. Mas com Guilherme preso, parece ser tarde demais para Reginaldo se arrepender de ter apostado a filha no jogo – essa atitude dele foi realmente revoltante demais –, porque Conde Klaus tem uma condição para livrar Guilherme da cadeia: Celina terá que se casar com ele, caso contrário, Guilherme ficará “mofando na cadeia”, e não só ele, mas Reginaldo também, porque o banqueiro está disposto a colocá-lo atrás das grades se a “cabritinha” não se tornar sua esposa.

Logo, quando Margot também vai jogar a responsabilidade pela liberdade de Guilherme em cima de Celina – outra atitude revoltante –, ela acaba convencendo a jovem a aceitar o pedido de casamento do Conde para que Guilherme seja livre. E isso não é justo com Celina, até porque nada disso é culpa dela. Ela só teve o azar de ter nascido filha do Reginaldo mesmo. Pela família e pelo amor de sua vida, ela decide que vai viver o resto de seus dias ao lado do velho lambão (Aff!). Enquanto isso, Graça, a irmã fura-olho e perversa de Celina, que sempre foi completamente apaixonada pelo namorado da irmã, resolve fazer a linha amiga de Guilherme para envenená-lo contra Celina, fazendo com que ele acredite que ela o usou como um “brinquedo” e que decidiu se casar com o Conde por dinheiro. Logo, Guilherme passa a desprezá-la de maneira cruel.

Sempre contando com as ideias de Aninha para se livrar do Conde, Celina segue um conselho da amiga, o de fazer o velho gastar muito para ver se ele desiste do casamento. E Celina exige uma grande festa de noivado e um anel de diamante bem grande. Assim, elas acreditam que, sovina como é, Conde Klaus não será capaz de gastar tanto para ter a “cabritinha” como esposa. Porém, ele lhe dá o anel de diamante, para surpresa e decepção de Celina. E ela passa a temer com o fato de ter que se casar com o velho lambão. Mas não é apenas Celina quem tem uma grande aliada, Graça também conta com a ajuda de sua melhor amiga para executar seus planos de se casar com Guilherme: a Olga. E o pior é que Celina confia na irmã que tem, facilitando os planos de Graça sem nem sonhar que a irmã querida é uma víbora. Logo, Graça e Olga contam para o Conde sobre os planos de Ana Francisca e Celina para que ele não consiga se casar com a cabritinha.

E quando Celina tenta fazer Klaus gastar ainda mais, exigindo que ele compre uma tiara valiosíssima, a fim de que o banqueiro desista do casamento por ser uma noiva muito gastadeira, Graça o convence a dar o que a irmã está pedindo, afinal de contas, ele estará fazendo um investimento e tudo será dele depois de se casar com Celina. E mais uma vez ela consegue frustrar os planos da irmã. Com isso, Celina tem a certeza de que não conseguirá se livrar do velho muquirana. Porém, uma nova ideia de Ana Francisca é colocada em prática na noite de noivado de Celina com o Conde: fazer Dália se passar por uma mulher muito rica a fim de que ele se interesse por ela e desista de se casar com a amiga. E eis que nasce a “cabritona”, e a Dália nos entrega vários momentos divertidos com sua peruca loira, enquanto Klaus fica fascinado por ela e, claro, principalmente por seu dinheiro (hahahahaha).

Durante o noivado, Guilherme, bêbado e ressentido, arma o maior escândalo e ofende Celina, porque ele continua acreditando que ela está se casando por interesse com o Conde. Assim, Graça, com a ajuda de Olga, aproveita para colocar um grande plano clichê em prática: ela faz Guilherme acreditar que passou a noite com ela… obviamente, ele acredita, afinal de contas, estava bêbado demais para se lembrar de qualquer coisa. Com isso, as coisas só pioram para ele e Celina. Logo, já sabíamos que os dois continuariam separados por muitos e muitos capítulos. Por muito pouco, Celina não consegue se livrar do Conde, já que a farsa da cabritona vai por água abaixo quando ele descobre que ela é uma “caipirona pobretona” que vive com a família de Ana Francisca. E tudo volta à estaca zero.

Para piorar ainda mais a situação, mais um plano de fuga de Celina e Guilherme acaba resultando em nada quando Graça usa uma brilhante ideia de Jezebel para conseguir se casar com ele de vez: fingir que está grávida. E ela conta tudo para Celina, deixando a irmã arrasada e acreditando que Guilherme foi um aproveitador. E é claro que ela desiste de fugir com ele. E quando Reginaldo descobre sobre Guilherme e Graça, ele faz uma daquelas revelações bombásticas e dignas de novelas mexicanas (rs): Guilherme é seu filho e, consequentemente, irmão de Graça e Celina, e esse era o grande motivo de nunca ter permitido seu namoro com a filha caçula. Com isso, Guilherme fica revoltado com a covardia de Reginaldo e atormentado com o fato de ter engravidado a própria irmã. Mas isso não dura nem um capítulo, já que Margot, depois de escutar a conversa entre os dois, também decide fazer sua revelação. Eita! (hahahahaha)

Margot conta a Guilherme que é sua verdadeira mãe (OMG!) e que Reginaldo não é seu pai. E temos todo aquele drama de ela ter sido obrigada a abandoná-lo porque não queria que ele crescesse como filho de uma “mulher da vida” e nem que sofresse com o preconceito das pessoas. Por conta disso, Margot o entregou para ser criado por um casal que pudesse lhe dar uma família. E é compreensível a revolta de Guilherme diante da verdade, assim como é compreensível o que Margot fez para que ele pudesse ter uma vida melhor. Mas, agora, ele não quer mais nenhum tipo de relação com ela pelo fato de se sentir enganado. E ele passa a humilhar Margot, o que não é nada legal. Assim, é somente no fim da novela que ele consegue perdoá-la e ter uma boa relação com ela. Depois de toda a verdade vir à tona, Reginaldo não impede mais o casamento de Guilherme e Graça, e teríamos mais sofrimento pela frente.

Em mais uma tentativa de ajudar a amiga – e definitivamente foram muitas (rs) –, Ana Francisca quase consegue impedir que Celina se case com Conde Klaus quando a ajuda em mais uma fuga – é fuga em cima de fuga (hahahahahaha), mas todas frustradas, claro. Porém, o plano não dá certo e Celina se vê obrigada a se casar com o banqueiro em troca de ele não prejudicar sua família, enquanto Guilherme assiste a tudo e não é capaz de fazer absolutamente nada. Ele foi um covarde, tanto ele quanto Reginaldo, que pediu mais um “sacrifício” à Celina em nome da família e do sobrinho que a irmã estava esperando – gente do céu, essa família que se f*da. Dessa maneira, Guilherme e Celina aceitam seus destinos e depois é a vez de ele se casar com a desgraça, digo, com a Graça (hahahahaha). E na noite de núpcias, ele não resiste a um lesco-lesco com ela, afinal de contas, Guilherme é homem, né?

Vocês sabem como é, os homens não conseguem e nem podem resistir (contém ironia, muuuuuuuita ironia).

E é dessa maneira que Guilherme acaba descobrindo que Graça ainda era virgem e que tudo não passou de uma farsa dela para separá-lo de Celina, e ele se dá conta de que perdeu o grande amor de sua vida por conta de uma mentira. Então, Guilherme se revolta e desmascara Graça para a família. E Celina, finalmente, para de enxergar Graça como uma vítima e descobre que a vilã nunca foi uma irmã adorável. E a própria Graça faz questão de revelar que mentiu de propósito. Ela sempre foi uma víbora. Bem, ninguém precisa de inimigos quando se tem uma Graça como irmã, não é mesmo? Socorro! Mas Celina e Guilherme estão casados, e não restava a eles nada além de seguirem com suas vidas. E depois, Graça consegue o que tanto queria: ficar grávida de Guilherme.

Como se não bastasse toda a desgraça que já viveram, Celina e Guilherme sofrem ainda mais quando todos vão morar na casa do Conde Klaus e ela precisa suportar Graça esfregando na cara dela que está casada com Guilherme, enquanto ele tem que suportar o mesmo ao ver Celina casada com o velho banqueiro. Ainda seguindo alguns planos de Aninha, Celina coloca em prática a ideia que a amiga e Miguel tiveram para ajudá-la a conter as investidas do velho lambão de consumar o casamento. Logo, Celina consegue enrolar o Conde com a desculpa de que fez uma promessa: bordar uma toalha para o altar da igreja e, com isso, para não ser castigado com as coisas do céu, ele não poderá tocá-la até que termine o bordado, porque é uma promessa para garantir sua fortuna e evitar a falência (hahahahaha).

E com essa desculpa ela consegue enganar Conde Klaus por inúmeros capítulos, afinal de contas, ela borda de dia e desmancha tudo à noite. Dessa maneira, a toalha para o altar da igreja jamais ficaria pronta e o velho lambão teria que segurar a vontade de ter a cabritinha. E é uma desculpa genial, até porque quando se fala em dinheiro, o muquirana aceita qualquer coisa para não sair perdendo (hahahahaha). Eventualmente, não satisfeita em ter se casado com Guilherme, Graça continua tentando prejudicar Celina e contribuindo para que a vida da irmã seja a mais infernal possível – convenhamos, Nívea Stelmann arrasou no papel. A Graça é uma vilã adoravelmente odiosa. Com a ajuda de Olga, ela faz com que Klaus descubra a verdade sobre o plano da irmã. Assim, para desespero de Celina, ele exige seus “direitos de marido”.

Mas ela é salva, mais uma vez, por Ana Francisca, que, com a ajuda do padre Eurico, tem uma nova ideia para livrar a amiga das garras do Conde. Celina confessa sobre sua falsa promessa para evitar a “luxúria” do marido. Logo, Aninha finge estar chocada com a mentira da amiga e, com isso, ela enxerga “dois pecados”: a falsa promessa de Celina e a luxúria do Conde. Diante disso, para pagarem por seus pecados, Ana Francisca sugere que o padre dê aos dois uma penitência: rezar três rosários inteiros todas as noites antes de dormirem, e se errarem uma conta, terão que recomeçar tudo de novo (hahahahaha maravilhosa!). Dessa maneira, Celina consegue continuar contendo os avanços do Conde, afinal de contas, ele não sabe rezar e dorme antes mesmo do fim do primeiro rosário (rs).

Por fim, o final feliz de Celina e Guilherme só acontece no fim da novela, quando Reginaldo decide enfrentar o Conde em favor da filha e ela foge e recebe a ajuda de Danilo e Margot para ficar escondida no hotel. Enquanto isso, Guilherme consegue provar que o casamento Celina com o Conde não foi consumado e o velho lambão não tem saída a não ser assinar a anulação… mas ainda faltava a Graça. Após uma gravidez complicada, com a ajuda de uma parteira médium, Graça dá à luz ao seu filho com Guilherme, numa cena com um tom macabro e que termina muito triste. A parteira expulsa todos os males que habitavam a alma da personagem, e, após sua libertação e o parto, Graça entrega seu filho para Celina e Guilherme e morre, recebendo o perdão dos dois e encontrando a paz.

Dessa maneira, o casal apaixonado não tem mais nenhum empecilho para viver o amor. E é claro que eles terminam a novela felizes para sempre. Depois de tanto drama, nada mais justo, não? No fim, mesmo com alguns momentos cansativos, Celina e Guilherme formam um casal apaixonante.

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