Pânico (Scream, 1996)

 “É tudo um grande filme, só que você não pode escolher o gênero”

Eu adoro filmes de terror e suspense, além de toda a adrenalina que eles liberam em nós. Recentemente, me peguei interessado em acompanhar a franquia de “Pânico” (no original, “Scream”), e eu gostei do que vi e já estou com vontade de seguir com os outros filmes. Embora tenha conquistado muitos fãs e grandes elogios da crítica, se você assiste ao filme hoje em dia, o primeiro thriller da franquia não traz tantas novidades assim sobre o gênero, pois todos os clichês estão presentes ao longo da história, o que me agrada bastante, já que, ao assistir filmes do tipo, eu espero levar inúmeros sustos, ver as minorias morrendo (e isso inclui aqueles personagens que transam e, por isso, já estão condenados à morte hahahahaha), muitas cenas ao bom e velho estilo slasher, protagonistas que escapam diversas vezes do vilão, personagens que sempre vão parar onde não deveriam nunca estar e por aí vai. Eu amo esses clichês!

Porém, não posso negar que, para a época, “Pânico” trouxe suas particularidades para o gênero de terror e suspense, tais como atores famosos – raramente vistos em filmes do tipo –, um roteiro que usou de forma inteligente os clichês e a agradável combinação do slasher com humor. Assim, a franquia leva o título de sexta maior bilheteria do mundo em filmes do gênero. Assim, a franquia acabou por dar aquela boa repaginada no terror e no suspense da década de 1990. De fato, é um bom filme, muito elogiado e com alguns prêmios importantes. Consequentemente, quando se trata de uma franquia, alguns filmes são melhores do que outros – conclusões que eu só poderei tirar quando assistir a todos eles –, o que é perfeitamente normal e até mesmo aceitável, já que nem sempre o próximo supera o anterior e vice-versa.

Mas o fato é que eu não ligo muito para o que diz a crítica especializada, pois se eu gosto de um filme, eu gosto e pronto. E se tratando de filmes de terror e suspense, se eles são bem-desenvolvidos, eu quero mesmo é acompanhar os clichês e entrar na vibe da história… e “Pânico” conseguiu fazer isso comigo. Logo no início do filme, temos uma sequência longa e bastante interessante quando a adolescente Casey Becker está sozinha em sua casa e recebe a ligação anônima de uma pessoa com gosto por filmes de terror e jogos mortais. Assim, o estranho quer jogar com ela em troca de manter o namorado de Casey, Steve, vivo: se ela errar as respostas sobre filmes de terror, ela pode dar adeus ao namoradinho. Então, tudo se torna muito perturbador, porque, eventualmente, ela erra as respostas, entra em pânico, vê seu namorado ser assassinado e também morre pelas mãos do vilão do filme, uma pessoa fantasiada que, no decorrer da história, recebe o nome de Ghostface.

É uma sequência eletrizante, e eu amei ver Drew Barrymore nos primeiros minutos de filme.

A partir das mortes de Casey e Steve, a pacata cidade onde ocorrem os crimes passa a ficar em alerta e a conscientizar seus habitantes a ficarem em suas residências, o que é um prato cheio para Ghostface, uma vez que ele costuma atacar suas vítimas em suas próprias casas. Assim, já conhecendo a protagonista Sidney Prescott, uma adolescente traumatizada pela morte brutal de sua mãe, passamos a acompanhá-la como a vítima principal de Ghostface. Quando Sidney passa a receber as ligações anônimas, as investigações da polícia indicam que seu namorado Billy está envolvido, um personagem com um comportamento um tanto quanto sinistro e que nos faz questionar se ele pode ser o grande vilão do filme, embora isso pareça óbvio demais. Mas Billy acaba preso e, eventualmente, quando é liberado, consegue convencer Sidney de que é inocente.

Então, o pai de Sidney acaba se tornando o principal suspeito da polícia, já que rastreando as ligações que ela recebeu, fica comprovado que elas vieram do celular dele enquanto ele deveria estar fora da cidade em uma viagem a trabalho. Quando os amigos de Sidney resolvem participar de uma festa na casa de um deles, Stuart, que é o namorado de sua melhor amiga Tatum e o personagem mais idiota do filme, é que as coisas se complicam pra valer, porque é arriscado demais estar em uma residência isolada e Ghostface já está prestes a ser considerado um assassino em série após fazer mais uma vítima: o diretor da escola. E é claro que um local afastado é o cenário ideal para o assassino fantasiado fazer mais vítimas enquanto chegamos no clímax do filme. E o destaque vai para a morte de Tatum: quando ela vai buscar cerveja na garagem da casa, Ghostface aparece para ela e ela pensa que é alguém conhecido e passa a fazer piadas com ele até se dar conta de que realmente está correndo perigo (rs).

Assim, há luta corporal, Tatum tenta fugir pelo buraco do gato no portão da garagem, fica presa, Ghostface liga o portão e ela quebra o pescoço quando chega no teto – aquele tipo de morte bizarra, estapafúrdia e caricata (hahahahahaha). Depois de tentar deixar um pouco de lado o trauma envolvendo a morte de sua mãe, estuprada e assassinada na praça da cidade, e de conseguir, finalmente, transar com seu namorado Billy, Sidney vê o namorado ser assassinado na sua frente pelo Ghostface, e é aqui que temos os maiores clichês do gênero no filme, com personagens que deveriam estar mortos ressurgindo, vários momentos de perseguição e luta corporal da protagonista com o vilão da história, muitos sustos e, também, o grande plot twist: a revelação de quem é o assassino fantasiado. Na verdade, Billy está vivo, e descobrimos que sua suposta morte foi proposital.

Dessa maneira, ele se revela como Ghostface, tendo como aliado Stuart, o personagem babaca que o roteiro nos faz pensar que será um dos primeiros a morrer – e é estranho ver Matthew Lillard, o intérprete de Stuart, como um dos vilões da história após tê-lo visto primeiro como nosso adorável Salsicha nos filmes do “Scooby-Doo” (rs). Billy e Stuart se revelam dois psicopatas lunáticos e sádicos, e a grande obsessão de Billy em querer matar Sidney se deve ao fato de sua mãe ter sido amante do pai dele e, por isso, ter sido a causa da separação de seus pais... e ele também revela que foi ele quem assassinou sua mãe um ano antes por esse motivo. Aqui, “Pânico” se revela ousado ao colocar um personagem óbvio demais como o grande vilão da história e como seu cúmplice o mais idiota, que, na maioria das vezes, nesse estilo de filme, acaba sendo o tipo de personagem que está na lista dos primeiros a morrer.

Com o pai de Sidney como refém, Billy e Stuart revelam como ele se tornou o principal suspeito: eles clonaram seu celular, e, por isso, constatou-se que todas as ligações anônimas que Sidney recebeu vieram do telefone do pai. Assim, após as grandes revelações, Sidney volta a enfrentar Billy, numa última sequência eletrizante onde ela recebe a ajuda da repórter sensacionalista Gale Weathers, com quem a protagonista tem alguns atritos ao longo da história porque a Gale insiste em continuar investigando sobre o assassinato da mãe da garota para lucrar em cima disso como a grande reportagem de sua vida, além de acusar Sidney de ter contribuído para a condenação do homem errado pelo assassinato de sua mãe, o que de fato aconteceu. Assim, quando Sidney tem uma última luta com Billy e corre o risco de morrer, Gale ressurge para atirar no assassino e dar à Sidney a chance de matá-lo de vez… e ela o faz com mais um tiro.

Logo, com tudo solucionado, Gale tem a matéria mais importante de sua carreira; afinal de contas, ela foi vítima de Ghostface e uma das grandes testemunhas dos crimes do assassino em série. Quanto à Sidney, ela pode respirar aliviada com a morte do vilão, porque aquele grande problema foi resolvido… ao menos por enquanto. O filme tem um bom desfecho, nos deixando com aquele gostinho de quero mais e elogiando o roteiro e as nuances que ele nos apresenta ao longo da narrativa cinematográfica. E conseguimos entender os motivos pelos quais “Pânico” se tornou o início de uma franquia de sucesso. O filme não é esplendoroso, mas é bom o suficiente para cativar e sustentar os gêneros terror e suspense no que se propôs, sem grandes pretensões de ser algo gigante. E eu acho que é sobre isso: sobre saber usar os clichês dos slashers de maneira inteligente para entregar um produto interessante. Amei!

 

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