Desalma 1x01 – Roman

“HALYNA, QUE AS ÁGUAS QUE TE LEVARAM, TE TRAGAM DE VOLTA”

Finalmente “Desalma” chegou ao Globoplay! Depois de algumas incertezas quanto à data de estreia, o suspense sobrenatural criado por Ana Paula Maia já está disponível na plataforma de streaming da Globo… para a minha alegria! Desde que as primeiras notícias sobre a série começaram a rolar pela internet, eu fiquei superempolgado e muito ansioso para acompanhar essa história recheada de mistério e magia, simplesmente porque o tema “Bruxas” sempre me cativou muito. E saber que “Desalma” é uma produção brasileira me deixou ainda mais animado e curioso para conferir a série – sim, gente, essa série é nossa, é do Brasil… e nós precisamos valorizar isso. Depois de assistir ao episódio piloto – “Roman” –, eu já posso afirmar uma coisa: nós não estamos perdendo em nada para produções internacionais do gênero. Que orgulho! Com um elenco principal que eu amo demais – Cássia Kis, Cláudia Abreu e Maria Ribeiro –, e sensacionais locações externas no sul do Brasil, “Desalma” já nos entregou uma qualidade de peso.

O primeiro episódio nos leva até a Serra Catarinense, em 2018, nos apresentando um rápido momento de Roman quando ele provoca sua morte ao se jogar do alto de uma cachoeira, arrependido e atormentado por ter sido parte de algo que causou a morte da jovem Halyna, há 30 anos – “Nós erramos. Éramos jovens, estúpidos. Me perdoa, Halyna”. Depois de registrar um boletim de ocorrência pelo desaparecimento de Roman, Giovana descobre que o marido cometeu um suicídio… então, dois meses depois, ela se muda com as filhas Melissa e Emily para a antiga casa em que ele nasceu, na pequena Brígida, cidade do interior gaúcho fundada por ucranianos e onde uma atmosfera sobrenatural começa a ressurgir. Lá, Giovana é recebida por Ignes, sua amiga e prima de Roman, que a ajuda com os preparativos para sua nova vida. E é também em Brígida que conhecemos Haia, a velha bruxa da cidade que, por sinal, é a mãe da falecida Halyna.

E falando em Halyna, é através dela que toda a trama começa a se desenrolar de uma forma bem interessante. A Ivana Kupala é uma antiga festa pagã que os moradores de Brígida costumavam celebrar, mas depois que Halyna morre, em 1988, durante uma noite de festa, a celebração deixa de fazer parte da cultura local. Três décadas depois, os moradores querem reacender a tradição e voltar a celebrar a festa pagã… e é por isso que coisas estranhas começam a movimentar Brígida. O impacto da morte de Halyna permanece como um mistério neste primeiro episódio, e o roteiro nos deixa com aquele gostinho instigante no ar, porque sabemos que tudo gira em torno deste acontecimento, mas não sabemos exatamente os detalhes de como ele se deu… e isso é uma grande sacada da série, que deixa várias pontas soltas para se conectarem nos próximos episódios. Particularmente, para mim, séries de suspense precisam saber dominar essa pegada.

Tudo o que sabemos a respeito da morte de Halyna é que Roman, Boris, Ivan, Aleksey, o também falecido irmão de Ignes, e talvez outros estão envolvidos com o trágico acontecimento. Porém, para Ignes, mesmo que Aleksey tenha confessado o crime, no passado, seu irmão não é o verdadeiro culpado. E com a volta da Ivana Kupala, muitos mistérios serão esclarecidos, mas não sem antes trazer algumas desgraças para Brígida… ao menos é o que tudo indica. Os destaques nas interpretações deste piloto ficam por conta de Cássia Kis e do ator mirim João Pedro Azevedo, que nos entregam os momentos mais sinistros do episódio. Eu adoro a entrega da atriz, que nos convence com uma “Haia” bem consistente e bastante sombria também, afinal de contas, ela é uma bruxa. E a caracterização de Cássia Kis, junto com sua interpretação maravilhosa, está perfeita – como sempre, podemos esperar grandes coisas da atriz.

Mas falando no pequeno João Pedro Azevedo: gente, que interpretação ASSUSTADORAMENTE MARAVILHOSA a desse menino na pele de Anatoli; eu confesso que senti medo dele. E convenhamos, crianças e terror são uma combinação perfeita em produções do gênero. Elas sempre se destacam. Anatoli é o filho de Ignes, que passa a ter um comportamento estranho de forma repentina, e é perturbadora a cena em que ele atormenta o cavalo da família. Mas é no final do episódio que sentimos o frio na espinha com o personagem, quando às três da manhã, Ignes o encontra afogando aquele boneco macabro na banheira enquanto diz palavras que ela não compreende durante o transe. E depois, a coisa fica ainda pior, porque ele tem a certeza de que Roman quer voltar para casa. É sério, aquilo foi de arrepiar! Uma das cenas finais do piloto é na floresta, com Haia desenterrando mechas do cabelo de Halyna e invocando a filha num ritual macabro – “Halyna, que as águas que te levaram, te tragam de volta”.

Um piloto maravilhoso e cativante! Estou muito contente com a boa qualidade de “Desalma”.

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