O Tempo Não Para – As consequências de uma separação



Os dois maiores pilares dos Sabino Machado estremeceram: mamã e papá não estão mais juntos! Depois de flagrar aquele beijo entre Dom Sabino e Carmen, D. Agustina ficou profundamente magoada, porque ela já sabia, há muito tempo, que ele arrastava um bonde pela mãe de Samuca (a messalina! Risos!). E não teve como não se sensibilizar com os sentimentos feridos dela, porque ainda que Dom Sabino não tivesse chegado às vias de fato com Carmen, os beijos trocados entre os dois não deixaram de ser uma traição à D. Agustina. E eu não gostei nadica de nada do que ele fez, embora, como já mencionei no texto anterior, não seja contra o romance dele com Carmen, apenas acho que ele deveria ter sido honesto com sua esposa de mais de um século, e se separado dela, antes de sair beijocando outra.
Assim, Carmen sentiu que também tinha sido parte de um erro. E quando Dom Sabino a convidou para um chá, ela aceitou, porque “eles precisavam mesmo conversar”. Então, ela deu uma dura nele, pois ambos concordaram que “não estavam protegidos dos próprios sentimentos”, e Carmen, durante a franca conversa, decidiu que “era hora deles assumirem os próprios atos, e tomar responsabilidades sobre suas escolhas”. E ela quis saber qual era a escolha dele, porque viver de flerte não era o que ela queria, e isso também não era comportamento para dois adultos como eles. Logo, Dom Sabino achou que uma resposta sobre qual seria sua escolha era deveras complicada, “pois ele havia construído uma família com Agustina, e suas filhas eram seu maior tesouro”. Dessa forma, Carmen deu um último recado: “quando ele encontrasse sua direção, e tivesse a certeza do que queria, ele poderia procurá-la… mas ela não garantia que estaria esperando por ele”. Diante disso, Dom Sabino teve que rever sua vida, e tomar uma das decisões mais importantes dela, porque ele sabia que tudo o que mais desejava, naquele momento, era Carmen.
Chateada com a traição de Dom Sabino, D. Agustina foi até a casa de Carmen, para ambas terem um diálogo franco. E a mãe de Marocas quis saber quais eram os princípios de sua rival, porque ela havia “vivido muitas coisas ao lado de Dom Sabino”, e mesmo que a vida ao lado dele nem sempre tivesse sido confortável, eles nunca saíram de perto um do outro. Assim, D. Agustina desabafou, porque ela era de um mundo totalmente diferente do de Carmen: um mundo com outros preceitos! E ainda tinha o fato dela estar se sentindo desorientada, e “não saber nem o que fazer com seus próprios princípios”. Então, Carmen respondeu à pergunta, feita por D. Agustina, sobre quais eram os seus princípios; e ela foi verdadeira, quando ligou seus princípios à “franqueza e honestidade sem magoar ninguém (acontece que ela, de certa forma, havia ajudado Dom Sabino a magoar Agustina), além de tentar ser feliz, seja como for”.
Mas D. Agustina decidiu ir mais além naquela conversa, quando quis saber de Carmen “se viver sem o pai de Samuca a havia feito mais feliz”, e eu penso que querer saber sobre como Carmen sobreviveu ao abandono do ex-marido era uma forma de D. Agustina saber como poderia seguir sua vida dali em diante, já que Carmen era uma “mulher moderna”, e ela não queria mais saber de Dom Sabino. Então, Carmen lhe disse que “não sabia se ter vivido sem o pai de seu filho a havia feito mais feliz, mas com certeza a havia feito mais forte”, porque ela precisou seguir em frente. Assim, a conversa calma entre as duas não terminou bem, porque Carmen tentou se desculpar pelo flagra, ao dizer “que lamentava muito pelo ocorrido”, e D. Agustina foi firme, quando disse: “Não, você não lamenta!”. E aquilo me pareceu uma resposta à Carmen sobre o quanto ela havia acabado com a sua vida e a de sua família.
Diante dos acontecimentos, e depois de muito considerar, D. Agustina resolveu pedir o divórcio a Dom Sabino, e eu achei que essa foi uma decisão certa, porque aceitar a humilhação de ser traída apenas para evitar falatórios ou querer manter a família supostamente unida não seria o correto, porque o amor entre os dois já tinha acabado, e viver fingindo que nada tinha acontecido só traria infelicidade para ela (parece que a mamã finalmente aprendeu como as coisas neste século funcionam). Então, Dom Sabino quis dar uma de homem “honroso”, quando se preocupou mais com o escândalo que uma separação poderia trazer do que a mágoa que ele deixou em Agustina, por conta de sua traição. Mas ela estava decidida, e não ia voltar atrás.
Porém, quem mais estava sofrendo com tudo aquilo era Marocas e as gêmeas, principalmente as gêmeas, pois Marocas já é uma mulher adulta, que sabe como as coisas funcionam hoje em dia, já Nico e Kiki são duas almas puras que já estavam lidando, prematuramente, com a dor de ver suas maiores referências de vida se distanciando. E, como sempre, os filhos são as maiores vítimas de uma situação como essa e, consequentemente, quem mais sofrem! E acabou sobrando para Marocas e Miss Celine explicar para as pequenas o que realmente estava acontecendo, além de assegurá-las que o papá e a mamã jamais deixariam de amá-las. E foi muito triste vê-las tentando adivinhar o motivo daquilo tudo estar acontecendo: “o senhor entrou de novo no quarto com as botas lameadas!”. Tadinhas! Elas não conseguiam compreender o que estava ocorrendo, porque elas haviam aprendido, no catecismo, que “o que Deus uniu o homem não separa”.
Mesmo com Dom Sabino dizendo que “aquilo era o melhor”, elas não aceitavam, e decidiram que iriam “fazer jejum até morrerem secas”. Que dó! Então, depois que Marocas, com lágrimas nos olhos, perguntou a ele se havia algo que ela pudesse fazer, Dom Sabino lhe pediu perdão, porque “havia errado”… Passado o susto da fuga das gêmeas, juntamente com o Pirata, em resposta aos últimos acontecimentos entre a mamã e o papá, “porque elas não poderiam ficar faladas por conta da separação de seus pais, pois o casamento era uma coisa sagrada”, Dom Sabino resolveu fazer a coisa mais sensata diante de tudo isso: na hora da partilha dos bens, ele resolveu deixar tudo para Agustina, porque “tudo o que sempre fez e o que faz é por ela e pela família”. Então, ele a elogiou como mulher, pois sabia que ela “sempre continuaria cuidando da família que construíram”. Era o mínimo que ele poderia fazer depois de tudo. Assim, emocionada, D. Agustina, juntamente com Dom Sabino, concluiu que se ambos não haviam dado certo, ao menos havia restado os momentos bons de uma relação de mais de um século.



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