O Tempo Não Para – As aventuras dos Sabino Machado pela grande São Paulo: Parte 2



Dom Sabino conseguiu abrigo para si, e sua família, na casa do bom Eliseu, que recebeu a todos de braços abertos. E isso foi um gesto muito nobre da parte dele, porque Eliseu tem um coração enorme, onde sempre cabe mais um (Que orgulho deste homem!). Mas a família do pai de Marocas não se resume em duas ou três pessoas. Eles são muitos! Cinco, no total, para ser mais exato. E entre eles tinha uma certa pessoa, que havia acabado de despertar, e não estava nada, nada, familiarizada com a nova vida que estava conhecendo, D. Agustina. A Mamã chegou causando na casa de Eliseu, ao pensar que estava em uma senzala, e que a família do bom senhor era de escravos (Ai, problemas à vista!). E ela teceu certos comentários preconceituosos, que não foram bem vistos por Paulina, que já estava de saco cheio de seu pai envolvido com aquele “bando de loucos”, e algumas afrontas estavam a caminho, e Marocas e Dom Sabino teriam que usar de inteligência para contornar certas situações.
Convenhamos, Agustina havia acabado de acordar, e aquilo era muito novo para ela (negros libertos). OK. Mas ela me pareceu um tanto preconceituosa demais para quem tem um marido e uma filha que sempre trataram seus escravos como ser humano. Vamos lá, D. Agustina, eu sei que é difícil, mas, está na hora de se atualizar! E rápido, porque o mundo não é mais o mesmo, e os negros agora são livres, embora ainda sofram preconceitos, e uma grande parte ainda seja tratada como escravos. Os comentários de Agustina foram meio grosseiros, porque ela não estava acostumada a ver um negro ser tratado com tanta formalidade, e isso lhe causou estranheza (Pobre, coitada! O mundo agora é outro! E ela terá grandes choques de realidade.). Ela achou um absurdo saber que o senhor seu esposo estava dormindo na mesma cama que um negro, e achou mais absurdo ainda, ver Dom Sabino cumprimentar Paulina, cordialmente, com um beijo na mão, quando ela apareceu na sala da casa. Estranhamentos de D. Agustina!
Marocas e Dom Sabino acabaram ficando na maior saia justa, porque por mais que explicassem a ela que ali não era uma senzala, que o senhor Eliseu era um homem livre, e que não devia se julgar ninguém pela cor da pele, estava sendo difícil fazer entendê-la que os tempos mudaram. Paciência! Ainda assim, nós acabamos amando D. Agustina, e sabemos que ela acabará por entender a realidade da atualidade. Depois de um quase fight entre Paulina e a ranzinza mãe de Marocas, quando a garota se sentiu ofendida pelos insultos preconceituosos dentro de sua própria casa, Agustina é obrigada a ouvir algumas palavrinhas da boca da garota, como: “Você é doida! Aliás, que roupa é essa de carnaval que você tá usando? É muita comédia! Demais!”. Agustina acaba achando aquilo um despautério, e diz que vai mandá-la para o tronco. Se não fosse Marocas intervir, dizendo que naquela casa ninguém vai para o tronco, porque não são escravos, o circo teria pegado fogo. E Dom Sabino deu aquela olhadinha para o “caro amigo Eliseu”, como quem pede desculpas pelos insultos de sua senhora (Isso não ia prestar!).
Momentos de estranheza, e pequenos embates, à parte, vamos avançar nesta segunda parte das aventuras da família Sabino Machado, por essa atualidade toda. A sapeca Nico acaba saindo pelas ruas da Freguesia, depois de fugir daquela tentativa de D. Agustina de dar banho nas gêmeas, e achar que o vaso sanitário é o poço de onde ela vai tirar água para tal atividade (Risos!). Eu adoro ver os Sabino Machado tentando associar os aparelhos, objetos, utensílios e otras cositas más, da atualidade, com “coisas” que era do costume deles no século retrasado. Isso é bem hilário, porque eles caem em cada situação. Eu amo essa família! Enfim, achando que estava em suas terras, e que podia fazer tudo o que quisesse, Nico, a mais danadinha das gêmeas acaba “pegando emprestado” a égua de um policial, e ela causa o maior transtorno no trânsito do local, cavalgando naquele animal (Eles adoram causar no trânsito, não?). Mas ela acaba sendo encontrada por Marocas e Paulina, que desesperadas com seu sumiço saíram em busca da pequena, e elas acabam indo parar na delegacia, depois que o policial, dono da égua, acusa Nico de ter roubado o animal.
E tudo se torna super engraçado, quando a delegada olha para Marocas como quem diz, Ah, não! Você por aqui, denovo? E Marocas ainda lhe fala: “Folgo em vê-la, senhora! Tenho imenso orgulho em ver uma mulher em posição de autoridade! Só mesmo Marocas para se alegrar, em ver uma delegada, num momento como aqueles! Amo! Mas essa família parece mesmo gostar de se meter em uma encrenca, porque Marocas não havia ido parar na delegacia apenas porque Nico havia “roubado a égua da polícia”, mas porque ela foi bem atrevida com as autoridades, quando eles lhe pediram os documentos, e ela, por não ter, disse seu nome completo, e que aquilo bastava. Elas foram salvas por Samuca, que ficou sabendo do ocorrido, e enviou Emílio para tirá-las da delegacia. Só que essa não era a primeira nem a última vez que Marocas e sua família se meteriam em encrencas com as autoridades. É, não está sendo nada fácil para eles entender este mundo, onde a palavra de um homem não tem mais tanto valor, e onde eles não estão conseguindo se adaptar sob as novas regras.
Nico, mais uma vez, foi a causa de mais um “encontro com as autoridades”, a sapeca garota pegou catapora, e ela precisava de cuidados médicos, urgente. Mas aquela ida ao posto de saúde não foi lá muito agradável. No consultório, Dom Sabino armou o maior ESCARCÉU , depois de ser acusado de negligência, quando o médico pensou que Nico sofria de maus tratos, porque soube que ela não tinha carteirinha de vacinação e nem frequentava a escola, e depois de ouvir de Dom Sabino métodos arcaicos da medicina, como: “sangria, suadouro e usar sanguessugas, para ajudar na cura da catapora. Ele achou uma afronta tal acusação. E pobre daquele médico, se não fosse Marocas e Eliseu para conter a ira de Dom Sabino (Demais!). Resultado de tudo isso? Juizado de Menores. Já estava me dando pena ver os Sabino Machado cometendo tantos “erros”, por não saber como as coisas estão funcionando atualmente (Tadinhos!). E mais confusão viria pela frente, porque eles, como sempre, levam tudo muito ao pé da letra (Ai, como eu me divirto!).
Continua…



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