O Tempo Não Para – A generosidade de Samuca



O Sr. Samuel é mesmo um homem muito nobre! E não há como não admirar essa imensa qualidade nele, porque Samuca pode ser tudo nessa vida, mas se tem algo do qual não podemos acusá-lo é de falta de generosidade e compaixão pelo próximo, e isso o torna ainda mais especial do que ele já é. Bento concluiu que Helen o queria fora de seu apartamento, depois que ela teve aquela conversa com ele, onde explicou que iria ter que usar o lugar em que morava como consultório para atender seus pacientes, porque estava desempregada, “mas que ele não precisaria se preocupar, porque ela conhecia um lugar onde ele poderia ficar”. E depois de deixar um bilhete de despedida para ela, o “maroto” resolveu zarpar.
O biltre decidiu simplesmente sair sem rumo na vida, e depois que foi encontrado por Samuca e Marocas, como um homem sem eira nem beira, sentado no chão, próximo a pensão da Coronela, Maroquitas lhe deu um chega pra lá, porque pensou que ele estivesse ali para fazer mais uma de suas cenas, como aquelas protagonizadas por ele no noivado dela. Mas quando ele disse que ia “sair sem rumo, pois sua presença havia trazido transtornos para ela, mais uma vez”, Marocas falou que “ele não podia fazer aquilo”, e Bento pensou que ela estava se preocupando com ele. Depois de mais uma confusão, onde ele entendeu tudo errado, como sempre, e Marocas o empurrou, porque Bento já a estava incomodando demais, quando passou a beijar sua mão, se ajoelhando e fazendo aquele melodrama, declarando “o quanto ficou encantado com ela desde o momento em que a viu naquele riacho”, Samuca acabou se compadecendo do pobre coitado.
E ele teve uma atitude mais que generosa ao decidir levar o parvo para o seu apartamento, porque “por incrível que parecesse, ele simpatizava com a causa dele, pois ambos amavam a mesma mulher”, e Samuca não teve coragem de deixá-lo ao relento, depois que descobriu que Bento não tinha para onde ir, além de não ter mais ninguém no mundo. Tadinho! Até eu fiquei com pena do pulha. Aquele gesto surpreendeu positivamente Marocas, porque, até então, naquela época, ela ainda era noiva de Samuca, o homem mais nobre que ela conhecia… Lembrete: ele ainda continua sendo um nobre. Samuca é muito fofo, gente! Mais fofo ainda foi o comportamento dele, quando os dois chegaram no apartamento e Samuca fez de tudo para que Bento se sentisse à vontade, além de confirmar que “ele não incomodava”, quando o maroto disse que “não queria ser um incomodo”.
Depois de ficar à vontade até demais, Bento viu as belas fotos de Carmen nos porta-retratos e ficou decepcionado com Samuca, por ele ter fotografias de uma mulher com os “seios mais belos que a mulher de Urias” em sua casa. Porque Samuca havia firmado um compromisso com Marocas, e aquilo era desrespeitoso. Após ouvir zilhões de elogios sobre a beleza de Carmen, Samuca teve que explicar que aquela mulher de quem Bento estava falando com tanto desejo “era a mãe dele”, e ele teve que dar aquela podada na tagarelice do parvo, pois aqueles elogios já o estavam deixando constrangido, enciumado e meio bravo, afinal de contas, era sua mãe que o biltre estava elogiando. Por fim, Samuca fez Bento calar aquela boca aberta dele, porque ele fala demais. E nós tivemos aquela cena linda, de Samuca colocando Bento para dormir como se fosse uma criança, o cobrindo com o edredom e lhe dando “boa noite!”. Que meigo! Samuca sabia que Bento precisava de um carinho, porque ainda era um cara perdido em meio a este século.
Samuca ainda fez algo a mais por Bento, após Helen chegar à SamVita preocupada com o sumiço dele, e pedir ajuda para encontrá-lo, quando lhe mostrou o bilhete deixado para ela. E ela deu “graças a Deus!”, depois que descobriu que Bento estava sob os cuidados de Samuca. E quando ele leu o bilhete e perguntou a Bento se aquela letra era dele, ele lhe ofereceu um emprego, porque a caligrafia de Bento é maravilhosa, e era algo que Samuca estava precisando, para desenvolver um tipo de letra personalizada para a SamVita. Depois de uma recusa, onde Bento falou que “é um poeta”, e, por isso, não achava certo usar sua caligrafia profissionalmente, Marocas ajudou Samuca a convencê-lo, porque “poesia não enchia a barriga de ninguém, e agora ele poderia ter uma profissão, além de não ter que depender de ninguém”. Assim, Bento terminou empregado e se sentindo útil. E toda a ajuda que Samuca lhe deu foi mais que bem-vinda. Porque Samuca é mesmo um máximo! E pensar no próximo é o seu lema.


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