Deus Salve o Rei – Brice é condenada à fogueira

Brice (Bia Arantes) é uma das personagens mais interessantes da novela, é uma pena que ela pouco apareça, e quando aparece, me parece que ela apenas serve para ser coadjuvante nas próprias cenas: a personagem de Bia só serve para fazer “um feitiço aqui, outro ali”, além de apenas surgir na trama como uma ponte para que outros personagens se enalteçam… e isso me aborrece! A atuação da atriz está maravilhosa; eu me arrepiei ao vê-la executar o feitiço que fez Amália (Marina Ruy Barbosa) perder a memória, e gostaria de ver, e ter, mais do dia a dia de Brice, isso seria bem mais útil, instigante, além de poder ser mais explorado na história.

Ainda assim, toda vez que ela surge em uma cena, eu fico encantado! Brice me prende na tela, e me faz querer ter mais dela em ação; existem personagens bem mais inferiores que o de Bia Arantes com mais visibilidade, e sem utilidade, que deveriam aparecer mais esporadicamente do que ela na novela. Seria sensacional ver Brice se apaixonar por alguém, interagir mais na história com outros personagens, e, é claro, fazer mais feitiços; porque isso ela faz muito bem! (Fica a dica)… eu adoro a sensualidade da personagem, além de seu figurino: embora seja limitado, como deve ser, por se tratar de uma novela medieval, uma época em que ninguém trocava tanto de roupa assim como hoje em dia. (Risos)

Mas, vamos ao que interessa?

Quando Brice se tornou protagonista em sua própria trama, na novela, isso durou bem pouco. Que pena! Mesmo assim, eu amei! Brice estava sem forças, começando a envelhecer… suas mãos já estavam envelhecidas, e essa velhice estava se alastrando pelo corpo, até que ela, na floresta (outro cenário que eu amo quando ela aparece), encontra um homem viril, o seduz, o beija, e consegue roubar sua vitalidade transmitindo a ele sua velhice, quando suga suas forças. Sensacional! Com a intenção de retornar a Montemor, ela chega à cidade, mas uma surpresa a está aguardando; Virgílio (Ricardo Pereira), que havia pagado a ela pelo feitiço contra Amália, há um tempo atrás, a vê e, revoltado, vai falar com ela. O comerciante culpa a bela bruxa por ter perdido Amália, enquanto Brice lhe diz ter feito sua parte no acordo: realmente a feiticeira fez o que lhe foi designado, e deixou bem claro que não garantia nenhum sucesso nesse plano. Em resposta a ira de Virgílio, ela diz: “Magia nenhuma é capaz de destruir o que Amália sente por Afonso, e que nunca sentirá por você”. (Tapa na cara de Virgílio).

Furioso, ele a agarra pelo braço e diz a todos da cidade que ela é uma bruxa. Um alvoroço começa, Rodolfo (Johnny Massaro), que já foi vítima dos feitiços de Brice, e cavalgava de passagem pelo local, acaba percebendo o que estava acontecendo e ordena aos guardas que a prendam. Na sala do trono, ele emite outra ordem: queimar a bruxa, após consultar Orlando (Daniel Warren), o novo patriarca da fé, sobre o que as escrituras diziam a respeito de feiticeiras. A resposta foi a mais clara possível: Não há perdão para uma bruxa, e o seu destino é a fogueira.

Quando eu pensei que a história fosse chegar no seu ápice, com Brice sendo levada para a fogueira para ser queimada viva, pois Rodolfo havia decidido fazer daquele momento um espetáculo para os plebeus, a história acabou ficando “morna”, e a sensual feiticeira terminou se safando sem precisar usar seus poderes (o que eu esperava que ela fizesse quando estivesse na fogueira). Brice recebeu a ajuda de Selena (Marina Moschen), que havia ficado indignada por terem condenado a bruxa à fogueira, sem ao menos o direito de um julgamento. Mais uma vez a personagem acabou virando coadjuvante em suas cenas, embora, desta vez, até que tenha sido aceitável. Selena estava naquela fase de transição, de se aceitar como bruxa e precisava de um “choque de realidade” como esses, para entender que precisava defender pessoas como ela, pois um dia poderia ser ela a estar em uma fogueira.

A jovem guerreira conseguiu entrar na masmorra, pegar a chave da cela e libertar Brice, enquanto Rodolfo ficou com aquela cara de Tacho perante o povo ao saber que a feiticeira havia “sumido”. Os plebeus, com sede de violência, acabaram se dispersando, deixando o rei mais desacreditado do que já estava perante eles. Na floresta, mais uma vez, Brice aconselha Selena a fugir enquanto há tempo, e, então, ela desaparece novamente, pra, sabe lá Deus quando, poder dar o “ar da graça” na trama de novo.

Mesmo parecendo uma parte da trama para encher linguiça (eu adorei ver Brice, mas esperava mais, tudo se resolveu rápido demais, e em um só capítulo, o que me deixou decepcionado, pois queria um melhor desenvolvimento desta história), ainda assim, eu consegui fazer uns links da Idade Média, época em que a trama se passa, com a realidade em que vivemos. Primeiramente, Virgílio estava cobrando de Brice, um ser que não deixava de ser superior, pois tinha poderes, algo que ela não poderia lhe dar, o amor de Amália em troca de algumas moedas. Nós fazemos a mesma coisa quando alguém faz algo por nós que não é “tão certo fazer” (me refiro a coisinhas bobas do cotidiano), e não sai como o planejado: culpamos a pessoa. Nós podemos errar, mas o próximo não. Em segundo lugar, o medo do desconhecido (outra religião, ou credo) nos faz agir de forma preconceituosa e cheia de julgamento, como fez Rodolfo ao querer queimar de uma vez a personagem, e tudo o que não está muito claro para nós parece ser o errado. (Não é bem assim.)

Mas Brice se safou, e eu espero ter mais da personagem muito em breve, pois eu adoro esse UNIVERSO de bruxas!

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