O Outro Lado do Paraíso – O drama de Elizabeth




“EU SOU ALCOÓLATRA!”
Todo mundo sabe que a Elizabeth é uma das minhas personagens favoritas em “O Outro Lado do Paraíso”… O Walcyr soube aproveitar muito bem o talento de Glória Pires para dar a personagem uma carga dramática muito grande – Como eu costumo dizer: a Beth sofre mais que a Clara na novela. E tivemos apenas um momento de felicidade da personagem ao longo de toda sua saga antes do fim da novela, quando a Beth resolve contar a Clara que é sua mãe, e a Clara fica muito feliz por descobrir que a mãe que pensava estar morta, na verdade, estava viva. Mas com Adriana não foi a mesma coisa. E assim acabava o momento feliz de Elizabeth, que deve ter durado uns dois capítulos, para começar um novo ciclo infernal em sua vida. Tivemos aquela emocionante cena de Adriana com ela no julgamento, quando a advogada descobre que a mulher que estava defendendo era a mãe que ela tinha certeza que havia morrido. Foi uma cena bem emocionante, e deu a entender, pelo menos para mim, que dali em diante, Beth e Adriana se dariam bem como mãe e filha. Mas não foi bem assim…
A Adriana se tornou uma personagem insuportável em questão de segundos. Ela foi até o fim na defesa da Beth no julgamento, por profissionalismo, e conseguiu a absolvição de sua mãe. Porém, Adriana passou a rejeitá-la de todas as formas, porque começou a pensar que Elizabeth a havia abandonado porque não a amava, e ainda tinha o fato dela sentir vergonha por ter reencontrado a mãe como uma dona de bordel. E as coisas se complicam ainda mais, depois que a peste do Natanael tenta matar Beth, mas é ele quem acaba morrendo. Então, Adriana joga a culpa da morte de seu querido avô em Beth. E como se não bastasse, tínhamos a Jô, manipulando e envenenando Adriana contra Beth, porque estava com medo de perder a vida que levava ao lado do Henrique… afinal, com a volta da rival, seu casamento com ele não era mais válido no Brasil. E a Jô exerce uma má influência sobre Adriana que me causa ódio. Assim, temos uma série de cenas em que Beth tenta estabelecer uma relação com a filha, enquanto Adriana só a humilha e lhe diz coisas horríveis… e são cenas de cortar o coração.
Logo, Jô adora como as coisas caminham de mal a pior para sua inimiga. E não há nada que faça Adriana dar ouvidos a Beth ou lhe dar alguma atenção, principalmente quando o assunto é a Beth tentar lhe explicar que precisou desaparecer por conta das artimanhas de Natanael… Adriana não admite que o nome de seu avô seja manchado, porque ela não acredita que ele tenha alguma coisa a ver com a decisão de Beth de sumir por anos. E nem a Clara consegue interceder pela relação da mãe com a irmã, quando a Beth pede para que ela lhe ajude com Adriana, se aproximando dela. Também temos o Renan querendo ajudar a Beth por amor a ela, mas Adriana é irredutível. Eu até entendo que saber que a mãe está viva, depois de anos pensando que ela estava morta, possa ter mexido com suas emoções e com sua razão, mas nada que devesse durar tanto tempo assim, afinal, a Adriana era uma advogada inteligente, capaz de usar técnicas para extrair a verdade das pessoas… então, como é que ela não enxergava que sua mãe estava sendo verdadeira com ela o tempo todo? Difícil de engolir.
No meio disso tudo, temos o Henrique tentando se reaproximar da Beth, enquanto o Renan faz o mesmo. O Renan estava falido, e ele acaba aceitando dinheiro da Jô para manter as aparências com Beth para fazer com que ela se apaixone por ele novamente, e assim a Jô não precisa se preocupar com nenhuma ameaça da rival para o seu casamento. E a verdade é que mesmo fazendo as coisas por caminhos errados, o Renan realmente ama a Beth, e ele quer reconquistá-la por amor. No começo, eu fiquei meio desconfiado desse acordo que ele fez com a Jô, porque parecia que ele estava querendo mais o dinheiro do que o amor da Beth, mas, com o tempo, percebemos que ele apenas não queria parecer um falido na frente dela perto do homem rico que foi um dia. Por outro lado, eu nunca torci por uma volta do Henrique com a Beth, porque um homem que descobre tudo o que o pai fez com a ex-mulher, e ainda pede para que ela não conte nada só para preservar o nome da família dele, não merecia uma chance. O Henrique não é um homem ruim e nem nada disso, mas, não, ele definitivamente não merecia uma nova chance com Elizabeth…
A Beth até cogita uma volta com ele para que as coisas fiquem mais fáceis com Adriana – mas ainda bem que essa ideia não foi adiante. E ela resolve não contar para o mundo quem Natanael é, porque não quer ter Adriana com uma inimiga. Bem, eu sempre achei que ela devia ter colocado a boca no trombone, sim… foda-se a Adriana, ela já tinha ido longe demais rejeitando e humilhando a mãe, e achando que a Beth era a pior das mulheres. Ao menos Elizabeth consegue desmascarar Jô, contando para Henrique tudo o que ela fez em cumplicidade com Natanael para arruinar a sua vida. Então, o Henrique descobre que foi sua atual esposa quem ajudou o pai com todo o plano de aproximar Beth de Renan enquanto eles ainda eram casados, e tudo por vingança, porque Beth tirou de Jô a oportunidade de se casar com ele no passado… assim, Henrique fica sabendo quem Jô realmente é, e decide se separar dela (bem feito). Mas ela não está disposta a sair com uma mão na frente e outra atrás desse casamento. E alguma coisa ela vai aprontar.
Assim, cheia de ódio, Jô promete envenenar ainda mais Adriana contra Beth, colocando toda a culpa de tudo estar desmoronando na vida deles em sua rival. E Adriana passa a odiar ainda mais a Beth por conta disso. Então, temos Jô provocando Beth por puro prazer em vê-la ser rejeitada por Adriana… ao menos uma boa bofetada da Beth ela levou por conta de seus atrevimentos (adoro!). Por alguns capítulos não temos Jô na jogada… mas temos os problemas entre Adriana e Elizabeth se intensificando, porque com a rejeição da filha, Beth volta com todo o seu problema de alcoolismo de forma mais profunda. E tudo piora ainda quando Adriana sofre um acidente, por causa de uma discussão com Renan e Nicolau para que ela tivesse um bom relacionamento com Beth. O acidente não é grave, mas através de alguns exames simples, Adriana descobre que tem um cisto renal e, depois, que está gravemente doente. E a Beth nem sequer pode estar com ela, porque Adriana não a quer por perto.
Então, Beth vai se afundando no álcool cada vez mais… assim, quando a doença de Adriana está num estágio grave e ela precisa de um transplante de rim, o Henrique resolve trazer a Jô novamente para ajudar com a filha. E eu me pergunto que ideia foi essa de chamar a praga da Jô de volta? Logo, ela se sente a poderosa, se intrometendo na relação de Beth e Adriana novamente, e complicando, como sempre, ainda mais as coisas entre mãe e filha… além de tudo, Jô ainda se mete na vida amorosa de Adriana. Ela não quer sua enteada envolvida com o Nicolau, porque ele é pobre. E já que a própria Adriana trata mal o policial, porque ele está sempre atrapalhando a relação que ela fantasia um dia ter com Patrick, é fácil para Jô querer enxotar Nicolau da vida de Adriana. Mas ele é insistente, e mesmo que tenha pensado em desistir por sua condição financeira em relação a Adriana, ele volta atrás e persiste em conquistá-la, mesmo com ela o rejeitando de forma humilhante, enquanto ele sempre é um fofo – que garota insuportável.
E isso não é tudo, a Jô ainda vai “exigir” que Clara termine tudo com o Patrick para deixar o caminho livre para Adriana, porque a enteada está num momento frágil e delicado, e o Patrick a faz muito bem. Então, ela consegue fazer com que Clara se sinta culpada por estar amando o homem que a irmã ama a ponto de terminar tudo com Patrick, para que ele se aproxime de Adriana. Uma ideia inútil, porque o Patrick não ama Adriana como mulher, e jamais amará – assunto para um próximo texto. O problema é que Adriana chega num ponto da doença em que se não receber um transplante urgente, só tem um mês de vida. E Beth se desespera com isso. E é claro que ela passa a beber ainda mais. E quando todos se oferecem para doar um rim para Adriana, ela é a única compatível, e fica muito feliz por poder ajudar sua filha… mas essa alegria dura pouco, porque, por conta de seu alcoolismo, Beth não pode ser a doadora, e seu mundo desaba por conta disso… seu princípio de cirrose pode ser fatal. E mesmo com ela não se importando com a própria vida por amor a Adriana, os médicos se recusam a operá-la.
E aqui começam as cenas mais pesadas e intensas de Elizabeth. Ela se descontrola por não ser capaz de salvar Adriana. E há uma cena forte dela quebrando todas as garrafas de bebida da casa. Ela está desesperada – e a atuação de Glória Pires é impactante. Depois, todo seu problema de alcoolismo vem à tona, quando Beth confessa seu vício e todos descobrem que ela não pode doar seu rim para Adriana por conta disso… e não há tempo de ela se tratar e voltar a ter a chance de ser a doadora – “Eu sou alcoólatra!”. E ela se martiriza, porque tinha que ter parado de beber… tinha que ter procurado ajuda. Logo, todos se mobilizam para ajudá-la a parar com o vício. E temos mais cenas fortes da personagem, quando Beth entra em abstinência e surta. Ela implora para que Clara lhe dê bebida, porque “não vai aguentar”. E enquanto Clara e Patrick tentam acalmá-la, Beth está desequilibrada o suficiente para agredir os dois, verbalmente e quase que fisicamente também. Foi uma cena comovente e angustiante que me levou às lágrimas.
Beth chega ao fundo do poço, quando tenta beber o álcool da limpeza e seus perfumes, mas Clara e Patrick a impedem. E todo aquele tremor, as dores que Beth sente no corpo, seus gritos, são muito agoniantes… depois, por Adriana, ela aceita se tratar para se curar do alcoolismo, mesmo com os médicos lhe dando a certeza de que não será possível doar o rim para a filha, porque como eles já haviam lhe explicado inúmeras vezes, ela corre riscos com a cirurgia, e pode até morrer num pós-operatório complicado. Ainda assim, ela não desiste. Porque tem esperança de que conseguirá ficar boa a tempo de salvar Adriana. Mas esse tempo está muito curto, e o desespero dela como mãe me emociona. A Beth está disposta a tudo para salvar a filha que nem a quer por perto, e isso ainda ia ir longe. Eu choro com aquela cena em que ela vai implorar para uma família desconhecida que doe o rim da filha que acabou de falecer, e os pais da garota a expulsam por ela não estar respeitando a dor da família. Enquanto isso, Adriana estava morrendo, e Beth, como mãe, ia jogar com tudo o que tinha em mãos para salvá-la: a própria vida.

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