O Sétimo Guardião – As fantasias sexuais de Rita de Cássia e Machado



“Eu queria, assim, aparecer numa cena, tomando um banho na cachoeira…NUA!”
Em primeiro lugar: DIREITOS IGUAIS PARA TODOS! Aguinaldo Silva parece gostar muito de abordar a sexualidade de seus personagens de forma leve e descontraída, principalmente em suas novelas com teor de realismo mágico. E eu acho isso tão divertido. Geralmente esses personagens estão ligados ao núcleo cômico da novela… e talvez muitas pessoas não se lembrem de alguns deles, como Rubra Rosa e Demóstenes, personagens de Susana Vieira e José Wilker em Fera Ferida, um casal um tanto quanto fogoso, que quando fazia amor, tudo ao redor pegava fogo, literalmente. Também tínhamos a Scarlet e o Ypiranga de A Indomada, interpretados por Luíza Tomé e Paulo Betti. Scarlet era uma mulher pra lá de fogosa, que nas noites de lua cheia ficava alterada e com muita vontade de sair nua e uivando pelas ruas de Greenville. E para contê-la, Ypiranga precisava de muita disposição para “NHANHÁ”, apelido dado pelos personagens para o ato sexual. E que pegou no Brasil inteiro (rs).
Não poderia deixar de fora dessa lista o Jorge Tadeu (Fábio Jr.) de Pedra Sobre Pedra, um fotógrafo que depois de seduzir várias mulheres é assassinado. E depois de morto, ele continuava aparecendo para elas, que comiam da flor que nascia de seu túmulo e ficavam enlouquecidas de paixão. Acho que já é o suficiente para constatar o quanto Aguinaldo Silva gosta de brincar com sexo em suas novelas, né? Voltemos então para Rita de Cássia e Machado. Em O Sétimo Guardião, eles formam um casal que também gosta de uns momentos de sacanagem (kkkkkkk). E eles se amam! Mas a relação começa a se desgastar quando Machado não aceita a fantasia sexual da esposa: ser filmada tomando um banho de cachoeira, nua! E tinha mais uma coisa: Rita queria que a filmagem virasse um filme para ser exibido no mundo todo. Foi aí que o bicho pegou! Mas para entendermos melhor toda essa história, precisamos voltar aos capítulos iniciais da novela, quando Rita flagrou Machado dançando de calcinha ao som de “Homem com H”, de Ney Matogrosso.
Foi uma cena maravilhosa a de Machado usando calcinha pela primeira vez. E eu não sabia muito bem no que aquilo ia dar: se ele ia ser um personagem gay ou não, porque eu detesto spoilers. Mas o fato era que usar calcinhas era apenas a fantasia sexual dele, e somente assim ele se sentia mais homem – tudo bem, sem o menor problema. Ele simplesmente dava uma de crossdresser! Mas Rita de Cássia ficou impactada com a cena. E ao contrário do que eu imaginava, um barraco, ela simplesmente se calou e foi fazer o jantar (legal)… daí o Machado foi lá, envergonhado, tentar explicar pra ela o que aquilo significava. E a Rita fez o quê? Continuou calada a respeito do assunto, engoliu o impacto do que viu e foi fazer amor com o marido, ali mesmo, na cozinha, naquela cena maravilhosa dos dois se pegando em cima da mesa no meio dos legumes e verduras picados – coisas de Aguinaldo. Amoooo! Então estava tudo resolvido, ela o aceitava como ele era, e como ele queria ser, com calcinha ou sem calcinha. Ponto pra Rita de Cássia!
Mas quando foi a vez dela de revelar sua fantasia sexual, ele a vetou. Como assim? Isso não é justo. Gente, ela só queria fazer uma cena tomando banho de cachoeira, peladinha, para depois o mundo inteiro ver. E isso a excitava, fazia a sexualidade dela ficar à flor da pele, e ela tinha esse direito. E eu até entendi que o que pegava para Machado era o fato de ser para o “mundo inteiro”. E isso eu deixo para vocês debaterem, se concordam ou não. Porque ainda assim, eu defendi a Rita. Ela havia compreendido que usar calcinhas significava muito para o marido. Por que então ele não podia entender que para ela fazer uma cena nua também significava algo? É aí que eu entro com os DIREITOS IGUAIS PARA TODOS. Ela aceitou, ele também tinha que aceitar. E foi no meio dessa comédia, que eram as cenas de Machado usando calcinha, que o Aguinaldo colocou esses “direitos iguais” no relacionamento dos personagens para discutirmos sobre, assim penso eu.
Desapontada com a incompreensão do marido, Rita fez o que eu faria numa situação dessas: foi lá e picotou todas as calcinhas de Machado, o deixando em choque ao ver suas preciosidades em pedaços. E eu adoro a simples explicação que ela dá para o que fez: se não podia ter as fantasias dela, também não permitiria que ele tivesse as dele. Mais um ponto pra Rita. E ele chora profundamente pelo que ela fez, e pede desculpas por ser um homem que se sente homem usando calcinhas. E eu gosto ainda mais da Rita de Cássia quando ela diz com frieza: “Que se sinta menos homem, quem sabe não compreende as fantasias de sua mulher”. Maravilhosa! Mas nem assim Machado cedeu. E é claro que o machismo tinha que estar no meio, porque ele ainda não queria que sua mulher fosse exposta para o mundo, como se Rita fosse uma peça unicamente exclusiva dele. E ainda assim ela foi lá, fazer o teste de vídeo na cachoeira para o docudrama do Léo. E o garoto ficou apreensivo com aquilo, afinal, ela era a mulher do delegado.
Porém, Rita de Cássia estava pouco se importando com aquilo, ela estava feliz por estar ali, se exibindo para a câmera – “Tudo pela arte!” –, deixando Léo meio desconcertado ao vê-la só de lingerie. E depois que ele a aprova no teste de vídeo, para participar de seu docudrama, ele diz que ela está “dentro”. E ela fica empolgadíssima! Até porque, toda essa fantasia de Rita de Cássia começou com a curiosidade de ver Leonardo filmando tudo em Serro Azul. Mas tinha um agravante, ele não queria problemas com o delegado, e ambos precisavam saber se Machado ia aceitar aquilo. Daí, Rita de Cássia foi propor um acordo com o marido: se ele a deixasse fazer o filme, ela compraria uma coleção de calcinhas para ele. E mesmo tentado, Machado resistiu. E a tentativa de um acordo não deu certo. Agora, ela estava decidida a fazer seu filme e a realizar sua fantasia, custasse o que custasse. Ainda mais quando ele abusa da paciência dela, ao mostrar a caixa de calcinhas que Valentina lhe enviou pelos serviços prestados referente a prisão de Luz. Quanta afronta!
Mas aquela afronta dele era meio que uma resposta a algo que ela tinha feito antes: ter dito que havia queimado as calcinhas dele. Mas Rita ainda tentou apaziguar mais uma vez a situação, quando propôs novamente um acordo. E dessa vez ela estava disposta a não mais ser filmada nua, apenas de calcinha e sutiã – hum, não deveria ter cedido, não, Rita. E Machado, novamente, foi inflexível, porque ela ia continuar no imaginário dos “marmanjos da cidade” se fizesse o filme. Bem, se é por conta disso, eu concordo com a Rita quando ela diz: “E quem disse que mesmo de burca eu não posso estar no imaginário dos marmanjos?”. Fato! Porque para estar no “imaginário” de alguém não importa se a pessoa está pelada ou não. E ela até tenta seduzi-lo com seu corpo escultural para ver se ele muda de ideia… porque eles ainda formam um bom casal, eles se amam. Mas tudo fica por aquilo mesmo.
E quando ela descobre que Machado deu uma prensa em Léo, para que ele a tirasse do docudrama, ela insiste em continuar no projeto, mesmo que Léo tente convencê-la a não participar mais, por medo do delegado. Então, Rita tem uma ideia, fazer tudo às escondidas, porque depois de tudo pronto, Machado não teria coragem de destruir a carreira dela. E sinceramente, eu não acho que esconder as coisas dele tenha sido uma boa ideia. Afinal de contas, isso seria retroceder no posicionamento dela de garantir o seu direito às suas fantasias sexuais, não?
Cenas do próximo capítulo…

Para mais postagens de O Sétimo Guardião, clique aqui

Comentários