Deus Salve o Rei – Amália é levada a julgamento



O livro de magia negra, colocado na antiga casa de Amália (Marina Ruy Barbosa), por Delano, a mando de Catarina (Bruna Marquezine), e encontrado pelos assessores de Dom Bartolomeu (Stênio Garcia), era a prova decisiva que o inquisidor da Cália precisava para acusar publicamente a plebeia de bruxaria. E foi com enorme prazer que a vilã viu seu plano dar certo: Catarina ludibriou Bartolomeu para que ele chegasse à conclusão de que a ruiva era, de fato, uma feiticeira, e também fez a cabeça do povo contra Amália, quando teve a ideia de mandar Lucíola (Carolina Ferman) espalhar os boatos maldosos, de que sua rival era a bruxa responsável por todas as desgraças de Montemor. Desprotegida, sem a presença de Afonso (Romulo Estrela) no reino, Amália se viu sem saída. E um julgamento, ou melhor dizendo: um “circo de horrores”, a esperava em praça pública.
Por mais que a plebeia negasse ser uma bruxa (e ela nem acreditava que tais pessoas pudessem existir), e qualquer tipo de envolvimento com a arte da feitiçaria, a sorte não estava ao seu lado. Montemor já estava passando um período difícil de crise financeira, e ainda tinha a peste, que havia chegado ao reino para devastá-lo ainda mais, e a ruiva, segundo a conclusão de quase todos, era mesmo a mulher que estava envolvida com a ruína que havia se abatido sobre eles. Uma verdadeira injustiça: porque a maioria preferiu acreditar nessas mentiras, e entrar num colapso histérico, do que lembrar o quanto Amália se sacrificou e ajudou todos eles, lutando arduamente ao lado de Afonso, para que eles se livrassem do jugo opressor de Rodolfo (Johnny Massaro), o verdadeiro culpado de todas aquelas desgraças. E é “engraçado” como eles se tornaram incapazes de raciocinar, e passaram a aderir aquele movimento sem fundamento de caça às bruxas. Isso é um pouco realidade também: porque em determinadas situações, nós sempre achamos alguém, ou algo, para jogarmos a culpa pelas desgraças que estamos sofrendo.
Amália acabou sendo presa e levada para a igreja, local onde o mal seria dominado, e Bartolomeu não perdeu a oportunidade de demonstrar o seu poder de inquisidor, pois estava pouco se lixando para a realidade daquela história, porque o que ele mais queria era demonstrar sua autoridade máxima, como líder religioso, e impor ainda mais medo em todos, com a liberdade que tinha de jogar mulheres na fogueira. E era fácil demonstrar poder agindo de forma covarde e cruel, pois com Afonso ausente, por conta de uma viagem até o Conselho para tentar desfazer aquelas acusações absurdas, porque ele jamais permitiria que Amália fosse queimada viva, Bartolomeu aproveitou que era uma autoridade religiosa para demonstrar sua crueldade. De todos os ignorantes, ele era o pior! Mas a plebeia não iria se render diante dele, porque essa é a personalidade da nossa heroína, e mesmo encontrando-se em uma situação de coação, amarrada como um animal, Amália o enfrentou mais uma vez. E foi maravilhoso ouvi-la dizer “que não se rebaixa perante homens como ele”, e o inquisidor foi obrigado a reconhecer que ela é uma mulher “muito à frente do seu tempo”, o que fez as coisas se complicarem ainda mais.
Como se não bastasse, Catarina ainda foi se fazer de benevolente, oferecendo ajuda à Amália e dizendo “lamentar vê-la presa, como um animal!”… a vilã tentou jogar na cara da plebeia o que é: “uma princesa! E futura rainha de Artena! Uma nobre!”, e é por isso, pelo que ela é, que podia oferecer tal “ajuda” a plebeia. Mas é claro que a ruiva sentiu o cinismo estampado em Catarina, e rejeitou qualquer ajuda que viesse dela quando disse “que é a futura rainha de Montemor!” Foi uma forma de revidar Catarina, que queria esfregar seu título de nobreza. Mais do que isso, foi uma forma de dizer: eu vou sair daqui, Catarina! E te pego lá fora. Foi mais ou menos isso o que Amália quis dizer. Mas a hipocrisia da vilã não parou por aí: quando a plebeia foi levada para aquele julgamento ridículo em praça pública, no meio do alvoroço que o povo estava fazendo, e sob os gritos de “Bruxa!”, Catarina serviu de testemunha. A víbora fingiu estar do lado de Amália perante todos, mas acabou ajudando o inquisidor a incriminar ainda mais a plebeia, quando confessou “que Amália a havia visitado algumas vezes, enquanto ela estava com a peste. E que ela talvez tenha entrado sozinha, alguma vez, em seu aposento, já que era natural que Lucíola não pudesse estar com ela o tempo todo, pois sua dama de companhia podia ter se ausentado para buscar algo que precisasse”. Sob o pretexto de que havia delirado muito, por conta da febre, Catarina ajudou, de forma ardilosa, Dom Bartolomeu a distorcer o seu suposto depoimento a favor de Amália, para que todos acreditassem que a ruiva pudesse ter feito algo contra ela, em algum momento.
O inquisidor não só distorceu o depoimento de Catarina, como também os poucos a favor da plebeia, o que fez Amália protestar, embora tudo parecesse em vão! Para acabar de uma vez com o julgamento e poder queimá-la viva, Bartolomeu preparou uma armadilha: para provar que não era uma bruxa, Amália teria que recitar o Salmo 23, escolhido por ele e sem direito a leitura. E é claro que ela poderia ser condenada por isso, pois, por mais que Amália tivesse sido alfabetizada com o livro sagrado, ela era uma plebeia, e como tal, não tinha acesso a bíblia sempre que queria (o que era algo bem comum na Idade Média: praticamente só autoridades eclesiásticas, e alguns nobres, tinham acesso ao livro). O medo passou a tomar conta da ruiva, mas sua fé falou mais alto. A essa altura, Afonso já estava de volta a Montemor, e dado uma ordem para que o julgamento parasse, depois que foi avisado por Tiago (Vinícius Redd), que Amália havia sido presa. Mas o povo está histérico demais querendo ver Amália no fogo, pensando que isso seria a solução para as mazelas do reino. E tudo se tornou ainda mais complicado, quando os plebeus começaram a dizer “que Afonso é um rei do povo, e que não está respeitando a vontade deles, a vontade de ver Amália na fogueira”. Porém, até ele fica de “boca aberta”, e com lágrimas nos olhos, ao ouvir sua amada recitando o salmo, como um verdadeiro poema que saía de seus lábios:

“O Senhor é o meu pastor
E nada me faltará
Ele me faz descansar em pastos verdes
E me leva a águas tranquilas
O Senhor renova as minhas forças
E me guia por caminhos certos
Como ele mesmo prometeu
Ainda que eu ande pelo vale da morte
Não temerei mal algum
Pois tu Senhor, Deus, estais comigo
Tu me proteges
Preparas um banquete para mim
Aonde meus inimigos podem me ver
Me recebes como convidada de honra
A tua bondade e o teu amor
Ficarão comigo, enquanto eu viver...”

Não teve como não arrancar lágrimas! Arrepiou, geral! Graças a Deus, e a ajuda de Selena e Agnes, Amália conseguiu; Agnes uniu suas forças com Selena, e conseguiu ler o salmo que Dom Bartolomeu tinha em mãos, através de uma conexão com a mente do inquisidor. A bruxinha do bem, também, transmitiu as palavras para a mente de Amália, que recitou o salmo perfeitamente, fazendo aquela cena nos emocionar! Desta forma, Afonso expulsou Bartolomeu de Montemor, e o carrasco inquisidor teve o que merecia: Brice (Bia Arantes), que precisava acertar contas do passado com ele, detém a carruagem de Bartolomeu na floresta, e quando ele sai para ver o que está acontecendo, encontra seus assessores caídos ao chão. Neste momento, ela aparece para lhe dar o “beijo da morte”, sugando sua vitalidade e tirando sua vida. Após a comemoração do livramento de Amália, e o discurso de Afonso de “que em seu reino, ninguém será condenado por feitiçaria”, é hora de vermos Catarina quebrando seu quarto de tanto ódio (Delicia!). Amália e Afonso estavam intrigados com o milagre divino, e, posteriormente, a plebeia acabou descobrindo que Agnes a ajudou, e que bruxas existem! E melhor do que isso, que bruxas do bem existem.


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