O Outro Lado do Paraíso – Clara vai parar no Hospício



Quando Clara (Bianca Bin) percebe que caiu na bem articulada armadilha de sua sogra, Sophia (Marieta Severo), a jovem se vê sem saída. Trancafiada no hospício Santa Justina, um macabro lugar que usa métodos antigos e violentos para conter os ataques de seus perturbados pacientes com transtornos mentais, Clara encontra uma válvula de escape. Enquanto perambula pelo sinistro hospital psiquiátrico após ter sido submetida logo que chegou ao lugar a uma sessão de choque elétrico, ela conhece Beatriz (Nathalia Timberg), uma velha senhora que a aconselha sussurrando em seu ouvido para que ela não tome os medicamentos distribuídos por uma enfermeira. Clara segue seu conselho escondendo a medicação debaixo da língua.
Beatriz, a simpática e lúcida senhora, sabe que Clara não é louca, e percebe de imediato que a jovem foi vítima de uma armadilha assim como ela, que já está no hospício há muitos anos. Pelo seu bom comportamento, Beatriz conseguiu ter certos privilégios dentro do manicômio, como, por exemplo, montar uma biblioteca, e é lá que ela tem uma conversa franca com Clara ao lhe dizer que daquele lugar horrendo a jovem jamais sairá. Ela instrui Clara a como se comportar dentro do hospital psiquiátrico para não ser prejudicada, e como deverá agir se caso quiser realmente sair do lugar. Cria-se, então, uma linda amizade entre as duas que se unem em um único propósito, conseguir tirar a jovem de Santa Justina.
A sábia e experiente velha conta sua história para Clara. Fabiana (Fernanda Rodrigues), sua neta, armou para que ela fosse parar no hospício, e, assim, ficar com sua riqueza. Beatriz era uma milionária dama da sociedade carioca que se apaixonou por um homem mais jovem. Sua neta, sabendo que poderia ficar sem a herança caso ela se casasse, arquitetou um plano para que todos pensassem que ela estava louca, e conseguindo sua interdição, a trancafiou também no manicômio.
Quando Clara decide falar sobre sua vida antes de ir parar no hospício, Beatriz, logo, mata a charada ao notar que a jovem foi tão vítima quanto ela de um plano maquiavélico por conta de dinheiro quando Clara menciona a história das esmeraldas. A pobre moça junta as peças do quebra-cabeça com a ajuda da nova amiga lembrando-se do passo a passo do plano de Sophia, a forma como foi drogada, o delegado que pediu sua avaliação psiquiátrica, a ida ao psiquiatra e a interdição liberada pelo juiz. Pensando que Gael (Sérgio Guizé), seu ex-marido, está envolvido no plano de sua ex-sogra para conseguir explorar as esmeraldas, Clara se enche de fúria.
A jovem jura vingança a todos que lhe fizeram mal, o delegado, o psiquiatra e o juiz…
Ao notar que da mente da jovem o plano de vingança jamais sairia, Beatriz começa a treinar Clara para que ela se sinta preparada quando sair do hospício e enfrentar seus inimigos. Com toda dedicação, a culta e inteligente senhora ensina a nova amiga a se tornar uma verdadeira dama. Clara têm aulas de literatura, etiqueta, línguas, gramática portuguesa, tornando-se uma educada jovem mulher, além de treinar com determinação e garra o seu físico, caso precise usá-lo na hora da fuga.
O sonho de liberdade de Clara passa a ser o mesmo da bondosa amiga que decide ajudá-la fielmente. Sabendo que com determinação e coragem, Clara conseguirá fugir do manicômio, Beatriz revela a ela que sua neta não conseguiu roubar toda sua fortuna, a ex-milionária, abandonada no hospital como louca, escondeu antes de ser interditada três obras de arte pintadas por renomados artistas que valem milhões, e decide doá-las a jovem para que ela recomece sua vida longe do manicômio e possa destruir seus adversários. Mas para isso, Clara precisará se infiltrar na casa que era de Beatriz, onde atualmente vive sua neta, Fabiana, quando conseguir sair do hospício.
Desconfiado por conta do desaparecimento repentino de Clara, pois Sophia e Lívia (Grazi Massafera) inventaram que a jovem havia fugido com outro homem, Renato (Rafael Cardoso) descobre onde Clara está ao ver escondido no computador de Sophia um comprovante de pagamento da mensalidade do hospício. O médico (Renato) consegue um emprego no hospital psiquiátrico na tentativa de salvar sua amada do lugar. Ao ver o amigo no hospício, Clara se enche de esperança. Felizes, eles se abraçam e o jovem diz que a ama prometendo tirá-la do tenebroso lugar. Clara se sente com as forças renovadas, mas para que nada dê errado, eles precisam manter sigilo e ninguém pode sequer perceber que eles se conhecem.
Infelizmente, a bondosa amiga de Clara fica muito doente. Beatriz falece com a jovem amiga ao seu lado, deixando Clara desolada por perdê-la, pois o plano da moça era também um dia ver a amiga livre, mesmo que Beatriz a tenha dito antes de morrer que para ela não havia esperanças em sair do lugar por conta de sua idade avançada. Porém, antes de morrer, a velha senhora deixa uma carta que ela mesma ditou para que Clara escrevesse dias antes, dando plenos poderes legais à jovem sobre as obras de arte, e pediu que ela procurasse por Patrick (Thiago Fragoso), seu amável sobrinho e advogado que a ajudará em tudo que Clara precisar.
Com a morte de Beatriz, Renato tem uma ideia para tirar Clara do hospício, trocar o corpo falecido da amiga da jovem pelo dela no caixão. Clara teme que algo possa sair errado, mas acaba aceitando a ideia, pois é a única chance que tem de conseguir escapar da prisão psiquiátrica, além de ver a situação como sendo uma última ajuda de sua amiga mesmo morta. Clara entra no caixão e Renato a tranca dentro, esperando que tudo saia bem e consiga recuperá-lo com o corpo de Clara antes que ela seja enterrada. Mas as coisas não saem como o esperado; ao conversar com o diretor da instituição, Renato descobre que os cadáveres do manicômio não são enterrados, e sim jogados no mar, já que nenhum familiar se importa com os parentes trancafiados e abandonados pelos mesmos na instituição.
Clara começa a perceber que algo está errado, os funcionários do hospício caminham com o caixão rumo à beira do abismo. Com enormes pedras amarradas à rústica caixa de madeira, para que ela afunde mais rápido, eles lançam o caixão no mar de cima do penhasco. A jovem sente o impacto de seu corpo preso dentro do cubículo de madeira na água, e luta com uma enorme agonia para abri-lo e conseguir se salvar. Após muito se debater ficando sem fôlego, Clara consegue abrir o caixão e chegar à superfície da água. Depois de tanto nadar, ela é socorrida por pescadores que a escutam gritar por socorro. Eles a levam para a casa de Duda (Glória Pires), que reconhece Clara mesmo a tendo visto uma única vez na vida, na época em que morava no Rio de Janeiro e a ajudou a fazer compras em uma loja quando, na ocasião, Clara passava sua lua de mel na cidade maravilhosa.
Após cuidar de Clara, Duda desconfia da história que a jovem conta sobre estar em um barco turístico que afundou no mar. Ela acaba dizendo a verdade sobre ser uma fugitiva do hospício isolado na ilha de onde ninguém nunca conseguiu escapar. Temendo que Duda a denuncie, a jovem se desespera, mas a amiga, pois é assim que as duas se veem, uma vez que o destino colocou não por acaso uma na vida da outra novamente através da situação, ajuda Clara a sair da pequena cidade onde mora quando ouve a sirene do hospício tocar várias vezes anunciando que alguém fugiu do lugar. Duda arruma algumas coisas para Clara apressadamente e lhe dá o pouco dinheiro que tem para que a jovem saia de sua casa o mais rápido possível, para que não seja encontrada e nem trancafiada novamente no macabro hospício.
Com a ajuda de Duda, Clara consegue uma carona e parte para o Rio de Janeiro. Seu próximo passo? Conseguir se infiltrar na antiga mansão de Beatriz que agora pertence a maldita neta de sua falecida amiga.
Opinião do Blogueiro
Walcyr Carrasco é mesmo um autor que gosta de CAUSAR! Ao criar um roteiro para as cenas em que a personagem de Bianca Bin, Clara, fica trancafiada em um HOSPÍCIO, o novelista revelou-se um verdadeiro mestre do TERROR. Eu amei os capítulos onde Clara permanece por anos enclausurada em um manicômio com métodos arcaicos e violentos de tortura em seus pacientes com transtornos mentais.
Como um amante do gênero (Terror), nada melhor que um hospício macabro, bizarro e perturbador para enfatizar a brilhante ideia de Carrasco de fazer nossa mocinha sofrer bastante até se tornar uma mulher determinada e cheia de coragem e sangue nos olhos para se vingar de seus inimigos.
Aliás, as cenas de Bianca foram maravilhosamente interpretadas pela atriz. Eu realmente me arrepiei por diversas vezes durante esta parte da trama com a atuação da nossa mocinha. Todos os sentimentos que a personagem sentiu, eu, juntamente com ela, também senti (medo, revolta, raiva, ódio de seus adversários, além de muita sede de vingança).
Me emocionei bastante com a cena em que Beatriz, personagem de Nathalia Timberg, se despede de sua pupila em seu leito de morte. A veterana atriz se despiu de qualquer vaidade para dar vida a uma ex-dama da sociedade carioca, também interditada no hospício Santa Justina. Não posso deixar de comentar que, na linda e emocionante amizade entre as personagens de Bianca e Nathalia, foi lindo de ver como Beatriz cuidou e instruiu Clara dentro do manicômio (Chorei!).
Enfim, foi um momento da trama muito envolvente e de ótima qualidade.

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