O Tempo Não Para – “O que foi que aconteceu com o mundo?”: Dom Sabino fica extasiado diante da modernidade!
Dom
Sabino se deparou com um mundo novo. Depois que despertou e saiu de dentro da
cápsula criogênica na Criotec, ele passou mal e foi parar no hospital. E o pai
de Marocas acabou fugindo de lá com a ajuda de seu novo amigo, Eliseu, e da
filha do pobre senhor, Paulina. A partir daquele momento, se iniciava uma
aventura enorme rumo ao desconhecido e as novidades que aquele novo universo lhes
estava apresentando: A modernidade! Mas o primeiro impacto não foi tão
surpreendente assim: ao sair fugido do hospital, Dom Sabino ficou abismado com
aquele novo mundo, e lhe causou
estranheza ver pessoas ao celular, o que o fez pensar que elas estavam falando
sozinhas (Risos!), e ainda tinha aquele barulho
infernal que ele não estava acostumado, e que lhe incomodava a cabeça.
Paulina não foi muito a favor da ideia de seu pai de tirar um “louco” do lugar sem a permissão dos médicos,
mas Eliseu já havia simpatizado com seu novo amigo de leito, e por também achar
que Dom Sabino não batia bem da cachola,
ele achou melhor tirá-lo do local por pena, ao pensar que Sabino pudesse ser
levado para um hospício.
A
aventura começou pra valer, quando Dom Sabino se depara com o agito da nova
Vila de Piratininga, ou melhor dizendo, a São Paulo da atualidade, e frases
como: “Eu morri, e vim parar no inferno!…
O que foi que aconteceu com o mundo?”, foram ditas por ele em momentos cômicos
e divertidíssimos, porque tudo aquilo era uma novidade, e o trânsito de São
Paulo é mesmo um “inferno”. Mas muitos
outros momentos hilários ainda estavam por vir. Dom Sabino estava encantado com
os prédios e a eletricidade nas ruas da cidade, que lhes chamavam a atenção de
forma esplendorosa, e quando Paulina pergunta se ele nunca tinha visto nada daquilo,
ele diz: “Silêncio, menina! Não perturbe
este momento fascinante!” (Demais! Não poderiam ter escolhido um Dom Sabino
melhor que Edson Celulari! Ele está
incrível!). Cada detalhe desta nova vida o estava deixando extasiado, e depois
que ele entrou na casa de Eliseu, que resolveu lhe dar abrigo, ele não parou de
nos fazer rir com as descobertas que estava fazendo.
O
pai de Marocas achou um máximo ter eletricidade na casa de um “escravo”, e ele queria logo conhecer o “dono” do novo amigo, porque achava que
ele era um homem de muitas posses. Afinal de contas, se tinha eletricidade na
casa do escravo daquele senhor,
imagina o que mais ele não poderia
ter. E foi bem divertido ver Dom Sabino descobrindo para que servia um
interruptor de luz, e quando ele aprende a função do objeto, seus dedinhos não param de brincar de acender
e apagar a lâmpada. E ele não para quieto, sai pela casa a procura de mais
descobertas. Ele acaba se deparando com o banheiro, e se impressionando com a
descarga. E ao sentar em um vaso sanitário, ele solta um “Muito confortável este penico! (Deveras, um vaso sanitário é uma
invenção mais evoluída do penico. Risos!). E Dom Sabino não cansa de
surpreender-se com as novidades da atualidade, porque nada daquilo havia em seu
tempo, e, agora, tudo está mais que diferente para ele, e ele volta a
sobressaltar-se de espanto quando vê um helicóptero sobrevoando o céu: “Meu bom Deus! Uma máquina voadora!… Um
balão dirigível! Bendito progresso!, são frases que ele diz após Eliseu lhe
explicar que a máquina voadora é um helicóptero (a carinha dele achando tudo um
máximo é emocionante!).
Mas
nem tudo são flores, e nem descobertas maravilhosas. Dom Sabino acaba tomando consciência
de que, “numa sociedade tão avançada,
onde balões dirigíveis levam passageiros”, muitas coisas continuam as mesmas.
Ele acha um absurdo que Eliseu, seu novo e bom amigo, que o acolheu tão bem em
sua casa, tenha que puxar uma carroça. E quando ele decide acompanhá-lo em um
dia de trabalho, e o vê perto da carroça, Dom Sabino pergunta: “Mas e os animais? Não há bestas de tração?”.
Ao descobrir que é o próprio Eliseu quem é o “animal” que puxa a carroça, ele fica indignado. E isso fica
evidente em suas frases: “Mas isso é indigno.
Um homem não pode fazer o trabalho de um animal!”, porque ele jamais
permitiria que um escravo dele se submetesse a tal trabalho. É, Dom Sabino, muita
coisa continua igual por aqui! Infelizmente muita gente não deixou de ser escravizada,
principalmente os negros. E as injustiças continuam à solta.
Em
meio a toda essa indignação, nós tivemos um momento lindo entre Dom Sabino e
Eliseu. Já inconformado com a vida que o pobre senhor leva, ele também fica revoltado
com a falta de respeito que condutores de veículos têm com seu amigo de idade
avançada, quando não prestam atenção neles no meio do caminho, quase os
atropelando por diversas vezes. E diante daquele caos dos infernos, onde carros
e motocicletas passam sem respeitar o trânsito e muito menos quem está pelo
caminho, Dom Sabino grita: “Controlem
suas máquinas! Um homem vai passar” (que fofo! Eu voto para mais pessoas do
século passado com dignidade e respeito ao próximo.). Eliseu acaba se deparando com alguém de nobres valores, e diz que
Dom Sabino deveria sair com ele todos os dias (que lindo! O pobre catador
reconheceu que alguém o estava valorizando.). Dom Sabino o defende mais uma
vez, quando uma moto desgovernada se aproxima, e ele diz: “Cuidado! Seu animal.”, e uma confusão começa a se armar, porque o
motoqueiro quer saber do que Dom Sabino o chamou, e ele é firme ao responder, “De animal. Não vê que o homem está a
passar? Abra caminho, ô atrevido!”. Dom Sabino é mesmo um máximo! Um homem
do século retrasado, nos mostrando o verdadeiro significado do respeito ao
próximo. Mas o pai de Marocas ainda estava por descobrir muitas coisas, e
outros fascínios iriam surpreendê-lo. Assim como tantas outras desilusões iriam
se apresentar diante dele neste século.
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