Deus Salve o Rei – A morte de Cássio
Eu
precisava escrever um texto sobre Cássio, o personagem de Caio Blat merecia seu destaque por ter finalizado sua participação na
novela em grande estilo. Mas também não posso deixar de fora minha crítica quanto
ao rumo que Cássio teve durante toda a trama: o que não foi dos melhores, e
isso não era culpa de Caio, pois ele é
um excelente ator. Eu gostaria de frisar o quanto eu achei errado terem deixado
Caio Blat tão apagado com um
personagem como esse, Cássio não tinha função nenhuma na trama, e para
interpretá-lo, a produção global poderia ter escolhido qualquer iniciante, já
que ele não teria nenhuma história relevante na novela.
Eu
acompanho a carreira do ator desde que ele estreou nas telenovelas, dando vida
a um dos filhos de Irene Ravache em Éramos Seis, remake de Silvio de Abreu, no canal de Silvio Santos. De lá pra cá, Caio só
veio amadurecendo na carreira e conquistando sucessos em outras obras, por isso
eu fiquei incomodado com seu personagem tão sem valor em Deus Salve o Rei. Bem, não sei ao certo
se estava nos planos do autor matar Cássio em sua trama, ou se foi um pedido do
próprio ator para sair do folhetim. Embora suas palavras positivas ao se
despedir do personagem tenham circulado na internet,
ainda assim, fica a incógnita no ar (?). Mas eu não estou aqui para detalhar os
bastidores de nenhuma trama global, e sim para dizer que: já que Cássio não teve
um romance na trama, uma família, não pegou nenhuma peste, entre outras coisas
que poderiam dar algum destaque maior para o personagem, foi melhor matá-lo mesmo.
Infelizmente.
Espero
muito ver Caio em O Sétimo Guardião, e que na próxima trama
do horário nobre ele possa ter um destaque maior, devido à qualidade de seu
talento. Mas vamos ao que interessa, ou seja, A MORTE DE CÁSSIO: Daniel Adjafre criou um desfecho
maravilhoso para o personagem, e a forma como Cássio morreu me fez ficar
emocionadamente triste e ao mesmo tempo feliz. Em primeiro lugar, o personagem
passou a maior parte da trama levando patadas de Rodolfo (Johnny Massaro), e
parecia que era somente para isso que o ex-comandante servia, a única coisa
realmente linda nele era sua amizade com Afonso (Romulo Estrela)… uma amizade
sincera, leal e muito bem construída. A amizade entre os dois personagens não era
meramente só apertos de mão e abraços, Cássio tinha seus momentos de revolta
com certas atitudes de Afonso, e uma delas foi quando o irmão de Rodolfo se
recusou a enxergar que o tirano rei de Montemor não tinha mais solução como
monarca, e que era preciso fazer algo para que ele fosse deposto do cargo.
Cássio
sempre estava batendo na mesma tecla, tentando abrir os olhos de Afonso, às
vezes de maneira severa, o que era maravilhoso, para que o ex-príncipe herdeiro
enxergasse que era ele quem deveria estar no trono. Foi um longo caminho até
Cássio conseguir ajudar Afonso a tomar uma decisão justa: tirar o irmão do
poder para salvar os plebeus de tanta tirania. Mas o mais importante, e mais comovente
de tudo, foi ver que Cássio permaneceu ao lado de Afonso até o fim,
acompanhando todos os passos do amigo no plano de tomar a monarquia para si.
Por dar cobertura a Afonso, na noite do LEVANTE, para que ele salvasse Amália
(Marina Ruy Barbosa) e se salvasse também, Cássio provou sua amizade mais uma
vez, ficando para trás e acabando preso e condenado à Pedreira de Angór… e essa
prova de amizade não parou por aí: quando Afonso foi capturado e acabou indo
parar no mesmo lugar, Cássio ainda que revoltado com ele mesmo por ver que não
havia conseguido ajudar o amigo a ter êxito no plano, e sem perspectiva de vida
de sair da pedreira, ainda assim, para mais uma vez ajudar o amigo que era como
um irmão, conseguiu forças contribuindo em mais um plano: o da fuga de Angór, e
ele não mediu esforços para que, dessa vez, tudo desse certo, mesmo que isso
custasse sua própria vida.
Para salvar
Afonso, Cássio levou uma flechada que era para atingir o amigo, na hora da fuga.
Essa atitude provou de uma vez por todas que existem amigos que valem mais que irmãos. Cássio sabia da importância
de salvar Afonso de qualquer ameaça, ele tinha noção de que valeria a pena
sacrificar sua vida pelo bem de todo um povo que estava sendo oprimido, e que
só seriam libertos desse jugo com a chegada do amigo ao poder. Ferido, ele
ajuda Afonso pela última vez: quando o feitor e seus guardas estão por alcançá-los
novamente, na floresta, após a fuga, Cássio tem a atitude mais linda do
personagem, ele decide ficar para trás para despistar os inimigos para que
desse tempo de Afonso seguir adiante… mas antes de tudo, a despedida dos dois
foi emocionante. Afonso não queria deixá-lo para trás, pois precisaria do amigo
ao seu lado quando assumisse o poder, e ele fez de tudo para ajudá-lo enquanto
estava ferido. O amor e o cuidado de irmão que um sentia pelo outro era nítido.
Mas a emoção maior veio quando Cássio lhe disse: “Cuide o tempo todo de um amigo, e na hora da angústia terá um irmão…
Isso que você é para mim Afonso, meu irmão, e o meu irmão está prestes a se
tornar o maior rei que Montemor já teve”, aquela cena foi de cortar o coração.
Mesmo com
Afonso não querendo desistir dele, porque estava se tornando um peso para os
demais ter que cuidar de um ferido, ele entendeu e respeitou a vontade de
Cássio quando ele pediu para que o deixasse cumprir o seu destino, porque ele
sabia que sua hora havia chegado, e eu digo que sua morte não poderia ter sido
mais honrosa, e seu final mais glorioso: Afonso acaba entendendo que aquele
gesto de se sacrificar era muito significativo para o amigo e parte na frente. O feitor e os soldados alcançam Cássio que seguia em uma carroça para
distraí-los, e quando ele é capturado, nada mais importa, viesse o que viesse,
ele estava pronto para cumprir o seu destino. Dessa forma, ele diz suas últimas
palavras ao feitor, quando ele constata que Cássio o enganou: “Você fracassou, e eu cumpri o meu destino…
salvei o rei de Montemor”. Como eu chorei a morte do personagem, sua
despedida com Afonso, além de ter sido comovente, não teve como não me fazer refletir
no valor de uma amizade (momento reflexão), foi uma cena linda, e digna de Caio Blat… Cássio, ainda ferido, tenta
lutar ao desarmar um dos guardas e pegar sua espada atingindo-o, mas é
apunhalado pelas costas, com um punhal, pelo feitor. Seu corpo cai no chão
morto, e o fim do personagem é um dos mais impactantes da trama.
Cássio
teve a morte mais digna de toda o folhetim até aqui, e Caio Blat está de parabéns pelo seu desempenho e profissionalismo
até o fim, mesmo com um personagem tão fraco para o seu grande talento.
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