O Outro Lado do Paraíso – A felicidade de Bruno e Raquel



“RAQUEL, PELO AMOR DE DEUS, PERDÃO”
Vamos começar esse texto com a seguinte pergunta: E SE A NÁDIA NÃO FOSSE AVÓ DE UMA CRIANÇA NEGRA? Agora guarde essa pergunta, reflita, e entenda o porquê dela ao longo do texto. Foram muitos, muitos e muitos capítulos de armações de Nádia e Tônia para separar Bruno e Raquel. E é claro que nós sabíamos que uma hora eles iam ficar juntos e em paz… e até que as coisas se resolveram para eles muito antes do que eu imaginava. Bem, depois que o Bruno resolveu todas as suas questões com a Tônia, ele foi atrás da Raquel, mas era meio que tarde demais, porque ela estava com o Radu – em um relacionamento que sabíamos que ia acabar a qualquer momento, porque ela não o amava como o Bruno, aliás, ela nunca o amou de forma alguma, a não ser como um amigo, talvez. E isso ficou bem claro quando ele a pediu em casamento, e a Raquel teve que ser franca com ele e com ela também… porque tinha a consciência de que ela era mais importante para ele do que ele para ela. Então, o Radu já sabe o motivo: ela nunca deixou de amar o Bruno.
Eles terminam numa boa, sem drama e nem nada do tipo. O Radu é um cara maduro. E embora eu torcesse por Bruno e Raquel, não teve como não sentir pena dele. Porque entrar num relacionamento em que a pessoa ama outro só pode dar nisso: em término. Então, o Bruno aproveita para ir atrás da Raquel novamente, para dizer que a “ama como desde o primeiro dia”, e ele tem esperança de que dessa vez eles vão voltar. Ela não nega que também o ame, mas está decidida a não voltar com ele, porque a Nádia vai sempre estar entre eles com seu preconceito, e o Bruno é manipulado pela mãe. E eles ainda não voltam a ficar juntos. Então, a Nádia ganha uma bela surpresa da vida: um neto negro, o Marquinhos, filho da Karina e do Diego. E gente, é impossível não se encantar com aquela criança linda! Obviamente que no começo é um susto para Nádia ser avó de um bebê negro, mas aos poucos ela vai se deixando levar pelo “intruso”, como ela se referia à criança, e as coisas vão mudando dentro dela em relação ao preconceito…
Mas antes disso, o Bruno vai mais uma vez tentar reatar com a Raquel, achando que agora que a família tem uma criança negra tudo seria mais fácil para Raquel em sua convivência com a Nádia. E eu não entendi muito bem o porquê de ele pensar dessa forma, afinal, a Nádia, até então, também estava rejeitando o neto, e poderia não o aceitar pelo resto da vida. E eu gosto do posicionamento da Raquel quanto aos dois. Ela impõe uma condição para voltar com Bruno: Nádia precisa lhe pedir perdão por seu preconceito, e ainda pedir para que ela se case com ele. Bem, já que eles estavam separados desde aquela armação de Nádia e Tônia, com aquela história de Tônia aparecer do nada para dizer que estava grávida do Bruno, nada mais justo do que Raquel só querer reatar com ele depois que todos os problemas e empecilhos que os impediam de ser felizes tivessem, de fato, se resolvido de uma vez por todas. Porque voltar para ficar sofrendo por causa de preconceito não dava mesmo. E agora o problema era somente a Nádia, já que a Tônia estava fora da vida do Bruno há muito tempo.
Assim, Nádia se apaixona de uma vez por todas por seu neto – “a primeira palavrinha que você vai  aprender a falar é vovó”. É quase inacreditável, não é mesmo? E ela até consegue convencer a Karina de que não será responsável o suficiente para cuidar de seu netinho, e depois que a Karina se separa do Diego, ela deixa o Marquinhos para a Nádia cuidar antes de ir embora para refazer sua vida longe do Tocantins. E isso era tudo o que Nádia mais queria. Por Marquinhos, ela até nega que um dia foi racista – dá pra acreditar? Realmente, é quase inacreditável. Mas Nádia tem a missão mais difícil de sua vida para enfrentar: pedir perdão para Raquel. E àquela altura, o Bruno já havia falado algumas vezes com a mãe sobre ela ter uma conversa reconciliadora com Raquel. E é claro que ela se nega a fazer isso, porque pedir perdão é algo que mexe com o orgulho de qualquer pessoa. E é difícil, para uma pessoa que passou uma vida sendo racista, reconhecer o seu erro. Mas Bruno coloca a mãe contra a parede: ou ela pede perdão para Raquel ou ele vai embora definitivamente de casa.
Então, a Nádia aceita fazer esse sacrifício por ele, por medo de perder o filho para sempre. E a conversa não começa muito bem entre as duas, porque ainda é um costume de Nádia provocar… então, a Raquel pede para que ela se retire de sua casa, e Nádia precisa começar do zero. Eu a entendo, é difícil estar ali pedindo perdão para a pessoa que ela humilhou a vida toda por ser negra, e a verdade é que ela nem sabe por onde começar aquela conversa. Então, ela joga na lata aquele “Raquel, pelo amor de Deus, perdão”. E é um pedido de perdão verdadeiro… Nádia estava sendo sincera. Assim, ela fala sobre estar ali para pedir perdão a Raquel, porque “não aguenta mais ver a tristeza do Bruno”… e também fala sobre seu neto negro, que “nunca podia imaginar que isso pudesse acontecer com ela”, mas que também “nunca podia imaginar que pudesse amar tanto aquela criança”, uma “criaturinha que lhe ensinou uma coisa tão grande”: que “a cor da pele não faz a menor diferença”, porque “é o coração que fala mais alto, sempre”.
Logo, Nádia e Raquel estão emocionadas. É uma cena linda, porque são anos de rivalidade caindo por terra, e o poder do perdão realmente é incrível. E Raquel a perdoa por todas as vezes em que Nádia a maltratou… e tudo fica para trás. E é aqui que vem a minha CRÍTICA ao modo como o roteiro conduziu a mudança da Nádia a respeito do preconceito racial, principalmente quando a personagem diz que “precisou ter um NETO NEGRO para entender a tristeza que é o preconceito”. E eu explico o meu ponto de vista: quer dizer que se a Nádia não tivesse um neto negro, pelo qual ela se encantou perdidamente, ela não ia se conscientizar de que ser preconceituosa é errado? Isso não foi legal. É claro que uma criança tem um poder enorme de mudar um adulto. Mas há uma grande questão: ela precisava ter mudado sua opinião quanto ao racismo não porque se apaixonou pelo neto negro, mas sim porque precisava entender que preconceito racial é errado, é crime, é algo abominável, que cor da pele não faz um ser humano ser superior ao outro, entre tantos outros motivos.
Eu sei que não sou nenhum expert no assunto, mas não achei esse meio pelo qual Nádia se arrependeu de ser preconceituosa muito correto dentro do roteiro. E a novela vinha abordando esse tema desde seus primeiros capítulos, para terminar fazendo uma personagem extremamente racista e preconceituosa só se redimir por conta de uma criança negra. Não foi um bom desfecho para essa trama. Porque nem todo mundo vai se encantar por uma criança para mudar suas convicções a respeito do racismo. E esse é um tema muito delicado para ter tido um desfecho tão negligente assim. Enfim! Bem, depois de tudo, a Raquel ainda não aceita se casar com Bruno, porque já não tem mais certeza de que o ama com antes, porque “todas as vezes que se separaram era por causa de um problema que ele tinha, mas dessa vez era ela quem precisava de um tempo”. E ela ainda acha Bruno muito “fraco” diante da mãe. Mas a Mãe do Quilombo a aconselha a esquecer essa “história de que Bruno é fraco”, e que “são as mulheres que na maioria das vezes são mais fortes”, e ela é “forte pelos dois”.
E o Bruno também tem uma conversa séria, só que com Mercedes. E a vidente lhe diz coisas que o fazem refletir, como ele “não ter agido bem com o seu amor (a Raquel)… e ter sido fraco”. Então, ele fala sobre as armações da mãe no passado, que o “jogou nos braços de outra mulher”. Assim, ele quer saber se a Raquel vai querer ele um dia. E Mercedes lhe diz que ele “tem sorte”, que “tem um coração bom”, que “o bom atrai o bom”, e que “pode acontecer uma coisa muito boa”… e acontece! Raquel deixa suas inseguranças pra trás. E eu adoro a cena em que ela vai fazer uma surpresa para Bruno na delegacia, e, aconselhada por Clara, ela leva um buquê de flores para ele. Então, eles se acertam de vez. O Bruno promete que Nádia nunca mais vai interferir na relação deles, a pede em casamento, a Raquel aceita, e eles se beijam apaixonadamente dizendo que se amam. Era tudo o que eu mais queria ver na novela referente a esses dois, muito mais do que o próprio casamento deles, porque Bruno e Raquel é o casal mais lindo de “O Outro Lado do Paraíso”. É aquele casal que a gente torce pra valer.
O casamento dos personagens é um momento lindo e cheio de representatividade, com todo o Quilombo presente, e o melhor, eles estão com vestes africanas. Para selar a paz com a Nádia, Raquel a convida para ser sua madrinha de casamento junto com o Gustavo. E depois da cerimônia, a Nádia faz um discurso lindo sobre racismo e preconceito, confessando que “era racista; que se desesperou quando o Bruno se apaixonou por Raquel; que fez de tudo para separá-los por ela ser negra; e que anos depois, quando ela reapareceu como juíza, ao invés de admirá-la, fez de tudo para que eles não se reaproximassem, mesmo sabendo que eles se amavam, e que Bruno só seria feliz ao lado dela”. Então, ela pede perdão mais uma vez, diz que sente muito, e fala do ensinamento poderoso que Deus a enviou, seu neto Marquinhos. E ela declara o seu amor por ele, dizendo que o ama e que é apaixonada por ele. E Nádia diz com muito orgulho que ele é afrodescendente”, e que “dentro desse estado de amor, descobriu que são iguais, e que não existe essa diferença de raça, porque todos são da raça humana”.


“A cor da pele não pode fazer tanta diferença assim. Todos merecemos o mesmo respeito, as mesmas oportunidades e os mesmos direitos”.
Assim, Bruno e Raquel vencem todas as dificuldades impostas a eles por conta do preconceito, da discriminação e do racismo – e aquelas em que a Tônia esteve metida também. E agora eles podem ser Felizes Para Sempre. E eles estão muito felizes. Finalmente, o casal mais amado da novela – em minha opinião, é claro – conquista o seu tão esperado FINAL FELIZ. Eu vou sentir muitas saudades desses dois! (S2).

Para mais postagens de O Outro Lado do Paraíso, clique aqui.

Comentários