O Outro Lado do Paraíso – O julgamento de Elizabeth: Parte 3



“Eu sei o nome dessa mulher. É Maria Elizabeth Montserrat, MINHA MÃE!”
Não é nada fácil se deparar com um passado cheio de sofrimento quando se está num momento de fragilidade. Beth não esperava descobrir, em meio ao seu próprio julgamento, que Adriana, sua advogada de defesa, era na verdade a filha que ela teve que deixar para trás há anos por conta das armações de Natanael. E aquilo a impactou de uma forma intensa, é claro… era a primeira vez que ela escutava o nome completo de sua advogada, “Adriana Montserrat”, quando Patrick passou a função de dar o arrazoado final para a colega de trabalho. E foi ali que ela finalmente enxergou diante de quem estava, e de quem já havia estado tantas vezes, quando Adriana, querendo fazer seu trabalho de defesa, tentou tirar dela informações sobre seu passado e sua verdadeira identidade, informações que seriam úteis para a defesa de Duda/Beth, mas que ela se recusou a falar. Então, Beth não teve muito tempo de se recuperar daquela revelação, porque uma surpresa desagradável a esperava: a presença de Henrique, Jô e seu maior inimigo, Natanael, naquele julgamento. E foi aquela cena de tirar o fôlego!
Eles estavam ali para prestigiar o primeiro grande caso da carreira de Adriana, mas não imaginavam que a cliente dela era a mulher que sempre acreditaram estar morta, ou melhor dizendo, que Adriana estava tentando defender a própria mãe de uma acusação de assassinato. Beth estava emocionada, mas teve que criar coragem perante os fatos, porque estava diante de seus dois maiores inimigos e de Henrique, seu ex-marido, e ele era praticamente a terceira maior vítima das armações de Jô e Natanael, depois de Beth e Adriana. E eu adorei a coragem de Beth em se manifestar, porque, agora, ela estava decidida a falar… e posso dizer que eu teria a mesma atitude um tanto quanto revoltada de Adriana diante daquilo – “Quer falar? Agora a senhora quer falar?” –, afinal de contas, era basicamente um pouco tarde demais para Beth querer dizer alguma coisa mesmo. Porque ela havia tido tempo suficiente para falar o que quisesse, e Adriana tinha trabalhado arduamente para arrancar alguma verdade dela.
Assim, Gustavo pensa que aquilo é algum jogo de cena da defesa, mas quando Patrick intercede por Duda – pois se ela queria falar provavelmente era porque tinha algo novo a acrescentar –, o juiz permite um novo depoimento da ré… e depois que o promotor não consegue nada de novo que pudesse ser acrescentado nos altos, chega a vez de Adriana interrogar Duda. E eu gosto de como ela, antes de passar a palavra para sua cliente, fala sobre Duda nunca ter dito nada, e nem ter dado nenhuma ajuda para sua defesa – até eu, se fosse a Adriana, ia querer dar uns tapas na Beth por só ter tido vontade de se manifestar aos 45 do segundo tempo, com quase tudo perdido… mas, enfim, ela tinha seus motivos: seus inimigos estavam presentes, e ela podia sentir que sua decisão de falar colocaria medo em Jô e Natanael, além de ser sua oportunidade de ser declarada inocente pelo júri e, assim, colocar um fim naquilo tudo e poder se reaproximar de Adriana.
Então, emocionada e tensa por estar diante de Adriana, Beth depõe e fala tudo sobre sua relação com Laerte, e o fato de ele a ter chantageado depois que descobriu coisas sobre o seu passado; ela fala sobre ter ido parar em Pedra Santa para recomeçar a vida – e nós sabíamos muito bem o motivo: fugir das perseguições da peste do Natanael; fala sobre suas duas filhas, da qual a primeira nunca teve contato (Clara); sobre ter se envolvido com um amante e seu marido a ter perdoado por isso; sobre o acidente envolvendo aquela suposta morte de Renan, o amante, colocando em evidência que tal crime ia cair sobre ela; sobre como tudo o que fez (seu sumiço) foi para proteger sua filha da imagem de uma mãe assassina; de como não podia ser a responsável por destruir a carreira de diplomata do marido; e, por fim, de um acidente forjado, que acabou culminado em seu desaparecimento, a dando como morta. E é um depoimento comovente, embora Beth tenha mantido a discrição, sem revelar o quanto Natanael era o responsável por todas as desgraças em sua vida. E teria sido maravilhoso se ela o desmascarasse ali mesmo.
Mas Adriana não é burra, e o caso da “Mulher sem nome” estava prestes a ganhar um: Elizabeth! Ela reconheceu parte da história de sua cliente como sendo algo semelhante a algum fato da vida dela, quando Duda falou sobre o “acidente forjado”. Porque ela recordou que sua mãe havia morrido num acidente de lancha. Então, ao confrontar Duda sobre o acidente forjado ter sido a “explosão de uma lancha”, Beth confirma, e é tudo muito doloroso para ela, porque ela sabe que está prestes a ser descoberta, com a expressão de Adriana ligando os pontos e chegando a uma conclusão – “Senhores jurados, senhor juiz… Eu sei o nome dessa mulher. É Maria Elizabeth Montserrat, MINHA MÃE! Que cena, meu Deus! Adriana estava em prantos, e Beth não se aguentou diante do fato de ter seu passado vindo à tona. E eu amei a troca de olhares entre as duas, porque ambas estavam sentindo o peso do sofrimento sobre elas, assim como gostei de Adriana desvendando todo o mistério e dizendo, com um certo orgulho, que aquela ré era sua mãe.
E o julgamento da “Mulher sem nome” passava a ser o julgamento de Elizabeth, criando o maior alvoroço nos presentes com tamanha revelação – como eu aplaudi o Walcyr por essa cena. E é claro, CHOREI! E se Adriana estava emocionada, a ponto de misturar a seriedade de sua profissão com suas emoções, Beth estava muito mais… uma de suas filhas estava ali, diante dela, e não havia nenhuma dúvida quanto a ligação entre elas, tal como não havia entre a sua com Clara. Mas aquilo foi pesado demais para Beth, que passa mal ao ter uma isquemia e desmaia, causando a suspensão de seu próprio julgamento. OH, GOD! E lá vinha mais sofrimento pela frente… então ela é internada às pressas, e tudo o que Adriana queria saber era o motivo pelo qual sua mãe, que ela sempre pensou estar morta, havia desaparecido durante tanto tempo sem nunca ter dado notícias. Assim, o impacto da emoção de saber que ela estava viva ia se transformar em algo mais ferrenho, porque Adriana passaria a pensar que Beth a abandonou.

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