Deus Salve o Rei – A reconciliação entre Ulisses e Romero


“VOCÊ É O MAIOR GUERREIRO QUE EU JÁ CONHECI NA MINHA VIDA! E EU TENHO MUITO ORGULHO DE SER SEU PAI.”

Ulisses é um dos meus personagens favoritos em “Deus Salve o Rei”. E ainda hoje, eu me emociono com a trajetória dele na novela, além de poder dizer, também, com todas as letras, que o papel de Giovanni De Lorenzi foi o preferido de muitos fãs da trama – eu ainda vejo posts na internet, da legião de fãs que o ator conquistou, elogiando seu trabalho na novela, além de também elogiarem sua humildade como ser humano, e a fofura que era o seu personagem, Ulisses, na trama. Ulisses realmente foi um personagem que conquistou o público, e eu me incluo como um dos milhares de telespectadores que foram conquistados por ele. O personagem teve uma história linda e comovente, quando o assunto era seu sonho de ser cozinheiro, e, por um momento, eu cheguei a pensar que os autores revelariam que Ulisses seria um personagem GAY, por conta de algumas cenas no início da trama que davam a entender que ele poderia seguir por este caminho.
Se Ulisses fosse mesmo um personagem gay, isso só me deixaria ainda mais encantado por ele, mas gosto do fato de os autores não seguirem esse caminho, no fim das contas, e explico o porquê: todo homem que gosta de cozinhar, ou que domina uma arte que durante séculos foi designada às mulheres, necessariamente tem que ser gay? Claro que não, né? Os gays podem gostar do que quiserem! Assim como héteros também. É ridícula a concepção de que meninos não podem gostar de coisas de meninas, ou vice-versa. Para começo de conversa, NÃO EXISTE “COISAS” DE MENINOS OU MENINAS. Esse tipo de pensamento preconceituoso já caiu faz tempo! E se ainda há algum resquício dele, ele precisa ser eliminado já. Simplesmente por este motivo, eu não torci para que Ulisses fosse gay, e, sim, para ser um hétero que simplesmente gostava de cozinhar. E esse era um charme do personagem – o fato dele ser um heterossexual que amava tal ofício, e que ainda mantinha uma sensibilidade de coração maravilhosa, demonstrando que héteros podem ser sensíveis também!
Então, Ulisses passou por diversos preconceitos na novela – como o de Brumela, que, de início, não gostou nada da ideia de ter um homem na cozinha. Mas o principal preconceito veio de Romero, seu pai, que jamais admitiu o fato de ter um filho que não seguia a tradição da família: a carreira militar. Porque para ele, cozinhar não era profissão para homem. Com Brumela, Ulisses foi tirando de letra – eu amava as cenas em que ele ousava nos pratos inovadores que criava para as refeições dos monarcas no castelo, o que a deixava furiosa, por conta da desobediência dele em não seguir suas ordens. E um desses “pratos inovadores” rendeu sua demissão, naquela vez em que ele assumiu a cozinha do castelo, porque Brumela não estava bem e preparou aquele “cordeiro ao molho de ameixas” que Rodolfo adorou. Então, Brumela sentiu inveja de Ulisses, e depois de preparar o mesmo prato, porém sem o mesmo sabor do de Ulisses, Catarina reclamou e ordenou que fosse designado a Ulisses a preparação daquele prato… assim, com inveja e medo de perder seu posto, Brumela o demite.
Mas as coisas com a chef do castelo acabam se resolvendo, quando Brumela, depois de ouvir de Catarina mais reclamações sobre o cardápio repetitivo do castelo, recebe ordens da mesma para recontratar Ulisses. Então, Brumela reconhece que errou. E ela vai atrás de Ulisses, para lhe fazer uma proposta de retomar seu posto de um dos cozinheiros do castelo. E ele acaba como chef, depois que ela não suporta tantos elogios a ele e se demite. Assim, Ulisses está quase completamente feliz, porque ainda lhe falta convencer Romero de que cozinhar é um de seus motivos para viver. E desde que enfrentou o pai, e decidiu que não desistiria de seu sonho, Ulisses passou a sofrer com a rejeição de Romero, com cenas em que era desprezado pelo próprio pai, que fazia questão de não o reconhecer mais como filho… então, Ulisses guardou suas mágoas e seguiu em frente sem a aprovação de seu pai.
E nada era mais revoltante do que as insistências de Romero em tentar fazê-lo voltar para a Academia Militar de Montemor. Então, Ulisses precisava sempre lembrar seu pai de que uma carreira militar não era o seu sonho, e era frustrante para ele que Romero não o compreendesse. E essa insistência de Romero era ridícula! Assim como é ridículo que as pessoas não aceitem o próximo como são, simplesmente pelo fato do próximo não gostar das mesmas coisas que elas – aceitar as diferenças faz bem, porque ser “diferente” é normal! Então, foi preciso que Ulisses ficasse entre a vida e a morte, quando contraiu a peste, para que Romero passasse a rever seu comportamento preconceituoso contra seu filho. Então, ele tenta se reaproximar de Ulisses. Mas as coisas já se complicaram demais, porque Ulisses criou uma barreira contra seu pai, e muita mágoa e rancor os haviam afastado. Assim, vendo seu único filho à beira da morte, Romero sente remorso por toda a rejeição e desprezo que fez Ulisses passar.
Logo, com medo de perder Ulisses, Romero aceita as escolhas que o filho fez para a própria vida. E ele desabafa, depois que Ulisses começa a se recuperar da peste, quando diz que “sentiu medo de perdê-lo”. Então, Ulisses o confronta, ao dizer que “tudo o que sempre quis ser era apenas um filho”, e que “sempre enxergou Romero como pai, e não como comandante”. Assim, ambos abrem seus corações! E Romero não esconde o medo que sentiu quando viu seu filho entre a vida e a morte, e acaba revelando que quando esse sentimento veio à tona, nada mais tinha importância, a não ser a vida de Ulisses. Porque tudo o que queria era que ele sobrevivesse à peste, e que continuasse sendo o seu filho, além de ter se dado conta de que não poderia desejar que Ulisses fosse feliz de uma determinada maneira, porque ele só seria feliz da maneira dele – “Você é o maior guerreiro que eu já conheci na minha vida! Eu tenho muito orgulho de ser seu pai”.
Assim, nos emocionando, e enchendo a cena de comoção, pai e filho se abraçam, se perdoam e se reconciliam! E agora não há mais distâncias entre eles, porque ambos nunca deixaram de amar um ao outro. Era a compreensão e o respeito, um pelo outro, que precisavam entrar em cena na vida deles, para provar que sempre é possível conviver com as diferenças, sem precisar romper com os laços de amor que existem entre pais e filhos, ou seres humanos.

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