Quando
Clara conheceu Gael, ela pensou ter encontrado seu príncipe gentil, mas as
coisas não se revelaram às mil maravilhas como era esperado. Gael, antes mesmo
de se casar com a jovem, já demonstrava indícios de ser um homem extremamente ciumento, embora esse comportamento
tenha sido pouco para que Clara percebesse a cilada em que estava caindo.
O
pesadelo começou na noite de núpcias onde Gael violentou, bêbado, a própria
esposa, acabando com o encanto da primeira noite
de amor de Clara. Percebendo a burrada que tinha feito, ele logo pede
perdão por medo de perdê-la. Clara, apaixonada, cede e lhe dá uma chance.
A lua
de mel parecia “mágica”, Gael havia
prometido não ser mais agressivo com ela, e ser o príncipe que Clara sempre quis que ele fosse, a esperança renasce
novamente no coração da jovem, em sua mente tudo seria maravilhoso daquele
momento em diante, curtindo juntos o amor,
hospedados no Copacabana Palace no Rio de Janeiro, em uma luxuosa suíte de
frente para o mar.
Mas o
luxo não compra o amor. Gael dá à Clara um cartão de crédito para que ela
compre o que quiser enquanto estiverem no Rio. Quando ela chega ao hotel com um
celular, ele mesmo o destrói, por ciúmes de que a esposa possa ter contato com
alguém que ele não conheça, ainda mais quando ela revela que fez amizade com
Beth, daí por diante são desapontamentos em cima de desapontamentos. Gael
assume sua atitude de controlador, ciumento, e possessivo, fazendo Clara sempre
se entristecer com seu falso príncipe. Mas ela está sempre disposta a lhe dar
uma nova chance, mesmo que, como um ciclo, tudo volte a se repetir.
Ainda
no Rio de Janeiro, ao perdoar o marido pela cena do celular, e acreditar na
história de Gael, de que seu comportamento possessivo é por conta de sua
ex-mulher que o traía marcando encontros com o amante pelo celular, Clara e
Gael conseguem ter um momento de amor… “em
uma linda cena em que eles se amam em meio a luz do dia no quarto do hotel”… mais
uma vez, promessas de que aquele comportamento não se repetiria saem da boca
de Gael, e apaixonada, nossa mocinha acredita mais uma vez.
De
volta à Palmas em um jantar proporcionado por Sophia num elegante restaurante,
Clara encontra um conhecido do Quilombo que a cumprimenta, e faz Gael sentir
ciúmes novamente. Em casa, ele tira conclusões de que a mulher tem um caso com
o amigo, sem poder se defender, Clara é brutalmente agredida e em meio a
empurrões ela rola escada abaixo, o que gera ferimentos por seu corpo.
Atordoado, Gael a leva para o hospital onde Renato a examina, e diz saber o que aconteceu
para Clara, mesmo que ela negue que tenha apanhado do marido, e se recuse a
denunciá-lo dizendo que caiu da escada acidentalmente. Clara não consegue
convencer Renato, e muito menos a sociedade de Palmas que em pouco tempo fica
sabendo de tudo… a humilhação é um dos
piores sentimentos que o ser humano pode sentir, é triste saber que milhões de
mulheres passam pela mesma situação que a personagem da atriz Bianca Bin. A
violência contra a mulher é um tema super válido para abordar na
teledramaturgia, uma vez que mexer na ferida é tentar fazer com que o ser
humano acorde, e a ficção consegue mesmo que pouco, ajudar alguém a abrir os
olhos… porém Clara decide demonstrar que não é tão ingênua quanto parecia,
e começa a se impor em seu casamento.
Ao ver
Renato sair de sua casa após visitar Clara, Gael se enfurece e a violência toma
conta de si mais uma vez, o que acaba levando a mais uma briga entre ele e a
esposa, que confessa ter mentido ao falar que apenas amigos do supletivo haviam ido à sua casa por medo
da reação do marido. Possesso, Gael lhe dá um tapa na cara que é revidado por
Clara, a briga se intensifica e, fora de si, Gael joga a esposa no chão onde ela
cai por cima de um objeto com vidro e se fere mais uma vez … uma coisa que vem me chamando bastante atenção
na novela são as cenas paralelas que refletem o lado espiritual do
acontecimento do momento. Enquanto Clara é agredida, ela aparece em um outro
lugar ao mesmo tempo, como se fosse um plano espiritual onde ela está ou se
afogando em meio a águas agitadas, o que demonstra TURBULÊNCIA na vida da
personagem, ou vestida de vermelho a caminhar melancólica por um lugar obscuro
em meio a chuva, e até caminhando por um deserto em busca da luz do sol. Trata-se
de uma trama de Walcyr Carrasco, e sabemos que o autor sempre que pode, coloca
sua crença (Espírita) em evidência, algo por sinal bastante natural, pois é a
forma como ele vê a vida. No caso de O Outro Lado do Paraíso, essas cenas
caíram muito bem nos momentos em que Clara é agredida pelo marido, o que nos
mostra o estado de espírito emocional que fica um ser humano que passa por
qualquer situação negativa… mas a nossa mocinha não é mais a mesma.

Mais
uma vez no hospital por conta das agressões do marido, Clara pede para que
Renato a ajude a denunciar Gael, e a colocá-lo na cadeia, mas logo desiste ao
descobrir que está grávida e ter esperanças de que um filho salvará seu
casamento, mudando o comportamento violento do esposo, o que deixa Renato
decepcionado mais uma vez, pois ele ama a jovem e espera que um dia ela possa
corresponder a esse amor enxergando que Gael jamais mudará… Que lástima eu sinto!!! Renato está sempre
tentando ajudar Clara, seu amor parece ser tão sincero. Como já disse em outra
postagem, gostaria muito que no início da novela ele tivesse tido a chance de
namorar a personagem, mas como já sabemos, a mesma teria seu destino escrito
pelo autor para sofrer nas mãos de Gael. Mas que seria fofo os dois juntos,
isso seria!!! Mas não se manda no coração e nem nas mãos de Walcyr Carrasco
ao escrever sua novela (risos).
Clara diz a Gael que decidiu dar mais uma
chance ao casamento dos dois e lhe conta sobre a gravidez, o que faz com que
ele se sinta feliz, e ambos vibrem com a notícia de um filho a caminho para
restaurar a união do casal. A pedido de Clara, Gael promete novamente mudar,
mas essa promessa assim como todas as outras não dura muito tempo. Influenciado
por Sophia, e bêbado, o que o torna ainda mais agressivo, Gael tenta fazer
Clara assinar à força a autorização para explorar as esmeraldas, só que dessa
vez na defensiva, Clara o enfrenta ameaçando-o com uma faca, pois agora grávida,
não permitirá que o marido a maltrate, uma vez que o bem-estar da criança em seu
ventre também está em jogo… eu adorei a
força de Clara não cedendo mais às agressões de Gael, a personagem consolidou
sua coragem enfrentando o marido… Foi de VIBRAR!!!… O que uma verdadeira
mãe não faz por um filho? Um filho muda uma mulher, a transforma e a deixa com
mais coragem do que nunca.
O
machismo de Gael entrou por entre as pernas como o rabo de um cão amedrontado, e Clara então o expulsa de casa… (um ponto para Clara, a mocinha ingênua virou
mulher)… As cenas de agressão entre Gael e Clara foram muito bem escritas pelo
autor da trama, embora tenha dividido o público brasileiro. Ao meu ver, Walcyr
Carrasco quis mostrar a realidade de milhões de mulheres, que ainda sofrem em
nosso país por não obter coragem para denunciar as agressões sofridas no lar
por seus parceiros. Atos bem piores acontecem na realidade. A realidade
colocada nas cenas foram fortes, creio que com a intenção de chamar atenção dos
telespectadores para algo que acontece perto de nós e não temos coragem de
reagir. A violência contra a mulher é CRIME, e ela não escolhe classe social,
acontece também na elite brasileira. A trajetória da personagem até aqui mostra
bem como muitas mulheres se comportam frente à situação. Por amor, elas perdoam
muitas agressões, acreditam em um arrependimento que é sempre passageiro, e em
promessas que se vão da mesma forma que vêm. É preciso despertar, e a
teledramaturgia ajuda como já mencionei aqui nem que seja um pouco a combater
esse CRIME, mesmo que ainda seja realmente
pouco.
A
transformação da personagem Clara, de jovem ingênua a uma mulher firme diante
da violência, ilustra bem que se tiverem coragem as mulheres podem combater as
agressões. Não consigo ver o personagem interpretado por Sérgio Guizé como um
vilão, ainda, e sim como uma pessoa doente que precisa ser tratada, acredito
que ele possa amar a personagem Clara vivida por Bianca Bin, embora essa forma
de amar seja completamente errada e inadmissível, e a violência tem que ser
combatida e punida. Existe lei para isso. Pois quem ama cuida, protege e
principalmente, dá amor.
…Essa
é a realidade de muitas. Choca. É difícil de assistir, porque é a verdade…
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