Sansão e Dalila (10 anos) – Primeiro Capítulo

 

“E SOBRE A CABEÇA DO MENINO JAMAIS DEVERÁ PASSAR A NAVALHA”

UMA DÉCADA DE SANSÃO E DALILA! E posso dizer que essa minissérie me cativa até os dias de hoje, por seus belos cenários, suas belas locações externas e também pela entrega maravilhosa dos protagonistas interpretados por Fernando Pavão e Mel Lisboa, que é maravilhosamente conhecida por viver personagens sensuais depois de protagonizar “PRESENÇA DE ANITA”. Então, quem melhor do que ela para dar vida à bela mulher incumbida de seduzir Sansão a fim de descobrir sua força e entregar esse segredo aos filisteus? Ninguém. E eu gosto de como o enredo da minissérie nos entrega uma margem abrangente de conhecimento sobre essa trama tão conhecida da Bíblia, com possibilidades de interpretações sobre a vida do povo hebreu daquela época, especificamente a de Sansão, e também da filisteia Dalila, que ganha uma história anterior à sua com Sansão, desmistificando um pouco o lado vilã da personagem, como aquela que traiu a confiança do hebreu mais forte de todos os tempos em troca de moedas de prata.

SANSÃO E DALILA é uma belíssima obra televisiva, trazendo todos os elementos que uma história exige para prender o telespectador de forma fascinante, como paixão, drama, conflitos, traição, ambição, ação e muitos momentos emocionantes. Uma história contagiante! No primeiro capítulo, entramos no universo bíblico de 1100 a.C., Tempo dos Juízes, uma época da história em que o povo hebreu era oprimido e fortemente massacrado pelos filisteus. Dentro deste contexto, vamos nos afeiçoando aos primeiros personagens que surgem na trama, como Zilá, uma mulher que vive em Zhora, domínio Filisteu, e que sofre com sua condição de mulher estéril que nunca pode dar um filho ao seu esposo Manoá… e temos aquela cena em que ela é humilhada por uma das mulheres da tribo por essa condição – “Se o Deus dos hebreus permitiu que fosse uma mulher estéril, quem sabe outros deuses não a transforme em uma mulher de verdade”. Mas os anos de tristeza de Zilá estavam prestes a acabar.

No deserto, ela recebe a visita de um Anjo do Senhor, que lhe traz a mensagem de que ela “dará à luz a um filho, e que ele libertará o povo hebreu de seus inimigos filisteus”. É um momento lindo, em que Zilá sente suas forças renovadas e se enche de esperança. E quando ela volta para casa, a fim de contar a mensagem que recebeu do Anjo a Manoá, ela se desespera ao ver o povoado destruído por conta de um ataque sangrento dos filisteus e por não encontrar seu esposo, quando busca por ele em meio aos hebreus assassinados a sangue frio pelos soldados… mas felizmente Manoá está vivo, e o Anjo do Senhor volta a aparecer, desta vez, para os dois, depois que ela conta tudo sobre seu encontro com o Mensageiro a Manoá e ele roga a Deus para que o envie novamente e lhe diga o que devem fazer – “Não bebas vinho, e nem comas coisa impura. E sobre a cabeça do menino, jamais deverá passar a navalha”.

Assim, temos um pequeno salto, e nasce Sansão. Sete anos se passam, e eu adoro as cenas de Sansão correndo e brincando com seus amigos pelos campos de trigo, já com seus cabelos longos e com tranças… até que ele presencia mais um ataque dos filisteus assassinando pessoas de seu povo. E ele questiona Deus por isso, sobre o porquê ELE, “que os livrou da escravidão no passado”, não expulsou os filisteus de suas terras. Então, Zilá explica sobre o povo hebreu ter desrespeitado sua aliança com Deus, adorando outros ídolos, mas que tudo estava prestes a acabar, porque “o Mensageiro de Deus anunciou que um homem virá para libertar o povo hebreu do domínio dos filisteus, e que esse homem é ele”. E eu acho uma fofura quando ele diz que “eles são muitos”, ao que Zilá responde que ele é muito mais forte do que os filisteus, e que foi o Mensageiro que ordenou que ele nunca cortasse o cabelo como um voto de consagração a Deus, e que Sansão deve guardar esse segredo, nunca revelando a fonte de sua força. E que quando chegar a hora, ele estará preparado.

Antes de mais um salto na história, temos mais cenas de Sansão ainda criança, como aquela em que ele ergue um de seus amigos no alto e sozinho, demonstrando sua força desde sempre, enquanto o garoto pede para que Sansão o solte… e mais aquela, que eu achei muito fofinha, em que ele aprende com Zilá a preparar o pão. São cenas apenas para demonstrar a passagem de tempo, até chegarmos a um Sansão adulto e com um corpo escultural. Aqui, entra Fernando Pavão em cena, com um Sansão ainda brincalhão e, agora, também mulherengo. E eu gosto das cenas em que ele carrega seu amigo Héber nas costas sem demonstrar nenhum cansaço, e também de quando Héber tenta fugir dele para não ser obrigado a ir até a feira de Timna, porque lá tem filisteus, e ele não tem a mesma força que Sansão para se defender… mas ele não tem escolha, e Sansão o obriga a ir com ele (rs). Em meio a tudo isso, mudamos de cenário, e somos levados para o paradisíaco Vale do Soreque, também de domínio Filisteu, onde Dalila nos é apresentada na trama.

Lá, a vemos se banhando nas águas do mar, e podemos notar uma Dalila ainda um tanto inocente, com um certo ar de garota, ao mesmo tempo em que notamos a sensualidade aflorando nela. E a vida de Dalila não é fácil, além de ser pobre, ela ainda precisa se desvencilhar dos olhares maliciosos de seu padrasto, Rudiju, que a deseja intensamente – e eu fiquei muito satisfeito com a construção inicial que o roteiro deu à personagem. Dalila vai ganhando uma consistência quase que palpável durante o primeiro capítulo, que a seguirá ao longo da minissérie. Rudiju ordena que ela vá com a caravana do Vale para a feira de Timna, para que ela venda seus enfeites a fim de que ela traga algum sustento para a casa. Porém, Dalila não acha justo que ele a obrigue a vendê-los. Mas depois que sua amiga, Myra, a anima com uma oportunidade de saírem um pouco do Vale e verem pessoas novas – “Quem sabe lá em Timna você não encontra um pretendente à altura da sua beleza, hein?” –, Dalila não acha de todo tão ruim irem até a feira.

A feira de Timna é um lugar animado, e lá, Sansão acaba se encantando por Ieda, quando a ajuda a se levantar de uma pequena queda e os olhares de ambos se cruzam de forma romântica, com direito a câmera lenta e a cabelos ao vento… mas eles não têm tempo de se apresentarem, porque Ama tira Ieda da presença de Sansão, apenas para protegê-la de olhares maliciosos ou qualquer outra coisa do tipo. Ainda em Timna, Dalila desperta a curiosidade e o interesse da cortesã Zaira, quando ela a vê dançando descontraidamente na feira. E quando Dalila e Myra vão parar, sem querer, na casa de mulheres de Zaira, fugindo de uma confusão que os soldados estavam armando na feira, elas ficam curiosas com o lugar, e Zaira aproveita para fazer uma proposta às duas para que fiquem ali com ela, uma proposta que é muito mais direcionada a Dalila do que a Myra, “porque até o mais forte dos homens sucumbiria à beleza dela”, e Zaira poderá “torná-la uma mulher muito poderosa”. Dalila a agradece, mas não tem interesse em nada daquilo.

De volta ao Vale, Dalila se compadece de sua mãe, depois de chegar em casa e ver que seu padrasto a agrediu… e ela chora, notando as marcas da violência. E problemas mais sérios entre Dalila e Rudiju se intensificam, quando ele tenta tocá-la e cheira sua pele enquanto ela dorme. Então, ela acorda assustada, e ele se torna violento, dizendo coisas como “não acreditar que ela estava na feira, e que ela estava com um homem”. E é um momento angustiante, quando ele a pega à força e tenta abusar de Dalila… mas sua mãe chega no instante, notando o que estava acontecendo enquanto ele disfarça, e, mesmo assim, ela não faz nada. Quando Dalila vai contar a ela sobre as perseguições do padrasto e os olhares de maldade dele sobre ela, sua mãe não fica do seu lado, porque ela acha que o desejo de Dalila é que todos os homens fiquem loucos por ela. Então, é horrível perceber que, por ser linda, Dalila é praticamente acusada por sua mãe de despertar o desejo do padrasto… e ela se sente desamparada, por não ter o apoio de quem mais ama na vida.

No povoado, Sansão está determinado a se aproximar da filisteia que conheceu na feira de Timna, e a envolver-se seriamente com ela. E ele encontra resistência por parte de seus pais, que não concordam que ele busque para si uma mulher do povo inimigo… e embora eles tentem convencê-lo a não se envolver com uma filisteia, e sua amiga Samara, apaixonada por ele, também tente aconselhá-lo que isso não é o correto, Sansão não acha que Deus verá aquilo com maus olhos, porque ELE colocou a mulher em seu caminho… e para o que Samara diz ser um amor impossível, entre um hebreu e uma filisteia, ele diz o contrário, porque “nenhum amor é impossível”. Perto do fim do primeiro capítulo, temos aquela mescla de cenas eletrizantes de Dalila tentando fugir de seu padrasto, e de mais um ataque dos filisteus ao povoado dos danitas. Faruk está determinado a se destacar no exército filisteu, e quando ele pede para seu comandante, Abbas, uma chance de provar que pode comandar uma tropa, Abbas permite que ele prove o seu potencial.

Assim, Abbas ordena que Faruk vá para Zhora e domine a tribo de Dã, matando todos os danitas para expandir o domínio filisteu. E Faruk está com sede de conquista. Ele acaba rendendo Samara quando chega no povoado, zombando de Deus depois de obter a resposta de que ela acredita no “Deus do invisível”, porque ele quer ver se ELE a salvará ou enviará um mensageiro. E o mensageiro chega: Sansão. E ele ordena que Faruk e seus homens voltem para o lugar de onde vieram, depois que derrota facilmente alguns dos soldados da tropa com sua imensa força física – “Um hebreu destemido! Quem diria? Sem armas e sem armadura. Isso será divertido. Como se chama, hebreu?” / “Sansão”. Enquanto Faruk subestima Sansão, dizendo que “matará o seu povo”, ele tem mais alguns de seus homens derrotados pelo hebreu. E um duelo está prestes a ser travado entre ele e Sansão, com os dois se enfrentando e dispostos a medir força para ver quem é o mais forte.

O gancho para o segundo capítulo é maravilhoso, tanto do lado de Sansão, quanto do lado de Dalila, que passa os últimos minutos deste primeiro capítulo fugindo de Rudiju. E ela consegue escapar algumas vezes, até que chega desesperada em casa, buscando pela ajuda de sua mãe e se depara com ele… e a cena é tensa, porque Dalila está face a face com o homem que quer abusar dela, num clima de tensão total que envolve todo o momento. E, aparentemente, ela não tem mais escapatória. Assim, chegamos ao fim do primeiro capítulo, com uma EXPECTATIVA SENSACIONAL PARA O PRÓXIMO. Foi de tirar o fôlego!

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