Deus Salve o Rei – Alguns episódios cômicos de Lucrécia no Convento
A
estadia de Lucrécia (Tatá Werneck) em um convento foi realmente um dos momentos
mais divertidos da personagem na novela. A ex-rainha estava mesmo decidida a se
tornar uma mulher de Cristo, mas a cada tentativa de ser uma religiosa, uma
tentação se apresentava em sua vida a desviando do caminho da santidade, e isso
havia se tornado a parte mais divertida da trama, pelo menos em minha opinião.
Lucrécia precisou fugir de Mirtes (Maria Manoella) o tempo todo para não perder
seu foco na vida religiosa: a prima de Catarina era um recipiente enorme de
tentações, que se apresentava para a atrapalhada nova noviça como uma bandeja
de prata “repleta de deliciosas frutas proibidas”.
Mirtes,
diferente de Lucrécia, não estava no convento para se tornar uma alma pura,
muito pelo contrário, ela estava lá apenas para fugir de um compromisso
matrimonial indesejado, e por isso não estava nem aí para as regras impostas
pela madre superiora. Por dividir o quarto com Lucrécia, ela estava sempre
induzindo a vida da ex-esposa de Rodolfo (Johnny Massaro) ao pecado. Eu não me
esqueço aquela vez em que Lucrécia, para fugir da companhia pecaminosa da colega de quarto, pediu a madre para trocar sua tarefa do dia, que era descascar cebolas com
Mirtes, para outro trabalho no convento: a superiora a colocou para cuidar dos
órfãos, pois já que havia estudado arte, ela ficaria incumbida de ensinar o
ofício da pintura para as crianças. Mas de anjinhos as crianças só tinham a
cara, e uma delas acaba jogando tinta em Lucrécia, e foi divertido ouvir ela
dizer quando uma das pestinhas vira as costas para ela, “Não vire as costas para a professora”, mas a pestinha estava se
lixando para ela, e Lucrécia volta a falar, “Eu
te perdoo, porque perdão é uma palavra muito bonita”.
O pior
acontece quando os diabinhos fazem da
aula uma verdadeira algazarra deixando Lucrécia louca, e sem o menor controle
sobre eles, sem falar que ela perde de vista uma das meninas, e para encontrar
a pirralha ela teve que se submeter a uma verdadeira caça à pestinha; a pequena fez de Lucrécia gato
e sapato ao correr pelo convento, e não foi só isso, ela ficou grudada na
vidraça de uma janela, imóvel, feito uma lagartixa com os braços e pernas
abertas, passando despercebida pelos olhos da amalucada nova noviça. A menina
passou a brincar de esconde-esconde
com ela, se escondendo em lugares onde uma criança não deveria estar como, por
exemplo: a sala da superiora, que foi onde Lucrécia a encontrou depois de muito
esforço, debaixo da mesa da madre.
A religiosa-mor acaba entrando em sua sala
achando estranho a presença da ex-rainha no local, e Lucrécia tem que inventar
uma desculpa de que havia um rato na sala quando a menina puxa seu hábito, e
ela não pode dizer nada para que a madre não descubra que há uma criança em sua
sala… mas um momento lindo acontece quando Lucrécia, depois que a madre sai, tira
a criança debaixo da mesa e diz à ela ao abraçá-la carinhosamente: “Eu fiquei preocupada.” (Que terno! Era
uma manifestação materna da parte dela, que tanto foi cobrada por Rodolfo para
lhe dar um filho, mas não conseguiu. Também nem tinha como, ela mal comparecia
na hora H).
Mas a
história das tentações não acabou aqui, antes do episódio da “aula de artes”, Lucrécia teve que
passar pelo jejum da purificação. Dedicada, ela se espanta ao ver Mirtes com
comida no quarto enquanto reza, e diz: “Jesus!
Jesus! Jesus! Irmã isso é um sacrilégio". Eu confesso que eu seria Mirtes
nesse momento: pois se tem uma tentação que eu não conseguiria resistir, essa
tentação seria ficar sem comer em meio a um jejum prolongado (Risos). E quando
Mirtes oferece a suculenta comida para ela, Lucrécia a repudia repreendendo, “ Pai, afaste de mim esse prato”… eu não me
aguento com Lucrécia. Sozinha no quarto, a atrapalhada sente o cheiro de peru
assado, e o melhor foi ouvir ela, esfomeada e rogando a Deus, dizer: “Meu Deus! Meu Pai!… Me ajude a não sucumbir
ao cheiro do peru… assado”; mas esse “PERU”
que saiu da boca de Lucrécia tinha outra conotação, nós sabíamos bem disso.
Só mesmo Tatá para interpretar momentos como esses. Amo! Ela acaba abrindo um
baú e encontrando o tal peru assado e quando ela ia levar um enorme pedaço à
boca, a madre chega e a pega no flagra, “Irmã
Lucrécia, o que significa isso?”… eu ri muito! Mas tudo termina bem quando
a madre deixa aquele deslize passar.
Uma
outra tentação estava prestes a se apresentar à Lucrécia, Mirtes não havia
contrabandeado apenas comida do vilarejo vizinho, ela também trouxe bebida. E
sempre de forma provocativa, ela tenta fazer Lucrécia sair de seu caminho “justo”, pois acha tudo naquele convento,
chato e careta demais. Por quase ter sido expulsa da ordem religiosa no
episódio da comida, ela mais uma vez repreende Mirtes por ter trazido bebida
escondida para o quarto… mas não demora muito para que Lucrécia, louca para
voltar aos seus costumes mundanos, caia na tentação. A prima de Catarina a
convence a beber, para que o vinho acabe logo, e elas não corram o risco de
serem descobertas pela madre. Bêbadas, as duas recebem uma visita inesperada no
quarto, uma das irmãs as chama para o ensaio do coral, e aquilo foi outra
comédia. Lucrécia, embriagada, começa a cantar mais alto que todas no ensaio,
com aquela boca mole de embriaguez, e uma risada descontrolada, o que faz as
irmãs estranharem o seu comportamento com caras de quem se pergunta: mas o que
foi que baixou nela?… Demais.
Eu
adoro Tatá Werneck: sua atuação cômica, seu talento para a
comédia e tudo o que eu já vi dela na televisão. Eu não fico querendo ver ela
em outros papéis que não sejam cômicos, se rolar um dia, legal… mas se não rolar,
legal também, pois se tem uma coisa que ela faz bem, é me fazer rir. E isso me
basta.
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