Primeiro Capítulo de “Mulheres Apaixonadas” (17 de fevereiro de 2003)

 

“Quando a luz dos olhos meus e a luz dos olhos teus resolvem se encontrar…”

Originalmente exibida de fevereiro a outubro de 2003, “Mulheres Apaixonadas”, uma das novelas de maior sucesso de Manoel Carlos, está de volta ao Vale a Pena Ver de Novo a partir da próxima segunda (29). E é uma boa escolha para substituir “O Rei do Gado” nas tardes da Globo, já que é a segunda reprise da novela no horário e a primeira rendeu bons índices de audiência. Contando também com uma exibição no canal Viva, esta será a quarta vez que a trama estará no ar, um sinal de que ela tem potencial para ser sucesso outra vez. “Mulheres Apaixonadas” é uma novela deliciosa, com tramas marcantes, cenas emblemáticas e uma narrativa que, claro, trata o universo feminino com toda a delicadeza e cuidado através do olhar de Manoel Carlos, um grande autor que aprecia e valoriza a alma da mulher.

Mas como quase 100% das novelas antigas, onde vários temas não envelhecem muito bem, essa trama de Maneco também tem seus erros que eram considerados aceitáveis para a época, e um deles é a enorme dose de rivalidade feminina em destaque na história. Porém, a novela ainda nos prende por contar muitas histórias interessantes e nos entregar grandes momentos. Então, vale, sim, muito a pena ver de novo. O primeiro capítulo tem início com a protagonista Helena e suas duas irmãs, Hilda e Heloísa, conversando sobre amor, felicidade, casamento, sonhos eróticos e outros assuntos num diálogo ao melhor estilo de escrita do Maneco: de maneira aberta e com a sensibilidade necessária para os temas, uma marca do autor em suas crônicas do cotidiano. “Eu concordo com o poeta que diz que o amor é eterno enquanto dura”.

Se por um lado Hilda e Heloísa estão satisfeitas em seus casamentos, Helena está cansada de sua vida rotineira e sem tesão com o marido Téo. E embora seu casamento com ele não seja ruim, ela gostaria de se apaixonar uma outra vez, de preferência pelo homem errado, porque os errados são mais interessantes que os certinhos. Helena é uma boa esposa, boa mãe e boa irmã, mas está lhe faltando um pouco mais de vida em sua própria vida. Além de ser boa em tudo isso, ela também é uma boa patroa, e isso fica evidente quando sua funcionária Sônia está a ponto de dar à luz e é a Dona Helena quem a socorre e a leva para a maternidade, porque ela prometeu que acompanharia a chegada do afilhado – Manoel Carlos sempre destacou o quanto suas Helenas eram excelentes patroas, embora, às vezes, as relações de suas protagonistas com as funcionárias do lar pareciam uma relação de exploração, já que elas praticamente estavam 24h à disposição das Helenas de Maneco (rs).

Num outro momento, conhecemos o bem-sucedido Dr. César e sua filha Marcinha quando eles estão a caminho do velório da esposa, uma mulher que estava muito doente e que ele já não amava mais, apesar de ainda viverem juntos. E ele parece durão demais diante da situação enquanto Marcinha está revoltada porque ele não a acordou na noite anterior quando a mãe ligou para falar com ela, ou seja, para se despedir… e o clima é de muita dor e sofrimento. Neste primeiro capítulo também conhecemos uma das personagens mais importantes da novela, a Fernanda. Embora a personagem de Vanessa Gerbelli não fique até o fim da história, ela é importante porque é uma das protagonistas da cena mais emblemática da trama: o tiroteio no Leblon.

Quando Fernanda procura por Téo, ela mais uma vez pede a ajuda dele porque a filha Salete está doente e ela está passando por dificuldades financeiras – e que coisa mais fofa é ver novamente a Bruna Marquezine criança, gente. Téo não se nega a ajudar Fernanda, já que claramente eles têm algum tipo de envolvimento, mas ele também pede que ela tenha mais juízo e que cuide melhor da filha. Então, ele promete à Salete que irá visitá-la e que levará um brinquedo para ela, até porque a garota o adora. Neste primeiro capítulo já temos a Dóris implicando com seus avós quando o Seu Leopoldo quer ajudar com as compras e acaba sendo atropelado por uma bicicleta que estava transitando no local errado, na calçada. Então, ela culpa o avô por não ter tomado cuidado e por ter dado prejuízo com os ovos que quebraram. Assim, Leopoldo e a esposa Flora sentem que estão atrapalhando e ficam tristes por acreditarem que já são um incômodo. Tadinhos! Já me deu aquela vontade de chorar.

Quem aí já está preparado para odiar a Dóris mais uma vez, hein? Leopoldo e Flora simplesmente formam o casal de idosos mais fofo da televisão brasileira.

No velório da esposa de César, Laura, sua amante, se faz presente para demonstrar que está ao lado dele para o que ele precisar. Ela é apaixonada por ele, e, com a morte da esposa do médico, talvez ela tenha sua chance com ele. Ainda no velório, Paulinha aproveita para destilar seu veneno e seu preconceito quando Clara e Rafaela chegam para dar apoio para Marcinha e ela comenta com Luciana algo como “Essas duas não se largam. A gente chama elas de unha e carne, sei não…” – também já estamos prontos para detestar a Paulinha e seu preconceito. Mais adiante, Paulinha, Clara e Rafaela demonstram solidariedade à Marcinha pelo momento difícil que a amiga está passando… e realmente é um momento muito difícil. Em contraste com a tristeza de um velório, o capítulo nos mostra os preparativos para a cerimônia de casamento de Marina e Diogo.

Numa banheira coberta de espuma, Lorena está tomando um banho, bem diva e maravilhosa. Mas a porta do banheiro está quebrada e ela quer que seja consertada, naquele instante mesmo, enquanto toma banho. E ela não se importa com a presença de Argemiro e do filho Expedito, um jovem de 25 anos que desperta a atenção de Lorena. Quando acontece um acidente com o bolo de casamento que Vidinha e Rafael estão levando para a festa, Lorena se enfurece ao receber a notícia e, sem pensar, se levanta da banheira e acaba expondo sua nudez na frente de Argemiro e Expedito, que também não deixou de prestar atenção nela enquanto ajudava o pai no conserto da porta (hahahaha). Depois de passar a noite com uma garota em sua despedida de solteiro, Diogo acorda atrasado para o próprio casamento enquanto a mimada da Marina está dando um chilique porque está gorda por estar grávida dele e o vestido não está lhe caindo bem (rs) – Paloma Duarte sempre perfeita na atuação.

A cena mais impactante do capítulo é a do enterro da esposa de César. Debaixo de muita chuva, Rodrigo, o filho mais velho do casal, chega de São Paulo perto da hora do caixão descer à cova. E ele está revoltado porque César não esperou que ele chegasse para se despedir da mãe. Então, Rodrigo exige que o caixão seja aberto, acusa o pai de querer se livrar logo de sua mãe e culpa César pela morte dela. É uma cena tristíssima e muito forte, com Leonardo Miggiorin arrasando na atuação. Assim, quando o caixão é aberto, ele se despede do corpo da mãe com um beijo. Ainda no cemitério, Rodrigo e César voltam a discutir, porque ele culpa o pai por ser um monstro que não deu amor e carinho para a mãe, nem antes e nem depois da doença. Só que dessa vez César revida, culpando Rodrigo de ter acabado com a própria mãe por ser um marginal que passava dias fora de casa. E isso também contribuiu para a morte dela.

Logo, já sabemos que essa relação será bastante conturbada.

Ao comentar com Helena sobre o escândalo no enterro, Luciana acaba mencionando o nome completo de César – César Andrade de Melo. Então, Helena se dá conta de que seu amor do passado está morando novamente no Rio de Janeiro e que acabou de ficar viúvo. E ela fica muito mexida com a notícia. Depois, Raquel chega à escola Ribeiro Alves com uma carta de recomendação para entregar à Helena e tentar uma vaga como professora, mas a escola está fechada para férias. Raquel é recebida pela Edwiges, que é muito atenciosa, educada e a convida para dar um passeio com ela e com os cachorros que cuida para ganhar um extra – olha o convite da garota (hahahahaha). Na piscina da escola, Raquel vê um garoto nadando (o Fred) e ele chama a atenção dela. Porém, ela acaba perdendo ele de vista depois de se distrair com a Edwiges.

Na casa da Lorena, um tempo antes da cerimônia de casamento de Marina e Diogo, Helena demonstra para Heloísa e Hilda o quanto está encantada e entusiasmada com o fato de César ter reaparecido em sua vida, viúvo e justamente no dia em que ela declarou sua infelicidade no casamento. E sua cabeça já está cheia de pensamentos sobre ele. No calçadão, enquanto passeia com Raquel e os cachorros, um dos cães escapa e é atropelado por um motoqueiro, o gatíssimo do Cláudio, o garoto que nós já sabemos que se tornará o par romântico de Edwiges. E é nessa ocasião que os dois se conhecem, embora isso fique para o segundo capítulo. De volta ao casamento de Marina e Diogo, ele quer mais uma despedida de solteiro com a prima Luciana, que tenta se desvencilhar de suas investidas só que não consegue evitar que ele a beije. E a verdade é que esse amor de primos parece ser algo forte entre eles.

O Diogo é um safadinho (típico). Detalhe para a cena em que ele abre a porta do quarto em que Dóris, Estela e Elisinha estão seminuas e se arrumando para o casamento – "Desculpa, gente, posso entrar?" "O problema, Diogo, não é a gente deixar você entrar, é a gente deixar você sair depois". (rs) Porém, tudo acaba muito mal por conta do beijo de Diogo e Luciana, porque Marina e a mãe, Sílvia, flagram os dois no maior amasso. Logo, isso pode ser o fim do casamento que nem começou. E o capítulo termina com essa bomba (rs). Eu estou muito contente que “Mulheres Apaixonadas” esteja voltando à grade da Globo. É uma grande novela que aborda temas ainda tão presentes na sociedade e com discussões relevantes em meio a tantas histórias de amor. Na próxima segunda, poderemos relembrar essas histórias e nos apaixonar novamente por essas mulheres apaixonantes e apaixonadas – é muita paixão, gente (rs).

Simplesmente uma das melhores obras televisivas do Maneco, uma das mais inesquecíveis e mais emocionantes. Como eu já disse, uma novela que vale muito a pena ver de novo.

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