O Tempo Não Para – Primeiro Capítulo



Já se imaginou acordando na atualidade depois de passar mais de um século congelado? Isso parece meio louco, não é? Mas no mundo da ficção nada é impossível. A nova novela das 7, O Tempo Não Para, chegou com uma temática no mínimo curiosa para o horário: o passado se encontrando com a modernidade dos dias atuais. E o tema já me conquistou! Principalmente depois de assistir ao maravilhoso capítulo de estreia do novo folhetim. Eu adoro a leveza e a dinâmica ágil das novelas deste horário, porque elas têm o dom, quando bem dosadas, de nos cativar, logo de cara, com essa mescla de fantasia e vários outros assuntos contemporâneos. Por isso, eu já estou desejando a toda equipe muita sorte, e que ela nos presenteie com mais capítulos tão bons quanto este primeiro.
Começamos a trama fazendo uma “viagem” até a São Paulo do fim do século XIX, e lá conhecemos Marocas, uma espevitada garota interiorana, moradora da Freguesia de Nossa Senhora do Ó, ou melhor dizendo, a Freguesia do Ó, como já era chamado, um dos bairros mais populares de São Paulo, e que era conhecido como o “fim do mundo”, como a personagem mesmo o define. Eu amei a forma como Marocas se apresentou para nós telespectadores! Porque Juliana Paiva, sua intérprete, tem um “C” enorme de COMÉDIA JUVENIL em seu currículo. Quem não se lembra da Fatinha, sua personagem de sucesso em Malhação? Ou então de Cassandra, a MALUQUETE que fazia de tudo para se tornar a garota Totalmente Demais, em outra trama das sete, de grande êxito, e de mesmo nome? Por isso, a escolha de Juliana para a personagem foi a mais correta possível. A apresentação de Marocas não poderia ter sido melhor: ver ela batendo o pezinho no chão, e respirando fundo de tanto tédio, por não suportar mais ficar parada posando para um pintor, já nos dizia que ela não era uma mocinha certinha da sociedade da época, e, sim, uma tremenda moleca. E a cara de malandra que Juliana Paiva, naturalmente, tem, só nos reforçou que o papel era mesmo para ser dela.
Tivemos um primeiro capítulo bastante focado na personagem, o que foi bem importante para o seu rápido desenvolvimento, e para que nós nos encantássemos, de imediato, com ela. Marocas aproveita a bagunça que suas irmãs e o cachorro da família, o Pirata (fofo!), fazem na sala, onde está sendo pintada, para se safar do local e ir nadar num lindo riacho (que cenário maravilhoso para uma cena como aquela!). O problema surge quando um grupo de garotos resolve fazer a mesma coisa, e entre eles está Bento, um aprendiz de poeta metido a Don Juan que encontra a anágua da garota, e enquanto ela, juntamente com Damásia, observa os meninos tomando banho, tudo fica ainda mais divertido, porque enquanto a escrava tapa os olhos dizendo: “Desconjuro! Tá tudo do jeito que veio ao mundo… Com as vergonhas tudo de fora" (Risos!), Marocas se diverte sem o menor pudor, e com a maior curiosidade ao ver aqueles garotos, que estavam mais bem vestidos que qualquer puritano da atualidade, se banharem no riacho. Era o mundo “pecaminoso” se apresentando a ela, da forma mais divertida possível.
Quando Bento aparece com a anágua na mão, e a chama de bisbilhoteira, Marocas não gosta nada do insulto, ainda mais quando ele, depois que descobre que ela é filha de Dom Sabino, um grande proprietário de terras e investidor de telefonia, joga o seu charme e tenta seduzi-la. Quando propõe devolver a anágua em troca de um beijo, ele acaba levando uma bofetada da garota, e os dois são flagrados pelo pai dela, que acha um absurdo ele estar vendo sua filha “nua”. Eu achei um máximo essa maneira como eles brincaram com essa questão de nudez, durante boa parte do capítulo, como se quisessem nos mostrar o que era sinônimo de estar nu naquela época, e o que realmente isso significa hoje em dia (muito bom!). Dom Sabino fica furioso, e começa uma “luta” para aniquilar Bento da face da terra, e lavar a honra de Marocas (Risos!).
Daí por diante, tivemos uma série de cenas cômicas, como aquela em que Marocas diz a Miss Celine que os garotos “estavam todos… pelados! Como vieram ao mundo… eu nunca vi um homem nu, antes!" (Ah! Se elas soubessem o que as aguardava!) Sem falar na cena em que Bento leva um tiro na bunda, dado por Dom Sabino, e o momento do velório, em que o poeta finge estar morto, para escapar de vez de morrer de verdade: Marocas vai ao velório parecendo uma viúva, e conversa com os amigos de Bento, porque ela sente que tem culpa naquilo tudo, e é engraçado quando ela diz: “Coitado, parece até que está dormindoSofreu muito?”, e um deles responde que não, que foi apenas o tempo de exalar um último suspiro e chamar pelo nome dela, e ela começa a ficar desconfiada, porque tem certeza de que Bento não sabia seu nome.
Mas o melhor, é quando ela percebe que ele ainda está quente, e um dos amigos explica que é porque ele “estava abrasado de amor” (demais!). O pampeiro começa quando a chama da vela que o suposto morto segurava começa a derreter a cera, e a queimar a mão de Bento até que ele não aguente mais e decida acabar com a farsa, derrubando a vela em suas “partes”, se queimando, e causando o maior incêndio no lugar, deixando todo mundo no maior alvoroço. Esse plano de tentar escapar da morte, que viria através do pai da garota, me lembrou as traquinagens de Pedro Malasartes, porque a cena se encaixaria muito bem no filme, Malasartes e o Duelo com a Morte, de 2017 (bem criativo esse Bento e companhia, hein?).
Ainda estávamos um pouco longe de terminarmos esse capítulo cheio de comédia, porque ainda tentando salvar a honra da família e de Marocas, Dom Sabino inventa um casamento para a garota com Bento, que acaba com um “NÃO”, da parte dela, na hora do “a senhora aceita o senhor Francisco Bento de Castro Domingues, como seu legítimo esposo?” (Definitivamente, Marocas não é uma mocinha!). Depois de discutir com seu pai, sobre sua atitude perante todos, ela é firme quando pede que seu pai a respeite, porque Dom Sabino havia feito dela o filho homem que sempre quis ter, e ela era o que ele havia feito ela ser: uma Sabino Machado (Uau! Quando é que ela vai aprender o significado da expressão: sambar na cara de alguém?). Os Sabino Machado acabam embarcando no ALBATROZ, o navio mais moderno da época, e uma outra conversa séria é tida entre pai e filha, quando já estão a bordo. Dom Sabino estava decepcionado com a não visita do Imperador D. Pedro II a um dos navios da companhia, a qual ele era presidente. E Marocas foi sensata ao lhe pedir desculpas, porque ela sabia o quanto a visita da Alteza era importante para o pai. Mas os dois acabam se acertando, depois que Sabino lhe diz que ela não é responsável por nada daquilo, e de receber um “Eu te amo, demais!” da filha.
Depois da conversa, chegou a hora do jantar, e adivinha quem estava lá? Bento. Mas Sabino não teve tempo de acabar com o Don Juan que desonrou sua filha, o Albatroz se chocou contra um iceberg nas águas da Patagônia, colocando todos em estado de alerta. Era o momento de termos um pouco de drama na novela. Além daquele momento tenso, nós também tivemos, segundo meu namorado, um CROSSOVER do filme Titanic, por conta da cena do iceberg, com O Fantasma da Ópera, pela cena do lustre caindo na mesa, uma das mais clássicas deste último (Quanta referência, não?), e o navio naufraga ao melhor estilo Titanic: com pessoas se desesperando, a água inundando tudo, aqueles botes salva-vidas e os Sabino Machado rezando, com lágrimas nos olhos, a Ave Maria  (linda cena!). Depois de naufragarem em águas gélidas, temos uma brilhante passagem de tempo na novela, e eu adorei a forma como eles fizeram isso, colocando imagens de pessoas formadoras de opiniões (Dom Pedro II, Albert Einstein, Chaplin, Gandhi, princesa Diana…), celebridades (Fernanda Montenegro, Pelé, Michael Jackson…), tudo isso mesclado a momentos marcantes, como: Primeira e Segunda Guerra, a invenção da televisão, a chegada do homem à lua, a explosão da internet, uma espécie de linha do tempo até os dias de hoje.
E assim, chegamos ao fim do capítulo, quando um enorme bloco de gelo surge no litoral do Guarujá, e Samuca, interpretado por Nicolas Prattes (e o destaque foi o enorme BUMBUM dele, na cena em que seu personagem está nadando até o iceberg), vai até ele. Ao se aproximar, ele vê Marocas congelada, juntamente com outras pessoas, e instantaneamente se apaixona por ela. Uma parte do bloco se racha, e Samuca consegue trazer o corpo de Marocas, que cai na água, para a praia. Fascinado, ele tenta acordá-la ao lhe fazer uma respiração boca a boca, e ela dá os primeiros sinais de que está viva.
Só posso dizer uma coisa: eu amei esse primeiro capítulo! O Tempo Não Para trouxe uma agilidade, uma comédia, e um final muito bem amarrado para este primeiro capítulo. Até aqui, a trama de Mário Teixeira foi impecável, a escolha do elenco, as atuações e o enredo, desta primeira impressão, ficaram marcados de forma positiva em minha mente. Que a novela possa ter êxito e reconhecimento merecidos, se continuar fazendo um bom trabalho.
Sorte!


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