O Sétimo Guardião – Stella decide enfrentar Mirtes



Um dos grandes acertos de Aguinaldo Silva em “O Sétimo Guardião” foi a criação de Mirtes e Stella. A clássica e eterna rivalidade entre sogra e nora me conquistou desde o início da novela, onde Elizabeth Savalla e Vanessa Giácomo já vinham protagonizando belas cenas de conflitos entre suas respectivas personagens – o que me enchia os olhos com o imenso talento das duas em suas atuações! Stella é uma personagem com problemas de alcoolismo, enquanto Mirtes é uma beata amargurada – com o desejo de limpar a cidade de todos os pecados e instalar o pilar da moral e dos bons costumes, porque ela se define como uma mulher virtuosa, honesta e digna de zelar e prezar por este pilar em Serro Azul. Mas nós sabemos que ela é uma falsa boa alma, além de ser uma fingida, que se esconde atrás da máscara da religiosidade para infernizar a vida de todos que julga estarem fora da linha, inclusive Stella, a nora que ela tanto detesta e que tem o maior prazer em humilhar sempre que há uma oportunidade.
Mirtes está sempre provocando situações onde Stella possa cair na tentação de seu vício, e, assim, provar que a nora não serve para seu único filho vivo, Aranha. Logo, ela faz de tudo para separá-los. E as cenas são maravilhosas, porque Elizabeth Savalla faz uma excelente composição de sua personagem: Mirtes é muito cínica e dissimulada! E eu me lembro de suas primeiras cenas, onde ela brilhou tanto, que eu cheguei a confundir a atriz com sua personagem. E eu adoro quando isso acontece, porque é sinal que um bom trabalho está sendo bem executado. Então, a trama envolvendo Stella e Mirtes já começou em pé de guerra. E lá nos primeiros capítulos, Stella, bêbada, dá aquela bofetada na sogra, quando a vilã tenta envenenar o relacionamento dela com Aranha, e depois finge, de forma bem cínica, querer sempre o “melhor” para sua nora. E Stella sabe que é tudo uma mentira. Assim, tivemos grandes cenas entre as duas, como aquela em que Mirtes prepara aquele jantar em família só para terminar tocando na ferida de Stella – o fato dela ser estéril.
E depois de criar uma situação em que Stella perde a paciência, Mirtes joga em sua cara “que ela jamais terá uma família, porque não pode ter filhos”. E quem acaba nesse fogo cruzado é Aranha, pois ele ama tanto a mãe quanto a esposa. E eu gosto como ele não cai nas armadilhas de Mirtes para separá-lo de Stella, porque ele sabe a mãe “incrível” que tem, assim como se dá conta da esposa maravilhosa que Stella é, mesmo que ela tenha problemas de alcoolismo e que ele tenha que socorrê-la sempre, quando ela bebe e dá vexames. Logo, Stella também tem suas amarguras: ela não gosta de ser uma alcoólatra. E ela tenta se livrar do vício que fala mais alto do que sua própria vontade, mas não consegue! Então, Stella não imagina um sentido para sua vida se Aranha a deixar por conta de sua doença, e sua realidade de mulher com problemas de alcoolismo é bem deprimente, porque Stella não é feliz sendo uma alcoólatra, assim como não é quando precisa recorrer a bebida para suportar as humilhações de Mirtes, ainda que ela nunca abaixe a cabeça na frente da sogra para não dar a vilã o gostinho de vê-la sofrer.
Ainda que Stella lute contra seu vício, as coisas continuam piorando ou permanecendo na mesma, porque Mirtes faz questão de colocar, sempre que pode, sua nora em situações onde uma garrafa de bebida sempre poderá lhe fazer companhia. Além se sempre provocá-la com a ideia de que Aranha um dia “acordará” do casamento fracassado que vive com ela e a deixará, o que faz Stella preferir se matar, caso isso aconteça – e Vanessa Giácomo arrebenta tanto em cena, que eu chego a sentir compaixão por Stella. Porque a personagem é tão humana, que é impossível não se comover! Então, Mirtes não esconde o prazer que sentirá em ir “mijar todos os dias no túmulo de Stella”, se isso realmente vier a acontecer. E as coisas acabam se complicando para Stella, quando Aranha a flagra na companhia de Stefânia, a nova amiga de sua esposa e prostituta no cabaré da Ondina. E ele tem uma atitude preconceituosa quanto a amizade das duas. Então, Aranha diz que se Mirtes souber que Stella esteve no cabaré ela poderá expulsá-la de casa.
Cansada das intrigas e humilhações de sua sogra, Stella enfrenta o marido quando o coloca contra a parede e pergunta se ele “seria capaz de peitar a mãe por ela”. Logo, Stella se embriaga mais uma vez, porque já que vai ser expulsa de casa é melhor dar um motivo real para a megera expulsá-la. E ela sai pelas ruas de Serro Azul, embriagada, e acaba encontrando Mirtes rezando na igreja, naquela cena em que a beata reza mais alto que todo mundo só para demonstrar o quanto é devota e santa… então, Stella, bêbada, a confronta dentro da casa de Deus, e as duas se enfrentam – “Falsa beata. Bruxa! Se faz de santa, não é, Mirtes? Mas você não passa de uma reles pecadora… você não me engana. Você é má, minha sogra! Você gosta de ver as pessoas que a cercam, infelizes”. Assim, depois de trocarem farpas, e de Mirtes declarar que é uma “pessoa virtuosa” e exigir que Stella a respeite, as duas se atracam dentro da igreja. E aquilo tudo acaba com Mirtes expulsando Stella de sua casa.
Assim, depois de chegar a tempo de impedir que algo pior aconteça, Aranha tem uma atitude maravilhosa, quando decide deixar de viver debaixo do mesmo teto que Mirtes, para apoiar a esposa e ir viver com ela em outro lugar, porque como todos já sabemos, ele conhece a mãe maldosa que tem, e sabe o quanto sua presença já prejudicou e ainda prejudica o psicológico de Stella… e os dois vão morar na pensão da Ondina. E eu adoro quando, ainda na igreja, Mirtes não acredita que ele tenha coragem de abandoná-la, e dá um chilique, desmaiando diante de todos, enquanto Aranha prefere amparar a esposa ao invés da mãe. Então, lúcida, Stella não imagina que o marido será capaz de abandonar a Mirtes por ela. E Aranha demonstra que está ao seu lado da melhor maneira possível, enquanto Stella arruma suas malas para ir embora: “…Eu nunca vou sentir saudades de você, porque eu vou estar sempre ao seu lado”. E eles se abraçam e dizem o quanto se amam. Quantas sequências de cenas maravilhosas! Que interpretações impecáveis!
Logo, parece que o jogo vira, quando Stella recebe conselhos de Ondina e Adamastor “para enfrentar a megera de uma vez, porque já sabia, quando se casou com Aranha, que ela vinha no pacote”. Então, Stella decide agir de forma diferente com Mirtes, a enfrentando com o bem. Ela não quer mais rivalidades entre elas, agora, ela quer fazer a vez de “amiga” de sua sogra. E elas protagonizam mais uma cena incrível: dessa vez, Mirtes realmente passa mal, depois de rogar uma praga em Stella, João Inácio e todos da pensão da Ondina, quando vai falar com Aranha no local e acaba discutindo com todos. E a megera ainda tem um outro ataque na posse de Junior como novo Secretário de Educação e Cultura, e passa mal novamente. Então, Stella é ardilosa – eu amo quando ela passa a agir assim –, e vai cuidar de sua querida sogrinha no hospital. E a bruxa arma o maior escândalo, quando acorda e vê que é Stella quem está cuidando dela, porque Mirtes não acredita que a nora tenha boas intenções com ela. E a vilã tem um surto, com medo de que Stella lhe faça mal.
Logo, Stella percebe que é hora de uma vingança. E ela banca a falsa, quando nota que Mirtes ficou completamente perturbada, por conta da suposta transformação da nora em uma nova pessoa com intenções de ajudá-la – “Eu só estou te tratando como a senhora sempre me tratou… você só está provando do próprio veneno. Viu como é bom?”. Dali em diante, Stella pretende ser uma boa samaritana, para dar o troco na vilã e infernizar a vida da megera, até que Mirtes entre num verdadeiro colapso nervoso. Amei!

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