Chocolate com Pimenta – A perda de um grande amigo!
“LUDOVICO,
VOCÊ É A PESSOA MAIS GENEROSA DO MUNDO!”
Talvez
esse seja um dos momentos mais tristes da novela… Ludovico e Ana Francisca nos
presentearam com uma bela história de amizade. Ele era o homem rico, doente e
solitário que não tinha em quem confiar. Porque, convenhamos, a Jezebel só
estava interessada no dinheiro do irmão. Então, chega a Ana Francisca na vida
dele, toda cheia de alegria e com um coração puro e sincero que comove o
Ludovico. E eles tornam-se grandes amigos! Durante um bom tempo, ele a deixa
pensar que é um simples operário da Bombom,
porque primeiro Ludovico quer ter a certeza de que Aninha não é nenhuma
interesseira… e não demora para ele notar que ela é confiável. E temos muitas cenas
fofas dos dois na fábrica de chocolates, sempre confidenciando tristezas e
alegrias um para o outro em meio a xícaras de chocolate quente. De fato, é uma
amizade linda e comovente! Até que um dia Ludovico precisa revelar quem
realmente é – o dono da Bombom.
E
tudo acontece depois que ele socorre a Aninha daquele incidente no Baile de
Formatura, em que ela é ridicularizada por todos e pensa que o Danilo tem algo
a ver com sua humilhação. Ludovico havia ido ao Baile escondido, porque queria
ver sua amiga saindo, feliz, com o rapaz que amava. Mas não foi bem isso que
aconteceu. Então, ele estava lá, para confortá-la mais uma vez, e também para
escutá-la como já havia feito tantas vezes, como quando ela lhe contou, toda
apaixonada, sobre sua primeira vez com Danilo, mas depois chorou por não saber
se tinha feito a coisa certa antes de se casar. Assim, o Ludovico disse coisas
sensatas, como “se o amor é verdadeiro”, ela “não fez nada de mau”, além de dizer
que “muitos se escandalizariam, mas não era o caso dele, porque não era preso a
convenções”, e “a vida com amor tinha muito mais beleza!”. Depois, quando
Aninha fica preocupada por estar grávida, ele percebe que há algo acontecendo,
porque sente sua amiga diferente. Mas ainda não era o momento de ela se abrir…
Porém,
agora, ele estava ali, do lado de fora do Baile para oferecer seu ombro amigo
para Aninha chorar, porque ele teve uma intuição, e “algo lhe dizia que ela
precisava dele”. E como ela estava realmente precisando do Meninão naquele
momento, pois a decepção com Danilo havia partido o coração dela. Ele não teve
nada a ver com o incidente do balde de tinta verde. Aquilo tudo havia sido um
plano da Bárbara e da Olga para separá-los, quando a tia do Danilo descobriu
que Aninha estava grávida de seu sobrinho e fingiu estar feliz, a fazendo
acreditar que o melhor era dar a notícia para ele, em grande estilo, no Baile
de Formatura. E o plano das duas deu certo… Aninha estava mesmo achando que
Danilo só queria fazer “piada” dela, e que a havia enganado. Depois de
confidenciar isso a Ludovico, em meio a muito choro… um choro tão pungente que
nos comove, ela acha estranho vê-lo naquele carro “tão caro”. E é hora de ele
dizer a verdade para ela. E Ludovico revela sua verdadeira identidade de homem
rico.
Logo,
Aninha acha que foi enganada mais uma vez, pensando coisas erradas de Ludovico.
E ele precisa explicar os motivos que o fizeram sustentar a farsa de operário
por muito tempo: ele queria a amizade sincera e desinteressada dela. Depois de
se entenderem, Aninha continua desesperada, porque está grávida, perdeu o
emprego, e não sabe como vai sustentar o filho – “O mundo é tão maldoso. O que
vai ser do meu filho sem pai?”. Mas é claro que o Ludovico não ia permitir que
sua melhor amiga ficasse desamparada – “Confie em mim. Eu vou dar o meu nome para
o seu filho. Quero que se case comigo!”. Gente, que atitude mais nobre. Que gesto
mais lindo! Num primeiro momento, Ana Francisca não quer se casar com Ludovico,
porque ela não entende, ainda, o que vem a ser aquela proposta de casamento
dele, e pensa que ele quer mais que sua amizade… então, ela é sincera, e deixa
claro que é apenas sua amiga, enquanto Ludovico faz o mesmo, e promete, que se
casarem, “nunca irá tocar nela”.
Assim,
tudo só é melhor esclarecido quando ele vai falar com a família de Aninha… e
eles não aceitam a união dos dois, porque “nunca que Aninha vai se casar com um
espantaio, um veio babão”. Logo, Ludovico precisa explicar aonde quer chegar com
aquele casamento e os motivos pelo qual está propondo casar-se com a amiga,
quando fala por Ana Francisca e diz a verdade: Aninha está grávida de um “rapaz
da cidade”. Então é aquela confusão, com a vó Carmem passando mal; a Márcia
confirmando que a gravidez da prima é verdade; o tio Margarido a repreendendo
por não ter dito nada antes, e depois achando que a “solução é matar o disgramado”. E é uma cena até engraçada,
com aquele jeito caipira deles de quererem resolver as coisas. Então, o
Ludovico diz que não é “nenhum velho babão”, e que se trata de um “casamento
fraternal”. E ele revela que sua saúde é delicada, e que gostaria, antes de
partir, de fazer feliz aquela que se aproximou dele sem nenhum interesse, e que
o conquistou. Assim, a Aninha aceita se casar, e essa é a melhor decisão que
ela poderia tomar para aquele momento de sua vida.
Mas
ainda há alguns acontecimentos antes que Aninha se case com seu grande amigo. O
Danilo vai tentar entender o que aconteceu do Baile quando vai ao sítio para
falar com ela, e àquela altura, a família de Aninha já sabia que ela estava
grávida dele, e também estavam pensando que ele havia sido um canalha com ela,
enquanto Danilo não tinha noção do que estava acontecendo de verdade… ele é
expulso do sítio, com direito a um belo balde de lavagem de porco na cabeça –
coisas que amamos nas novelas do Walcyr (kkkkkkk). Depois, Olga e Bárbara o envenenam
para que ele acredite que Aninha é uma golpista, quando ele se recusa a acreditar
que ela irá se casar com Ludovico… e ele acaba acreditando, afinal, ele a viu
sair do Baile no carro do dono da Bombom.
Então, ele vai ser cruel com Ana Francisca, e dizer na cara dela que ela “está
dando o golpe do baú; que é uma golpista”, e que “não vale nada”. São palavras
difíceis de Aninha ouvir, e ela até lhe dá uma bofetada pela afronta, mas a
verdade é que os dois caíram numa armadilha tão grande, que é complicado
desfazer qualquer mal-entendido.
E
temos uma cena bem dramática de Ana Francisca no alto do penhasco… uma cena meio
estilo Scarlett O’hara em “E O VENTO
LEVOU”, com direito a Ana Francisca jurando que “nunca mais alguém irá rir dela;
nunca mais será humilhada; nunca mais ninguém irá pisar nela, e que chegará o
dia em que será ela quem irá rir”… “Olho por olho, dente por dente. Um dia eu
vou pisar em cada um que me pisou… Por essa terra que eu piso… nunca mais vão
rir de mim. Pelo céu que desce no horizonte. Pela chama que arde no meu coração.
EU VOU ME VINGAR!”. Então, através daquele olhar de fúria e mágoa, entendemos que
a vingança de Ana Francisca um dia chegará. É uma cena bem triste da
personagem, porque Ana Francisca está muito ferida emocionalmente. Então, o
ódio cresce dentro dela de uma forma incontrolável… e a atuação de Mariana
Ximenes nos convence muito de que aquele é um momento de dor, rancor, e muito
desejo de vingança de sua personagem. É uma cena muito bem construída.
E
é assim que chegamos no casamento de Ana Francisca, e é claro que ela não está
feliz com o rumo que sua vida tomou. Mas ela encontra forças para sorrir, até
porque, ela vai se casar com um homem bom, com seu grande amigo que nunca a
desamparou nenhum minuto sequer… eles se casam, e na saída da igreja, Aninha é
mais uma vez humilhada por Olga e Danilo, quando eles dizem que ela “é uma
caçadora de dotes e uma caçadora de ouro”. E Aninha chora. Então, Ludovico e
ela se mudam para Buenos Aires, e é lá que Aninha passa de patinho feio a cisne…
Ludovico quer transformá-la em uma grande dama da sociedade, porque está “partindo,
e por isso ela precisa aprender a ser uma dama, pois um dia precisará enfrentar
tudo sozinha”. E temos todas aquelas cenas usadas em grandes novelas mexicanas –
e por que não citar as protagonistas da
Thalía em sua Trilogia das Marias, não
é mesmo? –, onde a mocinha tem aulas de etiqueta tornando-se uma mulher culta e
elegante. E eu amo o clima na capital
portenha, quase sempre com uma trilha sonora de tango como fundo para as cenas.
É deslumbrante!
Então,
o tempo voa ao lado de Ludovico, Ana Francisca não é mais a mesma. Além de uma
grande dama da sociedade, ela também é uma mãe maravilhosa. E sete anos se
passam… sete anos em que ela e Ludovico foram felizes como grandes amigos que
sempre foram, embora Aninha nunca tenha esquecido Danilo, e o veja
constantemente entre as pessoas nos lugares. Mas a felicidade tem um prazo de
validade, e a vida dá mais um golpe cruel nela. Quando Ludovico piora muito de
sua doença, o seu coração pode falhar a qualquer momento… e isso um dia
acontece, infelizmente. E eu nem preciso falar que uma cena muito triste, densa
e emocionante. Ele está morrendo, e agradece a Aninha por tudo o que ela fez
por ele, enquanto ela o agradece por ter sido um pai para o seu filho, e um
amigo que nunca teve. Antes de partir, ele quer lhe confidenciar um segredo, e
pede para que ela guarde aquela caixinha preta e que não a abra, porque no
devido tempo ela saberá o que há lá dentro… então, ele revela que deixará toda
a sua fortuna para ela…
Mas
Ana Francisca não quer saber de dinheiro. Ela não quer falar sobre isso naquele
momento, porque nada daquilo lhe importa. E ele a faz prometer que se perder
tudo, abrirá a caixa. E enquanto Aninha vai desabando em lágrimas, ele tem mais
um pedido, mais uma promessa: que depois que ele morrer, ela se case novamente –
“Você é meu marido” / “Eu sempre fui um bom amigo”. E Ludovico quer que ela arranje
“um marido que a ame”, porque “tem o direito de ser feliz”. Então, Aninha
promete o que ele lhe pede, para realizar a vontade de Ludovico na hora da
morte… e ele também a aconselha a esquecer as mágoas do passado. E dessa
maneira, por ele, ela promete não ter medo; promete enfrentar a vida e tentar
ser feliz de todas as maneiras… e a hora de partir então chega para ele.
Ludovico se sente mais leve com as promessas de Ana Francisca, assim como sente
que pode ir em paz. E eu choro quando ele lhe pede um carinhoso beijo, e ela não
hesita em lhe dar um fraterno beijo de amigos. Um último beijo, antes de
desabar em lágrimas quando ele morre – “Meninão?”. E como eu sinto com ela essa
perda. Dói!
Agora,
sem o seu grande amigo, “a pessoa mais generosa do mundo”, Ana Francisca está
pronta para regressar a Ventura, e acertar todas as suas contas com o passado. E
seus inimigos que se preparem, porque a viuvinha
está chegando…
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